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30/08/2004
-
07h23
Após uma fria manhã de inverno, o sol começa a esquentar, e centenas de animais se reúnem em uma das poucas nascentes de água do Parque Nacional de Etosha, no norte da Namíbia. Zebras, impalas e órix se misturam na planície desértica. Suas estampas e cores embaralham-se nos binóculos dos visitantes.
Então, surge no horizonte uma família de elefantes. Num bloco compacto, o grupo avança ligeiro, levantando nuvens de poeira. À medida que se aproximam, balançam a cabeça e fazem sons estridentes que ecoam longe.
Os outros animais logo entendem: os gigantes da África chegaram, é hora de se afastar do bebedouro. Poucos destemidos insistem em ficar, mas são expulsos por um elefante adolescente, que treina sua valentia sob o olhar aprovador dos mais velhos.
Em pouco tempo, 16 elefantes cercam o poço de água, onde passarão boa parte da tarde, matando a sede e banhando-se, enquanto centenas de outros animais aguardarão, impacientes mas conformados, a chance de voltar.
Assim é a vida em Etosha, principal atração turística da Namíbia. Grande parte do parque --do tamanho da Suíça-- é dominada por uma planície de areia que fica mais árida com o avanço da estação da seca. Os animais só têm uma saída: se concentrar nas poucas fontes de água que resistem. E, onde há caça, há caçador: leões, guepardos, leopardos, hienas, chacais e outros carnívoros.
O guia namibiano NJ, desafiado pelos viajantes a levá-los aos leões, dá meia-volta no jipe e toca para outra nascente de água, na qual vive um grupo de cerca de 12 felinos. "Ele estão sempre por perto", diz NJ, 26, apontando pegadas frescas no chão.
"Aqueles impalas estão se comportando de forma estranha", diz. Pouco depois, vê a orelha de uma leoa, da mesma cor do matagal. Logo surge um macho. E três outras fêmeas. E mais um macho. O grupo de felinos se mimetiza no mato alto. Impalas, gnus e órix pastam por perto. Os predadores não entram em ação. "As condições não estão ideais para uma matança", diz NJ.
Em outra nascente, um novo clímax. Um rinoceronte negro, um dos animais mais raros do mundo, mata a sede. Na rígida hierarquia de quem bebe primeiro, os rinocerontes são vice-líderes, atrás apenas dos elefantes.
Perto da fonte, um grupo de avestruzes ensaia uma disputa. Uma sacode as penas, levanta a cabeça a mais de dois metros de altura e, com toda a força, baixa o bico nas costas do adversário.
Dos arbustos, surge outro rinoceronte negro, que se aproxima com a confiança de quem não teme, mas se depara com o rival que chegara mais cedo.
Os dois bichos, que parecem blindados de guerra, se medem, resmungam, mas não brigam. Ambos, um após o outro, beberão tranqüilos. Só um grupo de galinhas-d'angolas se aproxima.
Termina o dia em Etosha, um dos mais fantásticos parques nacionais da África.
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África: Água define hierarquia animal em Etosha
free-lance para a Folha de S.Paulo, na ÁfricaApós uma fria manhã de inverno, o sol começa a esquentar, e centenas de animais se reúnem em uma das poucas nascentes de água do Parque Nacional de Etosha, no norte da Namíbia. Zebras, impalas e órix se misturam na planície desértica. Suas estampas e cores embaralham-se nos binóculos dos visitantes.
Então, surge no horizonte uma família de elefantes. Num bloco compacto, o grupo avança ligeiro, levantando nuvens de poeira. À medida que se aproximam, balançam a cabeça e fazem sons estridentes que ecoam longe.
Os outros animais logo entendem: os gigantes da África chegaram, é hora de se afastar do bebedouro. Poucos destemidos insistem em ficar, mas são expulsos por um elefante adolescente, que treina sua valentia sob o olhar aprovador dos mais velhos.
Em pouco tempo, 16 elefantes cercam o poço de água, onde passarão boa parte da tarde, matando a sede e banhando-se, enquanto centenas de outros animais aguardarão, impacientes mas conformados, a chance de voltar.
Assim é a vida em Etosha, principal atração turística da Namíbia. Grande parte do parque --do tamanho da Suíça-- é dominada por uma planície de areia que fica mais árida com o avanço da estação da seca. Os animais só têm uma saída: se concentrar nas poucas fontes de água que resistem. E, onde há caça, há caçador: leões, guepardos, leopardos, hienas, chacais e outros carnívoros.
O guia namibiano NJ, desafiado pelos viajantes a levá-los aos leões, dá meia-volta no jipe e toca para outra nascente de água, na qual vive um grupo de cerca de 12 felinos. "Ele estão sempre por perto", diz NJ, 26, apontando pegadas frescas no chão.
"Aqueles impalas estão se comportando de forma estranha", diz. Pouco depois, vê a orelha de uma leoa, da mesma cor do matagal. Logo surge um macho. E três outras fêmeas. E mais um macho. O grupo de felinos se mimetiza no mato alto. Impalas, gnus e órix pastam por perto. Os predadores não entram em ação. "As condições não estão ideais para uma matança", diz NJ.
Em outra nascente, um novo clímax. Um rinoceronte negro, um dos animais mais raros do mundo, mata a sede. Na rígida hierarquia de quem bebe primeiro, os rinocerontes são vice-líderes, atrás apenas dos elefantes.
Perto da fonte, um grupo de avestruzes ensaia uma disputa. Uma sacode as penas, levanta a cabeça a mais de dois metros de altura e, com toda a força, baixa o bico nas costas do adversário.
Dos arbustos, surge outro rinoceronte negro, que se aproxima com a confiança de quem não teme, mas se depara com o rival que chegara mais cedo.
Os dois bichos, que parecem blindados de guerra, se medem, resmungam, mas não brigam. Ambos, um após o outro, beberão tranqüilos. Só um grupo de galinhas-d'angolas se aproxima.
Termina o dia em Etosha, um dos mais fantásticos parques nacionais da África.
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