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20/08/2008 - 15h21

Terra dos Beatles, Liverpool é capital cultural européia

LINO BOCCHINI
da Revista da Folha

Não tem jeito. Mais de 600 mil turistas baixaram em Liverpool em 2006 em busca da atmosfera que inspirou John, Paul, Ringo e George a formarem o mais famoso grupo de rock da história. Mas a cidade tem mais a oferecer do que a memória do quarteto.

Lá, fica, por exemplo, a Tate Liverpool, filial da galeria londrina. Aberta no final da década de 1980, a Tate local é um forte exemplo de que uma visita à cidade é marcante não apenas pela banda. A galeria, além de clássicos como Matisse, Picasso e Salvador Dalí, costuma organizar mostras de importantes nomes de arte contemporânea, como Damien Hirst e Peter Blake.

Divulgação
Maritime Museum e Liver Building (ao fundo, com o relógio na torre), vistos de Albert Dock na famosa cidade britânica de Liverpool
Maritime Museum e Liver Building (ao fundo, com o relógio na torre), vistos de Albert Dock na famosa cidade britânica de Liverpool

A cidade vive um momento especial em sua história. Completou 800 anos em 2007 e é a capital cultural do continente. A União Européia nomeia a cada ano duas cidades para a honraria. Em 2008, são Liverpool e a norueguesa Stavanger.

Liverpool preparou-se com esmero: boa parte do que existe foi reformado ou ampliado, como o pórtico de Chinatown ou o Beatles Story, principal museu sobre o grupo. Por lá, os famosos óculos redondos de John Lennon e a guitarra de Paul McCartney ganham a companhia de novas salas temáticas.

Tanto o museu do grupo, que trouxe fama à cidade, quanto a Tate ficam em Albert Dock. Ali começa a visita.

Os antigos armazéns, de 1846, hoje estão totalmente recuperados e são tombados pela Unesco. As construções abrigam cafés, lojas, restaurantes e o Merseyside Maritime Museum --repleto de miniaturas, como a do Titanic, perfeito para crianças.

De Albert Dock saem ainda os principais tours da cidade, como o Yellow Duckmarine, feito a bordo de um veículo anfíbio (o passeio começa na água e termina nas ruas) e o Magical Mistery Tour, que passa por todos os principais pontos relacionados aos Beatles: a casa onde nasceu cada um deles, Strawberry Fields, Penny Lane e termina com uma "pint" no Cavern Club.

Arte

É curioso, mesmo que Penny Lane seja apenas uma rua comum e, Strawberry Fields, um jardinzinho fechado. Os guias são bem-humorados e bastante informados e, durante o trajeto, a música varia de acordo com a atração.

Saindo das docas, ainda na zona portuária, outras preciosidades vão aparecendo. É o caso do imponente Royal Liver Building, com 90 m e um jeitão de Gothan City. Seus dois relógios são maiores do que os do próprio Big Ben.

Datado do começo do século passado, o Liver convive harmoniosamente com edifícios modernos do outro lado da rua. A mistura é fruto da vigorosa reconstrução pós-bombardeios da Segunda Guerra, que destruíram boa parte do centro.

O que não foi posto abaixo está cuidadosamente preservado. É o caso do conjunto arquitetônico de Victoria Street, um excelente caminho para continuar o passeio, saindo das docas rumo ao centro. Ao fim da rua, a Liverpool Cathedral se impõe. Gótica, é a maior igreja da Inglaterra e a maior catedral anglicana do mundo. Inaugurada em 1924, demorou a ficar pronta por conta da Primeira Guerra.

No interior, um órgão com quase 10 mil tubos em operação, um enorme altar recheado de detalhes bíblicos, sinos gigantescos que podem ser vistos durante a subida à torre, vitrais seculares e esculturas e imagens em madeira. A torre principal, de 101 metros, é aberta ao público e oferece a mais completa vista da cidade.

Banheiro tombado

Para entender o espírito da cidade, é preciso também entrar em campo. A despeito de ser a terra do badalado Liverpool FC, time inglês com mais títulos na história (18 campeonatos nacionais e cinco Ligas dos Campeões da Uefa), por lá a torcida é dividida entre "reds" (Liverpool FC) e "blues" (Everton FC). É uma paixão que em muito lembra a brasileira e faz parte da atmosfera da cidade tanto quanto os Beatles, a garoa insistente ou as gaivotas, que sobrevoam as ruas mesmo de madrugada.

Divulgação
Show no lendário Cavern Club, local em que os Beatles tocaram mais de 200 vezes no início da carreira da banda britânica
Show no lendário Cavern Club, local em que os Beatles tocaram mais de 200 vezes no início da carreira da banda britânica

O estádio Merseyside Derby --clássico entre os times-- é um dos mais antigos do mundo, onde as equipes já se enfrentavam no final do século 19. Com tanta história, vale uma tarde de visita aos estádios. O moderno Anfield, do Liverpool, fica em uma via estreita e tem um belo vestiário e gramado abertos à visitação, museu recheado de troféus, fotos, camisetas e demais objetos históricos e uma grande loja de suvenires.

Mais modesto, o Goodison Park, casa do Everton, agrada a quem busca fugir do óbvio. Não tem museu, mas também é aberto ao público e conta com uma boa loja. Ambos ficam ao norte da cidade e são facilmente alcançados de ônibus.

Depois de bater perna de dia, é hora de conhecer uma das cenas noturnas mais variadas do Reino Unido. Como toda cidade inglesa, Liverpool está cheia de pubs. Tente primeiro o Philarmonic Pub, antigo clube de cavalheiros inaugurado em 1898, com diversos salões e decoração clássica, cheia de detalhes em madeira, lustres e grandes sofás. Sua maior atração é o banheiro masculino (isso mesmo), com mictórios em mármore rosado, paredes revestidas de mosaicos de pastilhas, espelhos antigos e a mesma atmosfera dos salões do estabelecimento. Único banheiro listado como patrimônio a ser preservado pelo governo inglês, é visitado inclusive pelas mulheres. Em Liverpool, até a latrina é pop.

Para quem: além de ser um prato cheio para quem gosta de rock e pop inglês, também é um bom destino para os fãs do clima, cultura e arquitetura britânicos

Quando ir: entre maio e setembro, quando os dias são mais longos e a chance de sol é maior

Dica: vá de trem de Londres a Liverpool; há diferentes opções de horários, partindo da estação de Euston, chegando em Lime St. Station, no centro de Liverpool

Para saber mais: www.liverpoolO8.com, sobre Liverpool como capital cultural da Europa em 2008; www.visitliverpool.com, informações da região; www.visitbritain.com.br; sobre a cidade, em português

Lino Bocchini viajou a convite do Visit Britain.

Reportagem publicada pela Revista da Folha em 9 de setembro de 2007.

 

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