02/12/2004 - 14h05

Petrópolis: Chefs levam sabores à serra fluminense

SILVIO CIOFFI
Editor de Turismo da Folha de S.Paulo

Termina no domingo, dia 5, a quarta edição do Petrópolis Gourmet, o festival gastronômico que, iniciado em 26 de novembro, reúne na cidade serrana fluminense --e em localidades como Araras e Itaipava, no seu entorno- alguns dos principais chefs de cozinha e sommeliers do país.

Assim, quem se organizar ainda pode subir a serra atrás de iguarias e dos workshops que ensinam segredos da boa mesa: há aulas de como defumar truta, dicas de culinária tailandesa e até informações sobre alimentos orgânicos.

Neste ano participam oito pousadas e 52 restaurantes (informações www.petropolisgourmet.com.br ou pelos telefones 0800-241516 e 0/xx/24/2231-0833).

Entre chefs estrelados, Danio Braga coordena, no domingo, uma mesa redonda para discutir a importância da gastronomia no fomento turístico.

Diversos outros mestres-cucas deram ou ainda vão dar o ar da graça nesse eclético festival, caso de César Santos, sócio do Oficina do Sabor, de Olinda (PE), que esteve no restaurante Alvorada, de Araras, onde juntou ingredientes da serra fluminense à sua comida, usando, por exemplo, shitake e purê de batata vermelha e camarões exoticamente empanados.

Participante de primeira hora do festival, o restaurante Alvorada (na estrada Bernardo Coutinho, 1.655, tel. 0/xx/24/2225-1118), cercado por jardins e dirigido há 17 anos pelo casal Márcia Marinho e Paulo Pinho, tem tradição de fazer uma comida que poderia ser definida como "regional e serrana", se a sua cozinha não perpetrasse antepastos como a caponata siciliana, de vários legumes, e de seu forno à lenha não saíssem pizzas. Pinho também cria moda quando acrescenta ao bobó brasileiro um quê de gengibre ou quando faz carne seca "à francesa", com ervilha e batata-palha.

"Gosto de inventar", diz ele, que contou ter feito em Portugal uma lula a brás, onde o molusco cefalópode tomou o lugar do célebre peixe salgado em meio a acompanhamentos como ovo, batata palha e azeitonas.

Como num palácio

Atrás do Museu Imperial de Petrópolis, num anexo emoldurado pelos jardins, o Petit Palais (rua da Imperatriz, 220, tel. 0/xx/24/2244-7912) é outro local castiço que aderiu com real força e inspiração regionalizada à quarta edição do Petrópolis Gourmet.

Ana Roldão, historiadora, pesquisadora de culinárias do século 19 e chef portuguesa de raro talento, recebeu o reforço do chef Fábio Sicília, que agregou ao cardápio sabores vindos do Pará.

O resultado pode ser comprovado no rolê de mussarela com aliche, que lembra a "mozzarella in carrozza" e, também, no risoto picante de bacuri com camarões.

A chef, que veio para o Brasil para ficar seis meses e está aqui há 11 anos, sabe coisas do arco-da-velha e resgata muito de suas receitas pesquisando livros antigos.

"A princesa Isabel adorava pão-de-ló e sorvete", diz ela, que também especula ter sido dona Carlota Joaquina, mulher de d. João 6º, a "inventora" da caipirinha, pois, para sua ala no palácio, há registros de consumo mensal de uma grande quantidade de frutas e de nada menos de 70 garrafas de cachaça.

Outro local que aderiu ao festival gastronômico foi o Bomtempo Raquete Resort de Itaipava (Estrada da Cachoeira, 400, tel. 0/ xx/24/2222-9922), um complexo hoteleiro voltado para o tênis e para a natureza. Lá, o chef Alex Passos acrescentou ao cardápio do resort uma salada verde servida dentro de um melão, com kani, manga e kiwi. Como prato principal, o fetucine serra e mar --que junta frutos do mar em molho cremoso a cogumelos frescos cultivados na região.

Silvio Cioffi viajou a convite do Petrópolis Convention & Visitors Bureau e dos hotéis Riverside Park e Golden Tulip Ipanema Plaza.

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