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27/01/2005
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09h46
Enviado especial a Pernambuco
Desconsidere a Guerra dos Mascates (1710-1712). Já faz tempo que a elevação do povoado de Recife à categoria de vila desagradou aos senhores de engenho olindenses. Esses, apesar de poderosos, estavam empobrecidos por causa da concorrência internacional e foram obrigados a endividar-se com os comerciantes portugueses do Recife, a quem chamavam pejorativamente de mascates.
Hoje, as cidades vizinhas são consideradas irmãs, apesar de diferentes. Momo, deus zombeteiro da mitologia grega, que acabou virando rei do Carnaval no Brasil, ajuda a exacerbar essa irmandade. Recife, 3,5 milhões de habitantes na área metropolitana, tem um Carnaval distribuído em pólos de animação organizados pela prefeitura. Lá saem os blocos mais numerosos e organizados, como o Galo da Madrugada, registrado no livro "Guinness" como o maior do mundo (neste ano, segundo a Empresa Pernambucana de Turismo, são esperadas 2 milhões de pessoas, mesmo número estimado no ano passado).
O orçamento da prefeitura recifense para a festa é de R$ 13,5 milhões. Destes, R$ 1,1 milhão virá da iniciativa privada.
Já o que caracteriza o Carnaval de Olinda, 368 mil habitantes, é seu caráter mais familiar, com pequenos blocos ou troças, uma profusão de fantasias inventivas e, claro, os bonecos gigantes. Segundo a prefeitura, mais de 500 agremiações registradas oficialmente marcarão presença na folia. Pela primeira vez, a cidade contará com um passódromo, que terá o acesso cobrado.
Neste ano, a Prefeitura de Olinda fará a festa com cerca de R$ 2 milhões. A parte histórica da cidade também conta com um sistema de câmeras nessa região para fiscalizar abusos (no ano passado duas turistas israelense foram baleadas) e evitar depredações. Até 1 milhão de foliões são esperados em Olinda.
Por características diversas das cidades, o turista costuma receber o seguinte conselho em Pernambuco: "Brinque o Carnaval em Olinda de dia e vá para Recife à noite". Também, segundo os nativos, do Sábado de Zé Pereira à Terça-Feira Gorda, as vizinhas se completam com suas diferenças.
Festança de números
A Empresa Pernambucana de Turismo (Empetur) destinará R$ 3,6 milhões ao Carnaval em todo o Estado. Desse montante, R$ 1,2 milhão será investido apenas em divulgação.
A Empetur pretende propagar mais o Carnaval em cidades menores, com manifestações singulares. São os casos de Bezerros (65 km de Recife) e seus papangus (grupos de mascarados), Nazaré da Mata (55 km da capital) e os maracatus rurais, bem como Goiana (80 km de Recife) e seus caboclinhos (grupos fantasiados de índios). A maioria dos hotéis deverão disponibilizar vans para levar e trazer turistas a esses locais cobrando R$ 60.
A expectativa é que 530 mil turistas visitem Pernambuco no Carnaval, 40 mil a mais do que no ano passado, quando foram movimentados cerca de R$ 170 milhões no período.
Luís Souza, free-lance para a Folha, viajou a convite da Empresa Pernambucana de Turismo (Empetur).
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LUÍS SOUZAEnviado especial a Pernambuco
Desconsidere a Guerra dos Mascates (1710-1712). Já faz tempo que a elevação do povoado de Recife à categoria de vila desagradou aos senhores de engenho olindenses. Esses, apesar de poderosos, estavam empobrecidos por causa da concorrência internacional e foram obrigados a endividar-se com os comerciantes portugueses do Recife, a quem chamavam pejorativamente de mascates.
Hoje, as cidades vizinhas são consideradas irmãs, apesar de diferentes. Momo, deus zombeteiro da mitologia grega, que acabou virando rei do Carnaval no Brasil, ajuda a exacerbar essa irmandade. Recife, 3,5 milhões de habitantes na área metropolitana, tem um Carnaval distribuído em pólos de animação organizados pela prefeitura. Lá saem os blocos mais numerosos e organizados, como o Galo da Madrugada, registrado no livro "Guinness" como o maior do mundo (neste ano, segundo a Empresa Pernambucana de Turismo, são esperadas 2 milhões de pessoas, mesmo número estimado no ano passado).
O orçamento da prefeitura recifense para a festa é de R$ 13,5 milhões. Destes, R$ 1,1 milhão virá da iniciativa privada.
Já o que caracteriza o Carnaval de Olinda, 368 mil habitantes, é seu caráter mais familiar, com pequenos blocos ou troças, uma profusão de fantasias inventivas e, claro, os bonecos gigantes. Segundo a prefeitura, mais de 500 agremiações registradas oficialmente marcarão presença na folia. Pela primeira vez, a cidade contará com um passódromo, que terá o acesso cobrado.
Neste ano, a Prefeitura de Olinda fará a festa com cerca de R$ 2 milhões. A parte histórica da cidade também conta com um sistema de câmeras nessa região para fiscalizar abusos (no ano passado duas turistas israelense foram baleadas) e evitar depredações. Até 1 milhão de foliões são esperados em Olinda.
Por características diversas das cidades, o turista costuma receber o seguinte conselho em Pernambuco: "Brinque o Carnaval em Olinda de dia e vá para Recife à noite". Também, segundo os nativos, do Sábado de Zé Pereira à Terça-Feira Gorda, as vizinhas se completam com suas diferenças.
Festança de números
A Empresa Pernambucana de Turismo (Empetur) destinará R$ 3,6 milhões ao Carnaval em todo o Estado. Desse montante, R$ 1,2 milhão será investido apenas em divulgação.
A Empetur pretende propagar mais o Carnaval em cidades menores, com manifestações singulares. São os casos de Bezerros (65 km de Recife) e seus papangus (grupos de mascarados), Nazaré da Mata (55 km da capital) e os maracatus rurais, bem como Goiana (80 km de Recife) e seus caboclinhos (grupos fantasiados de índios). A maioria dos hotéis deverão disponibilizar vans para levar e trazer turistas a esses locais cobrando R$ 60.
A expectativa é que 530 mil turistas visitem Pernambuco no Carnaval, 40 mil a mais do que no ano passado, quando foram movimentados cerca de R$ 170 milhões no período.
Luís Souza, free-lance para a Folha, viajou a convite da Empresa Pernambucana de Turismo (Empetur).
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