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15/03/2004 - 06h57

São Luís desperta admiração e tristeza

CAROLINA FARIAS
da Folha de S.Paulo, no Maranhão

Um dos maiores conjuntos de arquitetura colonial do Brasil, o centro histórico de São Luís sofrerá neste ano modificações no tamanho da área tombada pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

Carolina Farias/Folha Imagem

Cabanas de pescadores abandonadas em Cabaré estão localizadas entre o mar e o rio Preguiças


A área considerada como patrimônio nacional pelo instituto será ampliada para se igualar ao perímetro considerado pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) em 1996 como Patrimônio Cultural da Humanidade.

Em 1975, o Iphan tombou uma área que abriga mil prédios em 60 hectares. Com a ratificação do instituto, esse perímetro tombado será modificado para 75 hectares, com 1.100 edificações, idêntico ao conjunto titulado pela Unesco.

"O Iphan não pode ter uma área tombada diferente do que foi considerado Patrimônio Cultural da Humanidade de acordo com normas da Unesco, que concede esse título para proteger e estimular o poder público a fazer alguma coisa por esse patrimônio", explica o arquiteto Luiz Phelipe Andrès, um dos coordenadores da revitalização do centro histórico.

Além da importância histórica, cultural e arquitetônica da região, um dos principais fatores levados em consideração pela Unesco para tombar a área foi a conservação de boa parte do traçado das ruas elaborado pelos holandeses em 1641, quando a ilha era regida por Maurício de Nassau (1604-1679).

As principais ruas do centro histórico (Grande, da Estrela e do Giz) foram traçadas naquela época. "Quando fez o tombamento de parte do centro, o Iphan teve receio de tombar um conjunto maior porque não teria estrutura para fiscalizá-lo", afirma Andrès.

Toda a área do centro histórico, cerca de 270 hectares, abriga 5.500 prédios, todos tombados pelo Estado em 1986.

No entanto, mesmo sendo tombado em três instâncias, o conjunto não está totalmente protegido. Passear pelas ruas, escadarias e becos estreitos da região no bairro da Praia Grande, que concentra o maior número de casarões do centro histórico, leva o turista a um misto de admiração e tristeza. Uma aula sobre o apogeu e a decadência do Maranhão.

Não é difícil encontrar uma dessas vias com quase todos os sobrados deteriorados. É comum ver mato, limo, vidros quebrados ou faltando, fachadas nas quais fica difícil identificar até mesmo a cor das paredes.

Em alguns casarões a vista do lado externo da janela é do céu ou de matagal.

Boa parte dessas edificações também acabou sendo ocupada por famílias de sem-teto ou mesmo comunidades de hippies. Em uma volta por qualquer quarteirão, é fácil observar varais de roupas nas sacadas dos casarões, que, entre os séculos 18 e 19, serviram como observatórios do cotidiano da cidade para os ricos comerciantes e fazendeiros.

"O Estado é proprietário de somente 10% dessas edificações. Esses prédios podem ser restaurados pelo poder público, o que está sendo feito desde 1979. Quanto ao restante, não podemos fazer nenhuma intervenção", diz Andrès.

Atualmente, estima-se que cerca de cem prédios estejam prestes a desabar. "Sabemos que o Ministério Público está procurando os proprietários desses casarões e tentando fazer com que arquem com a responsabilidade pelo imóvel, com o agravante de que os prédios têm valor histórico."

Além de restaurar e dar uso aos prédios de propriedade do Estado, o Prodetur criou em 1979 o Projeto Praia Grande, que tem como objetivo estimular os proprietários dos imóveis deteriorados a recuperá-los.

Esse estímulo consistiu em criar condições para o comércio se instalar na região, melhorando as ruas e proibindo a circulação de veículos em parte delas. Instalou-se iluminação sem fios, valorizaram-se as fachadas, fez-se o sistema de saneamento e criaram-se programas de recuperação de imóveis antigos com o objetivo de gerar moradias populares para funcionários do Estado.

Tais modificações no perfil do centro histórico foram conseguidas graças também a uma verba de US$ 22 milhões liberada pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) no ano 2000. Do total, US$ 12 milhões foram empregados no projeto. "Com infra-estrutura na área, o investidor do setor privado se sente atraído. Surgiram, desde então, pousadas, hotéis e agências de turismo", comemora Andrès.

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