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26/05/2005 - 11h52

Invisível, linha divide St. Martin de Sint Maarten

VINCENZO SCARPELLINI
Enviado especial a St. Martin e St. Barth

Como seria um mundo sem barreiras? Em St. Martin, entre França e Holanda, não há fronteira, e não se perceberia a linha de demarcação se não fosse pela mudança de paisagem. No sul: a parte holandesa, chamada de Sint Maarten, é um tanto descuidada.

As estradas versam em piores condições. O porto de Philipsburg, a capital, recebe milhares de visitantes estrangeiros que descem de navios de cruzeiros que ali aportam.

No norte: a parte francesa, ou Saint Martin, é moldada por um turismo mais elitizado, que se hospeda em hotéis devotos do luxo. O porto da capital, Marigot, mantém sua tranqüila elegância e uma escolha invulgar de bares e restaurante.

Bons vizinhos

Na ausência de riquezas pelas quais brigar, a convivência pacífica na ilha não é recente nem foi difícil. "Que o francês e o holandês vivam como amigos e aliados sem que ninguém, seja de um lado, seja de outro, possa interferir sem a violação desse Acordo. Se inimigos atacam um lado ou outro da ilha, os signatários serão obrigados a ajudar e suportar a parte atacada." Luís 14, o Rei Sol, tinha apenas dez anos, era 1648.

As duas colônias faziam o que podiam para se manter como postos avançados de seus reinos.
A vida não era fácil, o terreno era árido, e o centro da ilha, impenetrável.

A maior preocupação das comunidades era a conservação da água pluvial, já que a ilha não tem rios nem nascentes de água doce.

Com poucos altos e baixos e um breve período de ocupação espanhola, o tratado de convivência pacífica vingou até hoje.

Moinhos de pedra para o sal ainda hoje se encontram no interior. O sal era o maior recurso da ilha e era vendido pelos holandeses: tinham mais talento para o comércio. Tentou-se, em vão, cultivar cana-de-açúcar, tabaco e índigo (que servia para tingir os tecidos de azul).

Escravos foram trazidos para isso, mas ninguém na ilha se tornou rico. Foi a partir do século 20 que o turismo se impôs como fonte de renda. Única, mas generosa.

Volta à ilha

Graças ao turismo, antigos emigrantes voltaram para a ilha, e novos habitantes chegaram vindos do velho continente para abrir seu próprio negócio.

Futebol é o esporte mais popular, e, como em outras ilhas caribenhas, os ilhéus são poliglotas: alem de francês e holandês, falam inglês, espanhol, crioulo e entendem o papiamento (mistura de todas as línguas anteriores, e mais algumas outras, usadas em certas ilhas caribenhas).

Embora não sejam os primeiros beneficiados pela indústria do turismo, eles desfrutam dos sistemas francês e holandês de escolas e hospitais públicos e não conhecem a miséria de países vizinhos, como a Jamaica.

Recentemente, graças à descoberta de túmulos funerários, foi demonstrada a presença de um povo indígena anterior à chegada dos europeus e provavelmente exterminado por estes. Não se sabe ao certo se moravam ou se apenas passavam por ali.

O problema da água doce foi resolvido com uma central para a dessalinização. Embora não exista restrição para clientes dos hotéis, quando o consumo individual dos ilhéus supera os 36m3 no mês, a conta triplica.

Um por um

Dólares são aceitos tanto quanto euros e geralmente trocados um por um. Assim, os americanos, que representam a maioria dos visitantes (e também estão mais próximos geograficamente), não se sentem prejudicados.

A Fatoria da Loteria vale uma visita. Foi ganha em sorteio por um inglês que para ela se mudou, com família e escravos, no século 18. Fez uma plantação de cana-de-açúcar que, porém, não durou muito tempo. Alguns anos atrás, um surfista norte-americano comprou os 50 hectares da fazenda e os transformou (sem subsídio público, como gosta de sublinhar) em parque para preservar a mata tropical nativa.

Entre as muitas praias da ilha, aquela de Cupecoy tornou-se ponto de encontro GLS (gays, lésbicas e simpatizantes) e nudistas.

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