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16/08/2004
-
03h31
A Vila Maria Zélia deve ingressar no cenário cultural paulistano em março ou abril do ano que vem. Há seis meses vem sendo ali preparado o novo espetáculo do grupo XIX de Teatro. A peça, cujo tema é a casa, entrará em cartaz em 2005 no próprio espaço.
Batizado de "A Residência", o projeto da jovem companhia, que estreou com muita aclamação sua primeira montagem, "Hysteria", em 2002, contempla um longo estudo do meio, que enfeixa a coleta de depoimentos de moradores, a realização de oficinas teatrais e a apresentação de outras encenações --entre as quais "Hysteria".
Dez artistas freqüentam a vila quase diariamente. Eles se encontram baseados num armazém que estava desativado havia 37 anos. "Muita gente nunca tinha entrado ali antes de nós chegarmos", afirma o diretor Luiz Fernando Marques, 26.
Ele diz que a escolha da Maria Zélia tem uma dupla função. "Tem a ver com a discussão do grupo, que quer ocupar espaços históricos, e tem a ver com a vontade de chamar a atenção do poder público e de revelar a cidade", declara o encenador. "A vila é a única que possui, além das casas, aparelhos públicos como duas escolas, hoje abandonadas."
Tem ocorrido no local a interação entre visitadores e visitados. O grupo já realizou na área sessões de cinema ao ar livre e organizou uma mostra com fotografias antigas. "No aniversário da vila, montamos uma pequena peça especialmente para eles [os moradores]", recorda Marques. O projeto é viabilizado por uma verba de R$ 250 mil do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo.
Propulsora da trupe, "Hysteria" despontou numa aula ministrada pelo diretor do incensado Teatro da Vertigem, Antônio Araújo, na USP. O espetáculo estreou no Festival de Teatro de Curitiba dois anos atrás e foi considerado a surpresa do evento. Foi indicado ao prêmio Shell e chegou a ser encenado em Portugal e na França.
Tanta curiosidade derivou do modo como era tratado o assunto da peça: a vida de internas de um hospício do século 19. Apropriando-se em todas as sessões de espaços não-convencionais, de preferência antigos --o prédio da FAU Maranhão, por exemplo--, a encenação dividia a platéia de acordo com o sexo. As mulheres eram postas em cena com as atrizes, e os homens apenas assistiam ao que disso resultava. A interação surgida, coisa rara, não caía no constrangimento típico.
Praticamente todo o mundinho de teatro --e de TV e de cinema-- assistiu a "Hysteria": Antonio Fagundes, Antunes Filho, Eva Wilma, Matheus Nachtergaele etc. Fernanda Montenegro ficou sabendo da companhia por intermédio da produtora e decidiu dar um curso às intérpretes. Ela compareceu à peça no Rio de Janeiro e em Portugal. "Quando me ligaram [para conversar a respeito do curso], achei que fosse mentira", lembra Luiz Fernando Marques.
A próxima peça ainda não tem nome, e o esboço da sua dramaturgia está prestes a ser começado. O XIX de Teatro mantém um site --www.grupoxixdeteatro.ato.br-- com mais informações.
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do enviado especial da Folha de S.Paulo ao interior de SPA Vila Maria Zélia deve ingressar no cenário cultural paulistano em março ou abril do ano que vem. Há seis meses vem sendo ali preparado o novo espetáculo do grupo XIX de Teatro. A peça, cujo tema é a casa, entrará em cartaz em 2005 no próprio espaço.
Batizado de "A Residência", o projeto da jovem companhia, que estreou com muita aclamação sua primeira montagem, "Hysteria", em 2002, contempla um longo estudo do meio, que enfeixa a coleta de depoimentos de moradores, a realização de oficinas teatrais e a apresentação de outras encenações --entre as quais "Hysteria".
Dez artistas freqüentam a vila quase diariamente. Eles se encontram baseados num armazém que estava desativado havia 37 anos. "Muita gente nunca tinha entrado ali antes de nós chegarmos", afirma o diretor Luiz Fernando Marques, 26.
Ele diz que a escolha da Maria Zélia tem uma dupla função. "Tem a ver com a discussão do grupo, que quer ocupar espaços históricos, e tem a ver com a vontade de chamar a atenção do poder público e de revelar a cidade", declara o encenador. "A vila é a única que possui, além das casas, aparelhos públicos como duas escolas, hoje abandonadas."
Tem ocorrido no local a interação entre visitadores e visitados. O grupo já realizou na área sessões de cinema ao ar livre e organizou uma mostra com fotografias antigas. "No aniversário da vila, montamos uma pequena peça especialmente para eles [os moradores]", recorda Marques. O projeto é viabilizado por uma verba de R$ 250 mil do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo.
Propulsora da trupe, "Hysteria" despontou numa aula ministrada pelo diretor do incensado Teatro da Vertigem, Antônio Araújo, na USP. O espetáculo estreou no Festival de Teatro de Curitiba dois anos atrás e foi considerado a surpresa do evento. Foi indicado ao prêmio Shell e chegou a ser encenado em Portugal e na França.
Tanta curiosidade derivou do modo como era tratado o assunto da peça: a vida de internas de um hospício do século 19. Apropriando-se em todas as sessões de espaços não-convencionais, de preferência antigos --o prédio da FAU Maranhão, por exemplo--, a encenação dividia a platéia de acordo com o sexo. As mulheres eram postas em cena com as atrizes, e os homens apenas assistiam ao que disso resultava. A interação surgida, coisa rara, não caía no constrangimento típico.
Praticamente todo o mundinho de teatro --e de TV e de cinema-- assistiu a "Hysteria": Antonio Fagundes, Antunes Filho, Eva Wilma, Matheus Nachtergaele etc. Fernanda Montenegro ficou sabendo da companhia por intermédio da produtora e decidiu dar um curso às intérpretes. Ela compareceu à peça no Rio de Janeiro e em Portugal. "Quando me ligaram [para conversar a respeito do curso], achei que fosse mentira", lembra Luiz Fernando Marques.
A próxima peça ainda não tem nome, e o esboço da sua dramaturgia está prestes a ser começado. O XIX de Teatro mantém um site --www.grupoxixdeteatro.ato.br-- com mais informações.
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