Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
24/03/2005 - 09h00

Ruínas, artesanato e igrejas mostram a outra face do Paraguai

HELOISA LUPINACCI
da Folha de S. Paulo, no Paraguai

O sol esquenta, a temperatura atinge 40 C, dois homens conversam em guarani. A cena se passa em uma tribo indígena no interior do Brasil? Não, estamos na capital do Paraguai, onde o calor pode chegar a 48 C no verão, e 95% da população fala espanhol e guarani, língua nativa que é ensinada na escola, junto do espanhol.

O que se vê além da cena é muito mais do que a imagem típica que os brasileiros têm do país vizinho: a de uma grande desordem com muambas e muambeiros saindo pelo ladrão. O clima pode até se aproximar disso em Ciudad del Este, e o contrabando de fato é um problema no país. Mas há muito no Paraguai além da cidade que faz fronteira com o Brasil em Foz do Iguaçu.

Igrejas do barroco hispano-guarani, fruto da missão jesuíta no país, que deixou ali ruínas, são o que há de mais bonito nessas terras vizinhas. E, sozinhas, já valem a viagem.

Cidades inteiras de imigrantes ucranianos, russos, alemães e japoneses mantêm seus costumes, com comidas tradicionais, por exemplo, mas ao mesmo tempo adaptam-se ao local. Os moradores falam espanhol com sotaque alemão ou guarani com acento ucraniano.

O artesanato herdeiro da habilidade dos índios e dos espanhóis embaralha os olhos do turista com fios emaranhados, como no ñanduti --renda tramada com filamentos coloridos ou brancos sobre o tecido-- e na filigrana --trabalho de joalheria feito com fios de ouro ou de prata.

O turismo rural começa a despontar no país, essencialmente agrário. A capital, Assunção, a segunda mais antiga das Américas, recebe os visitantes em casarões do século 18 e em bares na rua.

Um lado

É claro que a realidade do país se reflete no dia-a-dia do turista. A pobreza do Paraguai (o país ocupa a 89ª posição pelo Índice de Desenvolvimento Humano da ONU, veja no quadro acima) se faz entrever na multidão de vendedores de cacarecos que abordam o turista com insistência e até uma dose de desespero.

Do mesmo modo como é difícil não perder a paciência, é complicado dizer "não" tantas vezes a crianças manhosas que imploram a compra de um presente relativo ao lugar que se acabou de visitar.

O panorama de dificuldades econômicas --inclusive a escassez de turistas-- também se faz sentir no que diz respeito ao serviço dos hotéis. A reportagem da Folha ficou hospedada em um quarto que havia sido pintado um dia antes do check in e no qual o chuveiro não funcionava. A água caía só pela torneira da banheira. Houve a troca de quarto. A água quente da nova habitação, entretanto, tinha um tom amarronzado, pouco convidativo.

Em outro hotel, também havia problemas no banheiro. Dessa vez, era um cheiro forte e uma coleção de longos fios de cabelo no chão. Mas nada que um banho gelado e uma camareira cheia de boa vontade não resolvessem.

Por falar em boa vontade, os descuidos anteriormente mencionados são quase totalmente compensados pela extrema amabilidade dos atendentes de todos os lugares. Gentis, os paraguaios fazem questão de demonstrar sua alegria por receber uma visita. Um senhor paraguaio, que insistiu não poder dizer seu nome, pois era vidente e não queria ser identificado, arrisca indicar, de certa forma, a imagem que os nossos vizinhos têm dos brasileiros e de si próprios.

"Vocês no Brasil são muito ricos. Você é rica? Nós somos pobres, bem pobres. Não temos as belezas naturais do seu país e nem a riqueza. Mas somos bons, bons como são os animais e os índios. Somos puros."

E é como os índios que eles dão as boas-vindas --até o aeroporto é trilingüe, com saudações em espanhol, inglês e guarani-- : tapeguaheporãiteke.

Heloisa Lupinacci viajou a convite do Comitê Misto de Promoção Turística do Paraguai, formado pela TAM Mercosur, pela Secretaria Nacional de Turismo do Paraguai, pelo Asunción Convention & Visitors Bureau (AC&VB), pela Associação Industrial Hoteleira do Paraguai (AIHPY) e pela Associação Paraguaia de Agências de Viagem e de Turismo (Asatur).

Leia mais
  • Erramos: Ruínas, artesanato e igrejas mostram a outra face do Paraguai
  • Igreja em Yaguarón adota regra franciscana
  • Fios de prata e ouro dão forma a artesanato nativo
  • Confira os pacotes para o Paraguai

    Especial
  • Veja o que já foi publicado sobre turismo no Paraguai
  •  

    Sobre a Folha | Expediente | Fale Conosco | Mapa do Site | Ombudsman | Erramos | Atendimento ao Assinante
    ClubeFolha | PubliFolha | Banco de Dados | Datafolha | FolhaPress | Treinamento | Folha Memória | Trabalhe na Folha | Publicidade

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade