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14/06/2004
-
06h54
Os contos de fadas de princesas aprisionadas em torres sombrias poderiam ser todos ambientados em Schaffhausen. Tudo está ali: a torre no alto do morro, o jardim escondido que testemunhou o amor proibido responsável pela ida da princesa à prisão da torre, as ruas tortas com janelas fofoqueiras em casas medievais.
Repare: casas medievais e não no estilo medieval. Schaffhausen impressiona pelo estado de conservação de seu centro histórico. As casas são de um tempo em que, em vez de números, eram identificadas por nomes.
Embora estejam em alemão, os guias os decifram: "fonte de alegria", "canto doce". Essas são algumas alcunhas que valiam como endereço. Dessas casas, 170 têm as chamadas "oriel windows", tipo de janela instalada no primeiro andar dos prédios e que se projeta para a parte externa do edifício, geralmente protegida por vidros. Elas carregam símbolos que diziam tudo sobre o morador.
Conhecer Schaffhausen exige apenas disposição para andar em subidas e descidas. As subidas levam ao Munot, um forte construído entre 1564 e 1589 sobre uma colina com o objetivo de abrigar sentinelas a observar o Reno e impedir invasões à cidade.
Em volta do forte, há até uma espécie de vala. Com um pouco de imaginação, os veadinhos que por ali pastam somem para dar lugar ao poço cheio de feras e à ponte-elevadiça que, na verdade, não há.
O térreo do forte fica aberto. Ao cruzar o enorme batente de pedra, a impressão é de ser sugado para o subterrâneo. Escuro, o lugar tem o teto disforme do qual brotam parcos pontos de luz. Ao observá-los, percebe-se que são túneis que saem do teto do térreo e chegam ao topo do prédio, por onde entram os raios de sol.
Claustrófobos e medrosos pensam logo na saída. O passeio dura pouco, e, ao voltar à luz, dá-se de cara com um pequeno jardim com diferentes espécies de flores --são dezenas de tipos de rosa, por exemplo--, uma fonte e bancos que, ainda por cima, oferecem uma vista panorâmica da cidade. Emcimado por seu enorme sino, o imponente relógio da catedral na cidade, erguida no século 11, sobrepõe-se à confusão de telhados do centro histórico, chamado pelos locais de "Alstadt".
Para descer da colina é preciso bom humor. Muitas placas indicam descidas, mas, no meio do caminho, descobre-se que algumas delas acabam sem mais nem menos no meio do quintal de uma casa. E toca a subir e tentar outra descida. Utilize a que sai do lado direito do forte. Essa vai até o fim.
Às terças e aos sábados, a rua Vordergasse abriga uma feira. Ali vendem-se plantas, verduras e aspargos. Na primavera a cidade poderia ser apelidada de "aspargolândia". Os menus dos restaurantes são tomados pelo vegetal, e a feira dos produtores, por maços de aspargos verdes e brancos.
Na número 13 da Understadt, fica a sorveteria El Bertin Glace, cujos sabores estão listados numa placa na rua. Sem hesitar, entre, peça o de iogurte e vá para a beira do rio. Ali, sentado, tomando seu sorvete, você resumirá o espírito dessa cidade que se apresenta assim, sem pressa.
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Repare: casas medievais e não no estilo medieval. Schaffhausen impressiona pelo estado de conservação de seu centro histórico. As casas são de um tempo em que, em vez de números, eram identificadas por nomes.
Embora estejam em alemão, os guias os decifram: "fonte de alegria", "canto doce". Essas são algumas alcunhas que valiam como endereço. Dessas casas, 170 têm as chamadas "oriel windows", tipo de janela instalada no primeiro andar dos prédios e que se projeta para a parte externa do edifício, geralmente protegida por vidros. Elas carregam símbolos que diziam tudo sobre o morador.
Conhecer Schaffhausen exige apenas disposição para andar em subidas e descidas. As subidas levam ao Munot, um forte construído entre 1564 e 1589 sobre uma colina com o objetivo de abrigar sentinelas a observar o Reno e impedir invasões à cidade.
Em volta do forte, há até uma espécie de vala. Com um pouco de imaginação, os veadinhos que por ali pastam somem para dar lugar ao poço cheio de feras e à ponte-elevadiça que, na verdade, não há.
O térreo do forte fica aberto. Ao cruzar o enorme batente de pedra, a impressão é de ser sugado para o subterrâneo. Escuro, o lugar tem o teto disforme do qual brotam parcos pontos de luz. Ao observá-los, percebe-se que são túneis que saem do teto do térreo e chegam ao topo do prédio, por onde entram os raios de sol.
Claustrófobos e medrosos pensam logo na saída. O passeio dura pouco, e, ao voltar à luz, dá-se de cara com um pequeno jardim com diferentes espécies de flores --são dezenas de tipos de rosa, por exemplo--, uma fonte e bancos que, ainda por cima, oferecem uma vista panorâmica da cidade. Emcimado por seu enorme sino, o imponente relógio da catedral na cidade, erguida no século 11, sobrepõe-se à confusão de telhados do centro histórico, chamado pelos locais de "Alstadt".
Para descer da colina é preciso bom humor. Muitas placas indicam descidas, mas, no meio do caminho, descobre-se que algumas delas acabam sem mais nem menos no meio do quintal de uma casa. E toca a subir e tentar outra descida. Utilize a que sai do lado direito do forte. Essa vai até o fim.
Às terças e aos sábados, a rua Vordergasse abriga uma feira. Ali vendem-se plantas, verduras e aspargos. Na primavera a cidade poderia ser apelidada de "aspargolândia". Os menus dos restaurantes são tomados pelo vegetal, e a feira dos produtores, por maços de aspargos verdes e brancos.
Na número 13 da Understadt, fica a sorveteria El Bertin Glace, cujos sabores estão listados numa placa na rua. Sem hesitar, entre, peça o de iogurte e vá para a beira do rio. Ali, sentado, tomando seu sorvete, você resumirá o espírito dessa cidade que se apresenta assim, sem pressa.
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