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28/06/2004
-
03h29
A África do Sul é a pátria das ultramaratonas, corridas que vão além da distância da maratona. Há provas de 50 quilômetros, de cem quilômetros, de 50 e cem milhas, de um ou vários dias. Mas a mais famosa e populosa do mundo é a Comrades, cuja mais recente edição foi há duas semanas.
Neste ano, a corrida de 89 quilômetros, que teve cerca de 11 mil participantes, saiu de Durban, na costa leste, subindo montanhas até Pietermaritzburg. Nos anos ímpares, o percurso é feito no sentido inverso --em ambos, o atleta tem de terminar a prova em até 12 horas ou não ganha medalha.
Quem deseja tentar a sorte no terreno que ultrapassa os 42.195 metros encontra opções menos cansativas que a Comrades, mas igualmente disputadas em magnífico terreno.
Dois oceanos
A Maratona Dois Oceanos é o melhor exemplo de combinação de desafio com cenário esplendoroso. Nos seus 56 quilômetros, que servem de porta de entrada ao universo ultramaratonístico, os corredores passam ao lado do oceano Índico e sobem montanhas do sul da África para vislumbrar, ao longe, o Atlântico --são os dois oceanos a que se refere o nome da prova.
A base é a Cidade do Cabo, de onde, ainda de madrugada, com céu escuro, os corredores se alinham para a partida. O tiro dispara antes de o sol nascer, e mais de 6.000 atletas tomam as ruas dos subúrbios da cidade, para logo estar em campo aberto.
A maior parte da primeira metade da prova é em terreno praticamente plano, e há muita conversa entre os atletas, que guardam energias para o desafio que está por vir. Quando chegam perto da primeira montanha a escalar, também encontram o Índico. O mar bate do lado da estrada. De vez em quando, surgem pequenas praias -uma é terreno para um jardim de infância, outra não passa de uma microfaixa de areia, uma terceira é mais ampla...
Mas nos corações e nas mentes de todos está o mapa do percurso, pois logo à frente virá Chapman's Peak, a temida montanha em que já ocorreram perigosos desabamentos --o último forçou por mais de um ano a mudança do percurso da prova, que só agora voltou à sua rota tradicional.
A subida começa pouco antes do km 28, mas logo desaba e daí é morro mesmo: sobem-se 180 metros de altitude em cerca de cinco quilômetros, ou mais de duas avenidas Brigadeiro Luis Antônio empilhadas....
Depois da tempestade, a bonança. Os corredores, lá do alto, apreciam o horizonte e recuperam as forças descendo seis quilômetros até quase o nível do mar.
A metade da prova já se foi, falta pouco, comparativamente, mas pela frente vem um desafio ainda mais poderoso. Os corredores passam a marca da maratona convencional e têm de subir de novo. Ao longo de quatro quilômetros, a elevação em Constantia Nek chega a 215 metros.
Mesmo os mais fortes caminham em algum ponto, ainda que por pouco tempo. A organização, a essa altura, oferece atendimento que é quase um convite a desistir da prova: em alguns postos, massagistas atendem os corredores, tentando recuperar a musculatura para o esforço final.
O percurso já passa por áreas suburbanas. O caminho dos corredores é livre de carros, mas em certos pontos guardas controlam o trânsito nas transversais. Os postos de água são mais fornidos, os voluntários oferecem até chocolate para quem está quase terminando a prova.
O sol cobra sua conta. Depois dos ventos refrescantes dos picos, os corredores ficam quase sempre a céu aberto, enfrentando o calor crescente. A água oferecida mal é engolida, a maior parte é usada para refrescar o corpo.
Agora já há bastante gente ao longo do caminho, os espectadores festejam, incentivam. No céu, aviões de uma esquadrilha da fumaça sul-africana escrevem "56 K", a distância da prova. E quem ainda está na trilha conta os metros para o final, junta as fibras musculares e corre para ouvir o aplauso do público que enche as arquibancadas montadas no estádio da Universidade da Cidade do Cabo, onde tudo termina.
Cada corredor é recebido como um vitorioso e ganha refrigerante, sanduíche, frutas e café. Mas o mais importante eles levam no peito: a medalha de ultramaratonista.
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da Folha de S.PauloA África do Sul é a pátria das ultramaratonas, corridas que vão além da distância da maratona. Há provas de 50 quilômetros, de cem quilômetros, de 50 e cem milhas, de um ou vários dias. Mas a mais famosa e populosa do mundo é a Comrades, cuja mais recente edição foi há duas semanas.
Neste ano, a corrida de 89 quilômetros, que teve cerca de 11 mil participantes, saiu de Durban, na costa leste, subindo montanhas até Pietermaritzburg. Nos anos ímpares, o percurso é feito no sentido inverso --em ambos, o atleta tem de terminar a prova em até 12 horas ou não ganha medalha.
Quem deseja tentar a sorte no terreno que ultrapassa os 42.195 metros encontra opções menos cansativas que a Comrades, mas igualmente disputadas em magnífico terreno.
Dois oceanos
A Maratona Dois Oceanos é o melhor exemplo de combinação de desafio com cenário esplendoroso. Nos seus 56 quilômetros, que servem de porta de entrada ao universo ultramaratonístico, os corredores passam ao lado do oceano Índico e sobem montanhas do sul da África para vislumbrar, ao longe, o Atlântico --são os dois oceanos a que se refere o nome da prova.
A base é a Cidade do Cabo, de onde, ainda de madrugada, com céu escuro, os corredores se alinham para a partida. O tiro dispara antes de o sol nascer, e mais de 6.000 atletas tomam as ruas dos subúrbios da cidade, para logo estar em campo aberto.
A maior parte da primeira metade da prova é em terreno praticamente plano, e há muita conversa entre os atletas, que guardam energias para o desafio que está por vir. Quando chegam perto da primeira montanha a escalar, também encontram o Índico. O mar bate do lado da estrada. De vez em quando, surgem pequenas praias -uma é terreno para um jardim de infância, outra não passa de uma microfaixa de areia, uma terceira é mais ampla...
Mas nos corações e nas mentes de todos está o mapa do percurso, pois logo à frente virá Chapman's Peak, a temida montanha em que já ocorreram perigosos desabamentos --o último forçou por mais de um ano a mudança do percurso da prova, que só agora voltou à sua rota tradicional.
A subida começa pouco antes do km 28, mas logo desaba e daí é morro mesmo: sobem-se 180 metros de altitude em cerca de cinco quilômetros, ou mais de duas avenidas Brigadeiro Luis Antônio empilhadas....
Depois da tempestade, a bonança. Os corredores, lá do alto, apreciam o horizonte e recuperam as forças descendo seis quilômetros até quase o nível do mar.
A metade da prova já se foi, falta pouco, comparativamente, mas pela frente vem um desafio ainda mais poderoso. Os corredores passam a marca da maratona convencional e têm de subir de novo. Ao longo de quatro quilômetros, a elevação em Constantia Nek chega a 215 metros.
Mesmo os mais fortes caminham em algum ponto, ainda que por pouco tempo. A organização, a essa altura, oferece atendimento que é quase um convite a desistir da prova: em alguns postos, massagistas atendem os corredores, tentando recuperar a musculatura para o esforço final.
O percurso já passa por áreas suburbanas. O caminho dos corredores é livre de carros, mas em certos pontos guardas controlam o trânsito nas transversais. Os postos de água são mais fornidos, os voluntários oferecem até chocolate para quem está quase terminando a prova.
O sol cobra sua conta. Depois dos ventos refrescantes dos picos, os corredores ficam quase sempre a céu aberto, enfrentando o calor crescente. A água oferecida mal é engolida, a maior parte é usada para refrescar o corpo.
Agora já há bastante gente ao longo do caminho, os espectadores festejam, incentivam. No céu, aviões de uma esquadrilha da fumaça sul-africana escrevem "56 K", a distância da prova. E quem ainda está na trilha conta os metros para o final, junta as fibras musculares e corre para ouvir o aplauso do público que enche as arquibancadas montadas no estádio da Universidade da Cidade do Cabo, onde tudo termina.
Cada corredor é recebido como um vitorioso e ganha refrigerante, sanduíche, frutas e café. Mas o mais importante eles levam no peito: a medalha de ultramaratonista.
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