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20/06/2004
-
13h32
da Revista da Folha
Que tal escalar um vulcão ativo, após cavalgar por horas sobre campos de lava, em companhia de índios que mal falam o espanhol? Loucura? Pois para os turistas que sobem o famoso Paricutín é pura diversão.
Os primeiros passos sobre a cinza negra e fumegante do cone principal do vulcão indicam que a cratera está próxima. Para chegar ao cume e observar a lava incandescente borbulhando no interior da montanha, ainda é preciso caminhar uma hora, em ritmo lento, pelo acentuado aclive.
Parece o início de uma grande aventura. Mas quem chega até ali já enfrentou quatro horas de cavalgada, com muita adrenalina, uma pitada de risco e muita diversão. A escalada desse vulcão ativo no interior do México começa no "pueblo" indígena de Angahuan, a 400 km da capital. Ali desembarcam os turistas que chegam de ônibus da cidade mais próxima, Uruapan.
Antes mesmo que consigam retirar suas bagagens, os viajantes são rodeados por dezenas de jovens descendentes de índios purepecha, que se acotovelam oferecendo seus cavalos malnutridos, em um espanhol arranhado e quase incompreensível. Por cerca de US$ 35 por pessoa, os índios organizam comboios de animais, que partem quase diariamente de uma pastagem ainda muito verde em direção aos campos de lava negra no sopé do Paricutín.
Após uma hora cavalgando, a paisagem muda completamente. Os cavalos diminuem o ritmo da jornada, e a viagem segue sobre a lava endurecida até a base do gigante. A jornada termina no início do cone de cinzas, que mais parecem a areia fofa de uma duna. Dali em diante só é possível seguir a pé. As paisagens lunares do caminho impressionam até os mais experientes aventureiros e contam a história desse vulcão jovem, que não existia até os anos 40.
Os primeiros sinais de sua atividade foram sentidos por agricultores locais em 1943. Assustados, os camponeses observaram a terra tremer enquanto o solo dos milharais expelia vapor d'água, faíscas e cinza quente. Após um ano de intensa atividade, os camponeses se viram forçados a abandonar o local. No ano seguinte, o vulcão havia se erguido 400 metros acima do chão e expelia lava constantemente, ameaçando os povoados indígenas.
Ininterrupto até 1952, o magma derramado engoliu dois vilarejos dos índios purepecha, suas casas e plantações. Ninguém se feriu, graças ao ritmo lento do fluxo de lava. O surgimento da montanha impressionou tanto os mexicanos que chegou a ser retratado por seus maiores artistas, Frida Kahlo e Diego Rivera, contemporâneos do evento geológico.
O Paricutín juntou-se então à cordilheira que abriga alguns dos vulcões mais temidos do mundo, incluindo o imponente Popocatepetl, que amedronta mais de 20 milhões de habitantes da cidade do México e arredores com o risco constante de erupção. Sob "alerta laranja", apenas um grau antes do alerta vermelho que exige a evacuação de toda a área em um raio de 100 km, os riscos aumentam e a subida do vulcão é proibida.
Quem consegue chegar ao cume ainda pode passear por uma hora percorrendo toda a borda da cratera, pisando cuidadosamente sobre as cinza negras e fumegantes depositadas na última erupção. Nesse trajeto, o viajante avista o fundo da cratera, onde a lava aparece em meio a um fluxo constante de fumarola tóxica (é preciso ter cuidado e evitar sua inalação).
Na volta, as ruínas da pequena capela de San Juan de Paricutiro se destacam na paisagem como uma lembrança da fúria do gigante incandescente. Dali, onde tantos rezaram em vão tentando acalmar a montanha, restou apenas uma visão divina do Paricutín.
Onde fica
A 32 km da cidade de Uruapan (capital do abacate no México), distante 430 km ao noroeste da Cidade do México
Melhor época
A região é muito seca e quente, possibilitando a escalada durante o ano todo. No verão, de junho a agosto, as temperaturas sobem, e a chance de chuva aumenta, o que torna a escalada mais sofrida
Câmbio
US$ 1 equivale a cerca de 10 pesos mexicanos
O que levar
Muita água (não há no caminho), câmera com muitos filmes (ou cartões de memória), calça jeans, chapéu, protetor solar, lanchinhos, botas de trekking
Não perca
No caminho de volta, uma visita às ruínas da extinta vila de San Juan de Paricutiro, soterrada pela lava em 1943
Fuja
Corra da cratera se houver qualquer sinal de tempestade quando você alcançar o topo. Como qualquer cume de montanha, a cratera do Paricutín é ponto de descargas elétricas
Quem leva
Não há pacotes montados para esse destino. Passagens aéreas para a capital, Cidade do México, a partir de US$ 1.024 (ida e volta), pela AeroMexico (tel. 3253-3888). Pela Varig (tel. 5091-7000), o preço é de US$ 1.138.
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Escalar vulcão ativo no México é só o início da aventura
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Escalar vulcão ativo no México é só o início da aventura
CAIO VILELAda Revista da Folha
Que tal escalar um vulcão ativo, após cavalgar por horas sobre campos de lava, em companhia de índios que mal falam o espanhol? Loucura? Pois para os turistas que sobem o famoso Paricutín é pura diversão.
Os primeiros passos sobre a cinza negra e fumegante do cone principal do vulcão indicam que a cratera está próxima. Para chegar ao cume e observar a lava incandescente borbulhando no interior da montanha, ainda é preciso caminhar uma hora, em ritmo lento, pelo acentuado aclive.
Parece o início de uma grande aventura. Mas quem chega até ali já enfrentou quatro horas de cavalgada, com muita adrenalina, uma pitada de risco e muita diversão. A escalada desse vulcão ativo no interior do México começa no "pueblo" indígena de Angahuan, a 400 km da capital. Ali desembarcam os turistas que chegam de ônibus da cidade mais próxima, Uruapan.
Antes mesmo que consigam retirar suas bagagens, os viajantes são rodeados por dezenas de jovens descendentes de índios purepecha, que se acotovelam oferecendo seus cavalos malnutridos, em um espanhol arranhado e quase incompreensível. Por cerca de US$ 35 por pessoa, os índios organizam comboios de animais, que partem quase diariamente de uma pastagem ainda muito verde em direção aos campos de lava negra no sopé do Paricutín.
Após uma hora cavalgando, a paisagem muda completamente. Os cavalos diminuem o ritmo da jornada, e a viagem segue sobre a lava endurecida até a base do gigante. A jornada termina no início do cone de cinzas, que mais parecem a areia fofa de uma duna. Dali em diante só é possível seguir a pé. As paisagens lunares do caminho impressionam até os mais experientes aventureiros e contam a história desse vulcão jovem, que não existia até os anos 40.
Os primeiros sinais de sua atividade foram sentidos por agricultores locais em 1943. Assustados, os camponeses observaram a terra tremer enquanto o solo dos milharais expelia vapor d'água, faíscas e cinza quente. Após um ano de intensa atividade, os camponeses se viram forçados a abandonar o local. No ano seguinte, o vulcão havia se erguido 400 metros acima do chão e expelia lava constantemente, ameaçando os povoados indígenas.
Ininterrupto até 1952, o magma derramado engoliu dois vilarejos dos índios purepecha, suas casas e plantações. Ninguém se feriu, graças ao ritmo lento do fluxo de lava. O surgimento da montanha impressionou tanto os mexicanos que chegou a ser retratado por seus maiores artistas, Frida Kahlo e Diego Rivera, contemporâneos do evento geológico.
O Paricutín juntou-se então à cordilheira que abriga alguns dos vulcões mais temidos do mundo, incluindo o imponente Popocatepetl, que amedronta mais de 20 milhões de habitantes da cidade do México e arredores com o risco constante de erupção. Sob "alerta laranja", apenas um grau antes do alerta vermelho que exige a evacuação de toda a área em um raio de 100 km, os riscos aumentam e a subida do vulcão é proibida.
Quem consegue chegar ao cume ainda pode passear por uma hora percorrendo toda a borda da cratera, pisando cuidadosamente sobre as cinza negras e fumegantes depositadas na última erupção. Nesse trajeto, o viajante avista o fundo da cratera, onde a lava aparece em meio a um fluxo constante de fumarola tóxica (é preciso ter cuidado e evitar sua inalação).
Na volta, as ruínas da pequena capela de San Juan de Paricutiro se destacam na paisagem como uma lembrança da fúria do gigante incandescente. Dali, onde tantos rezaram em vão tentando acalmar a montanha, restou apenas uma visão divina do Paricutín.
Onde fica
A 32 km da cidade de Uruapan (capital do abacate no México), distante 430 km ao noroeste da Cidade do México
Melhor época
A região é muito seca e quente, possibilitando a escalada durante o ano todo. No verão, de junho a agosto, as temperaturas sobem, e a chance de chuva aumenta, o que torna a escalada mais sofrida
Câmbio
US$ 1 equivale a cerca de 10 pesos mexicanos
O que levar
Muita água (não há no caminho), câmera com muitos filmes (ou cartões de memória), calça jeans, chapéu, protetor solar, lanchinhos, botas de trekking
Não perca
No caminho de volta, uma visita às ruínas da extinta vila de San Juan de Paricutiro, soterrada pela lava em 1943
Fuja
Corra da cratera se houver qualquer sinal de tempestade quando você alcançar o topo. Como qualquer cume de montanha, a cratera do Paricutín é ponto de descargas elétricas
Quem leva
Não há pacotes montados para esse destino. Passagens aéreas para a capital, Cidade do México, a partir de US$ 1.024 (ida e volta), pela AeroMexico (tel. 3253-3888). Pela Varig (tel. 5091-7000), o preço é de US$ 1.138.
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