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24/05/2004 - 05h17

Sevilha em cena: Enredos evidenciam sevilhanos autênticos

do enviado especial da Folha de S.Paulo a Sevilha

Existe uma Sevilha de verdade, que tem pouco a ver com uma outra Sevilha, perfeitamente imaginária e bem mais exótica, libertina e permissiva. A Sevilha de mentira está presente numa profusão de enredos teatrais. Que por sua vez deram lugar a pelo menos cinco óperas que estão entre as mais apreciadas e interpretadas no repertório.

Há obviamente "Carmen", de Bizet. Seus libretistas, Henri Meilhac e Ludovic Halévy, basearam-se em uma peça do francês Prosper Merimée (1803-1870), que, além de dramaturgo, foi historiador e arqueólogo. Sua sevilhana "Carmen" foi escrita em 1845, e Merimée morreu bem antes que a ópera fosse escrita ou estreada.

Um outro francês, Jean-Nicolas Bouilly (1763-1842), viajou imaginariamente a Sevilha e escreveu a peça "Leonora" (1798). A partir dela os dramaturgos alemães Georg e Joseph Sonnleithner escreveram o libreto da única ópera de Ludwig van Beethoven. Trata-se de "Fidélio", estreada em 1814 e que conta a história de Florestan, um aristocrata sevilhano e um patriota perseguido por razões políticas. Ele é libertado com o auxílio de sua mulher, chamada Leonora.

A peça de Bouilly inspirou ao menos três outras óperas, todas elas absolutamente esquecidas.

Um outro dramaturgo francês é Pierre-Augustin Caron de Beamarchais (1732-1799). Foi alguém de imensa notoriedade em razão de um personagem burlesco que criou para duas de suas mais conhecidas comédias. Trata-se do barbeiro Fígaro, mais uma vez um autêntico sevilhano.

"O Barbeiro de Sevilha" (1775) inspirou uma ópera homônima, de Gioacchino Rossini, estreada em 1816, com libreto de Cesare Sterbini. A segunda peça em que o barbeiro aparece, "As Bodas de Fígaro" (1784), foi retrabalhada pelo grande libretista italiano Lorenzo da Ponte e se tornou uma obra-prima pelas mãos de Wolfgang Amadeus Mozart, com estréia em Viena, em 1786.

Fígaro é um sevilhano astuto, que sabe tirar partido das fraquezas alheias e tem a sorte de sempre tomar partido daqueles que têm razão. Em Rossini, ele se alia ao conde de Almaviva para tirar a jovem Rosina das mãos de um velho tutor que planeja se casar com ela. Em Mozart, o conde de Almaviva já se tornara um pérfido, que conspira para levar para a cama a linda Suzana, justamente a noiva do barbeiro. Fígaro afronta o patrão e acaba levando a melhor.

Nesse conjunto de compositores, dramaturgos e personagens há um único sevilhano imaginado por um espanhol de verdade. Trata-se do madrileno Tirso de Molina, pseudônimo de Gabriel Téllez (1584-1648), que em 1630 publicou "O Burlador de Sevilha", ou simplesmente "Don Juan".

É um personagem denso. Deu lugar a expressões como "donjuanismo" e ainda é o maior sedutor na história da ficção. Só na Espanha Don Juan levou para a cama 1.003 mulheres. A série é interrompida quando a alma do Comendador, a quem ele assassina ao tentar seduzir a filha, convida-o para uma ceia, ao fim da qual se recusa ao arrependimento e é enviado às profundezas do inferno.

Mozart o imortalizou em "Don Giovanni", também com roteiro de Da Ponte e estréia em Praga, em 1787.

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