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27/09/2004
-
09h25
da Folha de S.Paulo
Muita gente que visita Lisboa não dá a mínima para o Museu Nacional de Arte Antiga. É uma pena. Há pelos menos cinco bons motivos para ir até esse importante e charmoso museu da rua das Janelas Verdes, muito justamente lembrado por Emanoel Araújo em sua lista de preferidos.
Primeiro motivo: o museu abriga os imprescindíveis "Painéis de São Vicente" (século 15), um políptico (várias telas retratando um só tema) de Nuno Gonçalves, obra que tem tanta importância artística quanto histórica.
"Que amplitude, que conjunto de repertório social encerrado neste políptico", escreveu o crítico espanhol Eugenio d'Ors (1881-1954), em "Lo Barroco". "O que surpreende em Nuno Gonçalves, quando se considera o caráter moderno de seu espírito e de sua técnica, é a precocidade", completa D'Ors, que via no pintor português um precursor de Velázquez.
As obras de Nuno Gonçalves são o destaque da ala de pintura portuguesa dos séculos 15 e 16 -pintura, aliás, muito pouco conhecida e, por isso mesmo, menosprezada. Vale a pena se ater ainda à "Anunciação", de Frei Carlos, à "Deposição no Túmulo", de Cristóvão de Figueiredo, ao "Retrato de D. Sebastião", de Cristóvão de Morais, e ao tríptico "Cristo Deposto da Cruz, São Francisco e Santo Antônio", de Vasco Fernandes.
Segundo motivo: o museu tem uma das mais belas e intrigantes representações do Cristo: um "Ecce Homo" feito em Portugal por autor desconhecido, na segunda metade do século 16. Esta imagem, que por si só justifica a ida ao museu, já foi chamada de a "esfinge da arte cristã".
Terceiro motivo: está lá "As Tentações de Santo Antão" (cerca de 1500), de Bosch. O museu, que é pequeno se comparado ao Prado e ao Louvre, guarda ainda quadros de Brueghel, Piero della Francesca, Dürer e outros.
Quarto motivo: as coleções de escultura, ourivesaria (com 3.200 peças) e sobretudo de arte oriental (dos séculos 16 e 17, proveniente da Índia, do Japão e da China) são um deslumbramento.
E, por fim, junto ao museu está a magnífica capela das Albertas, iniciada no século 16 e uma das jóias da arquitetura portuguesa.
MUSEU NACIONAL DE ARTE ANTIGA - Rua das Janelas Verdes, Lisboa. Funciona de quarta a domingo, das 10h às 18h, às terças, das 14h às 18h. Fecha às segundas. Ingresso custa 3, tel. 00/xx/351/ 21/391-2800; www.mnarteantiga-ipmuseus.pt.
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ALCINO LEITE NETOda Folha de S.Paulo
Muita gente que visita Lisboa não dá a mínima para o Museu Nacional de Arte Antiga. É uma pena. Há pelos menos cinco bons motivos para ir até esse importante e charmoso museu da rua das Janelas Verdes, muito justamente lembrado por Emanoel Araújo em sua lista de preferidos.
Primeiro motivo: o museu abriga os imprescindíveis "Painéis de São Vicente" (século 15), um políptico (várias telas retratando um só tema) de Nuno Gonçalves, obra que tem tanta importância artística quanto histórica.
"Que amplitude, que conjunto de repertório social encerrado neste políptico", escreveu o crítico espanhol Eugenio d'Ors (1881-1954), em "Lo Barroco". "O que surpreende em Nuno Gonçalves, quando se considera o caráter moderno de seu espírito e de sua técnica, é a precocidade", completa D'Ors, que via no pintor português um precursor de Velázquez.
As obras de Nuno Gonçalves são o destaque da ala de pintura portuguesa dos séculos 15 e 16 -pintura, aliás, muito pouco conhecida e, por isso mesmo, menosprezada. Vale a pena se ater ainda à "Anunciação", de Frei Carlos, à "Deposição no Túmulo", de Cristóvão de Figueiredo, ao "Retrato de D. Sebastião", de Cristóvão de Morais, e ao tríptico "Cristo Deposto da Cruz, São Francisco e Santo Antônio", de Vasco Fernandes.
Segundo motivo: o museu tem uma das mais belas e intrigantes representações do Cristo: um "Ecce Homo" feito em Portugal por autor desconhecido, na segunda metade do século 16. Esta imagem, que por si só justifica a ida ao museu, já foi chamada de a "esfinge da arte cristã".
Terceiro motivo: está lá "As Tentações de Santo Antão" (cerca de 1500), de Bosch. O museu, que é pequeno se comparado ao Prado e ao Louvre, guarda ainda quadros de Brueghel, Piero della Francesca, Dürer e outros.
Quarto motivo: as coleções de escultura, ourivesaria (com 3.200 peças) e sobretudo de arte oriental (dos séculos 16 e 17, proveniente da Índia, do Japão e da China) são um deslumbramento.
E, por fim, junto ao museu está a magnífica capela das Albertas, iniciada no século 16 e uma das jóias da arquitetura portuguesa.
MUSEU NACIONAL DE ARTE ANTIGA - Rua das Janelas Verdes, Lisboa. Funciona de quarta a domingo, das 10h às 18h, às terças, das 14h às 18h. Fecha às segundas. Ingresso custa 3, tel. 00/xx/351/ 21/391-2800; www.mnarteantiga-ipmuseus.pt.
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