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06/09/2004
-
07h45
da Folha de S.Paulo no Oriente Médio
Viajar pela costa entre Alexandria, no Egito, e Beirute, no Líbano, um dia conhecida por Via Maris, uma das regiões com uma das histórias mais magníficas em todo o mundo, é, hoje, algo a ser feito de forma truncada.
A Via Maris, nome em latim para "caminho do mar" e citada biblicamente, é uma antiga rota comercial usada no Oriente Médio que data da Idade do Bronze. O caminho percorrido pela costa ligava Egito, Pérsia, Síria, Anatólia e Mesopotâmia, que correspondem hoje a Egito, Irã, Síria, Turquia e Iraque.
Mas só quando Israel assinar um acordo de paz com os palestinos e com os seus vizinhos libaneses será possível fazer esse trecho novamente, sem interrupções.
Num futuro imaginário, ao percorrer esse litoral por uma estrada, o viajante deixaria Alexandria e seguiria em direção ao norte para atravessar o canal de Suez e o deserto do Sinai até chegar ao posto fronteiriço em Rafah e entrar no Estado palestino --caso esse venha a ser criado.
Menos de uma hora depois, ingressaria em Israel apresentando apenas o passaporte. Passaria pelas cidades portuárias de Ashdod e Askelon e enfrentaria o trânsito de Tel Aviv. Após avistar Cesaréia, Netânia, o monte Carmel e Haifa, chegaria à fronteira libanesa e, uma hora e meia mais tarde, desembarcaria em Beirute.
No passado, esse trajeto foi comum. O percurso dessa estrada é bem próximo ao que foi conhecido como Via Maris nos tempos bíblicos. Até a metade do século 20, muitos moradores da região ainda utilizavam essa rota.
Pelo caminho, o viajante passava por cidades muçulmanas sunitas, xiitas, drusas, judaicas e cristãs. E cruzava áreas onde viveram as sociedades egípcias, romanas, fenícias, otomanas e judaicas. Tanto o cristianismo quanto o judaísmo nasceram em regiões próximas a essa rota.
Hoje seguir por esse trajeto é impossível devido aos imensos obstáculos. A passagem do Egito para a faixa de Gaza -uma das áreas reivindicadas pelos palestinos para um futuro Estado- é um dos pontos mais tensos do Oriente Médio, com constantes confrontos entre militantes de grupos palestinos e soldados israelenses e, nos últimos meses, entre os próprios palestinos.
A fronteira norte de Israel com o Líbano é outro foco de grande instabilidade e está fechada.
A principal diversão dos jovens libaneses na fronteira é atirar pedras nos soldados israelenses que fazem guarda do outro lado do portão de Fátima, prática que demonstra o quão distante está a paz entre os dois lados.
Nos últimos 56 anos, desde a criação de Israel, quando a estrada foi fechada, muita coisa mudou nas principais cidades localizadas no percurso dessa via.
Não é aconselhável --além de ser muito complicado-- ir a algumas áreas, como Gaza. É arriscado visitar essa região sozinho, como turista, pois há constantes incursões do Exército israelense e mesmo confronto entre os palestinos. O ideal, para quem teimar em se arriscar, é ir com alguma organização humanitária ou com um amigo palestino. A favor, conta o fato de os palestinos terem um enorme carinho pelos brasileiros e simpatizarem com o país --há até um campo de refugiados na região chamado "Brazil".
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GUSTAVO CHACRAda Folha de S.Paulo no Oriente Médio
Viajar pela costa entre Alexandria, no Egito, e Beirute, no Líbano, um dia conhecida por Via Maris, uma das regiões com uma das histórias mais magníficas em todo o mundo, é, hoje, algo a ser feito de forma truncada.
A Via Maris, nome em latim para "caminho do mar" e citada biblicamente, é uma antiga rota comercial usada no Oriente Médio que data da Idade do Bronze. O caminho percorrido pela costa ligava Egito, Pérsia, Síria, Anatólia e Mesopotâmia, que correspondem hoje a Egito, Irã, Síria, Turquia e Iraque.
Gustavo Chacra/Folha Imagem |
Castelo do Mar, antigo templo fenício do século 13, é ponto alto de Sidon, no Líbano; a construção despertou o interesse de Lawrence da Arábia, que chegou a visitar a cidade em 1909 |
Mas só quando Israel assinar um acordo de paz com os palestinos e com os seus vizinhos libaneses será possível fazer esse trecho novamente, sem interrupções.
Num futuro imaginário, ao percorrer esse litoral por uma estrada, o viajante deixaria Alexandria e seguiria em direção ao norte para atravessar o canal de Suez e o deserto do Sinai até chegar ao posto fronteiriço em Rafah e entrar no Estado palestino --caso esse venha a ser criado.
Menos de uma hora depois, ingressaria em Israel apresentando apenas o passaporte. Passaria pelas cidades portuárias de Ashdod e Askelon e enfrentaria o trânsito de Tel Aviv. Após avistar Cesaréia, Netânia, o monte Carmel e Haifa, chegaria à fronteira libanesa e, uma hora e meia mais tarde, desembarcaria em Beirute.
No passado, esse trajeto foi comum. O percurso dessa estrada é bem próximo ao que foi conhecido como Via Maris nos tempos bíblicos. Até a metade do século 20, muitos moradores da região ainda utilizavam essa rota.
Pelo caminho, o viajante passava por cidades muçulmanas sunitas, xiitas, drusas, judaicas e cristãs. E cruzava áreas onde viveram as sociedades egípcias, romanas, fenícias, otomanas e judaicas. Tanto o cristianismo quanto o judaísmo nasceram em regiões próximas a essa rota.
Hoje seguir por esse trajeto é impossível devido aos imensos obstáculos. A passagem do Egito para a faixa de Gaza -uma das áreas reivindicadas pelos palestinos para um futuro Estado- é um dos pontos mais tensos do Oriente Médio, com constantes confrontos entre militantes de grupos palestinos e soldados israelenses e, nos últimos meses, entre os próprios palestinos.
A fronteira norte de Israel com o Líbano é outro foco de grande instabilidade e está fechada.
A principal diversão dos jovens libaneses na fronteira é atirar pedras nos soldados israelenses que fazem guarda do outro lado do portão de Fátima, prática que demonstra o quão distante está a paz entre os dois lados.
Nos últimos 56 anos, desde a criação de Israel, quando a estrada foi fechada, muita coisa mudou nas principais cidades localizadas no percurso dessa via.
Não é aconselhável --além de ser muito complicado-- ir a algumas áreas, como Gaza. É arriscado visitar essa região sozinho, como turista, pois há constantes incursões do Exército israelense e mesmo confronto entre os palestinos. O ideal, para quem teimar em se arriscar, é ir com alguma organização humanitária ou com um amigo palestino. A favor, conta o fato de os palestinos terem um enorme carinho pelos brasileiros e simpatizarem com o país --há até um campo de refugiados na região chamado "Brazil".
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