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23/06/2005
-
11h01
Enviado especial à África do Sul
Cidade do Cabo, Capetown, Kaapstad. Três nomes e sotaques para o mesmo lugar, com a diferença de que cada um deles representa um momento pelo qual passou essa região, inicialmente habitada pelos nativos khoikhoi.
Os nomes, que significam a mesma coisa, têm sua origem em um acidente geográfico: o cabo da Boa Esperança, que, inicialmente, foi chamado de cabo das Tormentas pelo navegador português Bartolomeu Dias, primeiro europeu a circundá-lo, em 1488.
Porém a denominação mudou por causa das boas perspectivas de chegar às Índias.
É fácil entender o porquê da qualificação de Tormentas e por que Camões dedicou mais de 20 estrofes do canto 5º de "Os Lusíadas" amedrontando os navegadores portugueses que tentavam passar pelo cabo, encarnado pela figura do Gigante Adamastor.
Exatamente no cabo da Boa Esperança se juntam as correntes de Agulha, com suas águas quentes que vêm do oriente pelo oceano Índico, e a Benguela, gelada, do ocidental Atlântico. Os dois oceanos, entretanto, se encontram só no cabo das Agulhas, algumas dezenas de quilômetros a leste.
O vento e a força das águas no cabo das Tormentas podem ser vistos hoje nesse parque nacional de 7.750 hectares com praias maravilhosas, em meio a altas montanhas e com vegetação de fynbos (formada majoritariamente de arbustos resistentes à falta de água, adaptados ao fogo e que sobrevivem em solo infértil), que é única no mundo.
O cabo da Boa Esperança não é tão próximo do centro da cidade, que fica a cerca de uma hora e meia de distância. O ideal é reservar pelo menos uma manhã para ir ao local, que fica na ponta de uma longa península.
A viagem de ida é feita pela costa ocidental. Antes de entrar na península, saindo do centro, o turista passa pelas zonas de praia mais badaladas da Cidade do Cabo, a Camps Bay e a Clifton Bay, com calçadões, cafés, bares e, nos verões, muita gente na praia e pouca no mar, já que nem nos meses quentes a água atinge temperaturas acima dos 20ºC.
Para observar o cabo da Boa Esperança, é preciso subir uma montanha, conhecida como Cape Point, por um bondinho ou por uma escadaria durante dez minutos. Venta muito no alto, e chega a ser difícil segurar com firmeza a câmera para tirar fotos. No pé da montanha, há um restaurante. E, se quiser, o turista pode descer até o cabo da Boa Esperança.
O retorno é feito pela False Bay, ou baía Falsa. O nome é uma alusão a antigos navegadores que ancoravam seus barcos na baía errada; a certa seria a baía do Cabo. Essa área é procurada para a prática do surfe e para os banhos de mar, já que as águas são da corrente das Agulhas, mais quentes.
A entrada na cidade se dá pelo outro lado da Table Mountain, símbolo da Cidade do Cabo. Trata-se de um dos acidentes geográficos mais belos do mundo. Uma montanha de mais de mil metros de altura, plana no alto, que parece uma mesa. Nos dias nublados, uma camada de nuvens cobre o topo, em um fenômeno da natureza apelidado de Table Towel (toalha de mesa).
Outro atrativo da região são as antigas vinícolas fundadas pelos holandeses, daí o nome Kaapstad. A holandesa Companhia das Índias Orientais estabeleceu no século 16 uma base onde hoje é a cidade. Casas coloniais brancas marcam essa presença.
Próximo das vinícolas, está o jardim botânico Kirstenbosch, em uma área doada pelo magnata dos diamantes Cecil Rhodes em 1895. Hoje mais de 9.000 espécies de plantas da África do Sul são conservadas no local.
O centro da Cidade do Cabo tem como principal atração o bairro malaio. Os habitantes dali vivem em charmosas casas coloridas e são descendentes dos escravos trazidos da Ásia pelos holandeses nos séculos 16, 17 e 18. A escravidão na África do Sul foi abolida no início do século 19.
Já os britânicos ocuparam a Cidade do Cabo em 1806. Em 1828, muitos africâners descendentes dos holandeses da região, descontentes com os britânicos, deram início à Grande Marcha, desbravando o interior da África do Sul.
A parte turística da Cidade do Cabo fica no Victoria & Alfred (não Albert, como muitos acham) Waterfront. É uma espécie de Puerto Madero, de Buenos Aires, Docas de Alcântara, de Lisboa, ou Dragão do Mar, de Fortaleza, com restaurantes, shoppings e hotéis, entre eles o tradicional Cape Grace e o moderno Table Bay.
De lá, partem passeios para a Robben Island, onde Nelson Mandela e outros líderes do CNA ficaram presos por décadas, durante a época em que a Cidade do Cabo ainda era um dos destinos mais politicamente incorretos do mundo. Graças à luta das pessoas que estavam na Robben Island, hoje essa cidade divide com Rio de Janeiro, San Francisco (EUA) e Sydney (Austrália) o posto de uma das metrópoles à beira-mar mais belas de todo o mundo.
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GUSTAVO CHACRAEnviado especial à África do Sul
Cidade do Cabo, Capetown, Kaapstad. Três nomes e sotaques para o mesmo lugar, com a diferença de que cada um deles representa um momento pelo qual passou essa região, inicialmente habitada pelos nativos khoikhoi.
Os nomes, que significam a mesma coisa, têm sua origem em um acidente geográfico: o cabo da Boa Esperança, que, inicialmente, foi chamado de cabo das Tormentas pelo navegador português Bartolomeu Dias, primeiro europeu a circundá-lo, em 1488.
Porém a denominação mudou por causa das boas perspectivas de chegar às Índias.
É fácil entender o porquê da qualificação de Tormentas e por que Camões dedicou mais de 20 estrofes do canto 5º de "Os Lusíadas" amedrontando os navegadores portugueses que tentavam passar pelo cabo, encarnado pela figura do Gigante Adamastor.
Exatamente no cabo da Boa Esperança se juntam as correntes de Agulha, com suas águas quentes que vêm do oriente pelo oceano Índico, e a Benguela, gelada, do ocidental Atlântico. Os dois oceanos, entretanto, se encontram só no cabo das Agulhas, algumas dezenas de quilômetros a leste.
O vento e a força das águas no cabo das Tormentas podem ser vistos hoje nesse parque nacional de 7.750 hectares com praias maravilhosas, em meio a altas montanhas e com vegetação de fynbos (formada majoritariamente de arbustos resistentes à falta de água, adaptados ao fogo e que sobrevivem em solo infértil), que é única no mundo.
O cabo da Boa Esperança não é tão próximo do centro da cidade, que fica a cerca de uma hora e meia de distância. O ideal é reservar pelo menos uma manhã para ir ao local, que fica na ponta de uma longa península.
A viagem de ida é feita pela costa ocidental. Antes de entrar na península, saindo do centro, o turista passa pelas zonas de praia mais badaladas da Cidade do Cabo, a Camps Bay e a Clifton Bay, com calçadões, cafés, bares e, nos verões, muita gente na praia e pouca no mar, já que nem nos meses quentes a água atinge temperaturas acima dos 20ºC.
Para observar o cabo da Boa Esperança, é preciso subir uma montanha, conhecida como Cape Point, por um bondinho ou por uma escadaria durante dez minutos. Venta muito no alto, e chega a ser difícil segurar com firmeza a câmera para tirar fotos. No pé da montanha, há um restaurante. E, se quiser, o turista pode descer até o cabo da Boa Esperança.
O retorno é feito pela False Bay, ou baía Falsa. O nome é uma alusão a antigos navegadores que ancoravam seus barcos na baía errada; a certa seria a baía do Cabo. Essa área é procurada para a prática do surfe e para os banhos de mar, já que as águas são da corrente das Agulhas, mais quentes.
A entrada na cidade se dá pelo outro lado da Table Mountain, símbolo da Cidade do Cabo. Trata-se de um dos acidentes geográficos mais belos do mundo. Uma montanha de mais de mil metros de altura, plana no alto, que parece uma mesa. Nos dias nublados, uma camada de nuvens cobre o topo, em um fenômeno da natureza apelidado de Table Towel (toalha de mesa).
Outro atrativo da região são as antigas vinícolas fundadas pelos holandeses, daí o nome Kaapstad. A holandesa Companhia das Índias Orientais estabeleceu no século 16 uma base onde hoje é a cidade. Casas coloniais brancas marcam essa presença.
Próximo das vinícolas, está o jardim botânico Kirstenbosch, em uma área doada pelo magnata dos diamantes Cecil Rhodes em 1895. Hoje mais de 9.000 espécies de plantas da África do Sul são conservadas no local.
O centro da Cidade do Cabo tem como principal atração o bairro malaio. Os habitantes dali vivem em charmosas casas coloridas e são descendentes dos escravos trazidos da Ásia pelos holandeses nos séculos 16, 17 e 18. A escravidão na África do Sul foi abolida no início do século 19.
Já os britânicos ocuparam a Cidade do Cabo em 1806. Em 1828, muitos africâners descendentes dos holandeses da região, descontentes com os britânicos, deram início à Grande Marcha, desbravando o interior da África do Sul.
A parte turística da Cidade do Cabo fica no Victoria & Alfred (não Albert, como muitos acham) Waterfront. É uma espécie de Puerto Madero, de Buenos Aires, Docas de Alcântara, de Lisboa, ou Dragão do Mar, de Fortaleza, com restaurantes, shoppings e hotéis, entre eles o tradicional Cape Grace e o moderno Table Bay.
De lá, partem passeios para a Robben Island, onde Nelson Mandela e outros líderes do CNA ficaram presos por décadas, durante a época em que a Cidade do Cabo ainda era um dos destinos mais politicamente incorretos do mundo. Graças à luta das pessoas que estavam na Robben Island, hoje essa cidade divide com Rio de Janeiro, San Francisco (EUA) e Sydney (Austrália) o posto de uma das metrópoles à beira-mar mais belas de todo o mundo.
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