Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
14/06/2004 - 10h41

Golfe chega a Trancoso, ex-reduto hippie

PEDRO IVO DUBRA
Enviado especial a Trancoso (BA)

Os hippies que nos anos 70 descobriram Trancoso hoje levariam um susto caso não houvessem virado yuppies. O esporte menos bicho-grilo do mundo, o golfe, acaba de chegar à praia do distrito que integra o município de Porto Seguro, na região sul da Bahia.

Tacos, bolinhas e buracos encontram pouso no Terravista, um condomínio que intenta reunir num mesmo território, sem que um interfira no funcionamento do outro, hotéis, lotes residenciais e serviços. Desde o primeiro dia deste mês, um campo com 18 orifícios, driving range (a área para treinos e aulas) e extensão de 700 mil metros quadrados se encontra aberto ao público no local. As partidas nele disputadas duram de cinco a seis horas.

Numa falésia --rocha alta e íngreme à beira-mar-- de 40 metros, está encravado o seu buraco mais bonito, de número 14. Brinca-se que o arquiteto norte-americano Dan Blankenship, autor dos campos Comandatuba Ocean Course (também no sul da Bahia) e Quinta da Baroneza (Bragança Paulista), entre outros, primeiro projetou o buraco e a sua casa (que tem vista para ele) para só então pensar no resto do desenho.

O Terravista Golf Course puxa o empreendimento como um todo, capitaneado pelo alemão naturalizado brasileiro Michael Rumpf-Gail. Desde os anos 1980 no Brasil, onde é dono de uma indústria de cerâmica, ele possuía uma casa no litoral norte de São Paulo, que diz ter abandonado por causa das chuvas. Em busca de plagas mais solares, percorreu a costa brasileira de Vitória a Fortaleza até optar por Trancoso, onde adquiriu na década de 1990 os terrenos da empreitada. São seus sócios o empresário e ex-hippie Carlos Eduardo Regis Bittencourt e o construtor Romeu Chap Chap.

Até três anos atrás, Rumpf-Gail considerava o golfe um "esporte para chatos e velhos". Foi, porém, convencido de que o jogo tinha potencial para alavancar o projeto, de que tem crescido bastante a prática no Brasil e no mundo, de que empresas hoteleiras têm nela depositado as fichas. Buscou então a consultoria de dom Eudes de Orleans e Bragança, ex-presidente da Confederação Brasileira de Golfe. Hoje é adepto das tacadas.

Fez sol no dia da inauguração da área, que ainda tinha trechos inacabados, repletos de homens trabalhando, e, nos dois seguintes, lembrando os tempos paulistas do industrial, muito choveu, o que fez com que o torneio inicial fosse realizado pela metade, com apenas uma volta de nove buracos. O campo, segundo especialistas que o percorreram com a Folha, guarda passagens exigentes, que demandam muita técnica.

Além do membro da casa imperial brasileira, estavam por lá o senador e ex-governador da Bahia César Borges (PFL), integrantes da família Diniz, do Pão de Açúcar, o publicitário Nelson Biondi, o arquiteto Roberto Bratke e outros convidados. O ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, praticante do esporte, cancelou a ida em virtude das borrascas.

Topografia

Na construção do campo, pretendeu-se respeitar a topografia do terreno. "Em muitos casos, vêm os tratores e mudam tudo", alfineta Michael Rumpf-Gail. O empresário espera do investimento um lento retorno. "É muito a longo prazo. Talvez 20 anos, talvez 30." Em relação ao condomínio como um todo, estima um prazo de seis a dez anos.

Na área do Terravista, além do espaço para o esporte fino, funciona desde 2002 a unidade mais requintada do Club Med no país.

A rede de resorts surgiu na França em 1950 e está há 25 anos no Brasil. Com 250 apartamentos (os outros brasileiros --em Itaparica, na Bahia, e na costa sul do Rio de Janeiro-- têm mais 80 acomodações) e um spa, o clube está localizado também no alto de uma falésia. Cerca de 200 degraus separam o Med da praia de Taípe. Um "footing" praiano de oito quilômetros leva a Arraial d'Ajuda.

Outros empreendimentos hoteleiros estão programados para os próximos meses no Terravista. O investimento global chega a US$ 90 milhões. Até agora, foram despendidos US$ 35 milhões.

Trancoso foi fundada em 1586 por jesuítas. Tem como principal atrativo a praça do Quadrado, com seu artesanato, a 6 km do campo de golfe. O endereço encerra um casario colorido. Há por ali uma igreja colonial de 1656.

Pedro Ivo Dubra viajou a convite de Terravista Empreendimentos.

Leia mais
  • Prática do golfe estimula turismo diferenciado no Brasil
  • Área de campo de golfe de Trancoso escondia culturas indígenas
  • Condomínio baiano planeja novos hotéis

    Especial
  • Arquivo: veja o que já foi publicado sobre Trancoso
  •  

    Sobre a Folha | Expediente | Fale Conosco | Mapa do Site | Ombudsman | Erramos | Atendimento ao Assinante
    ClubeFolha | PubliFolha | Banco de Dados | Datafolha | FolhaPress | Treinamento | Folha Memória | Trabalhe na Folha | Publicidade

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade