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19/07/2005 - 15h16

Nova rota turística no Rio percorre antiga Estrada Real

VINICIUS ALBUQUERQUE
da Folha Online

O turismo histórico no Rio de Janeiro conta agora com o conjunto formado pelas cidades de Areal, Comendador Levy Gasparian, Três Rios, Paraíba do Sul, Paty do Alferes, Miguel Pereira e Sapucaia, unidas pela BR-040, que vai do Rio a Juiz de Fora --a "Rota 040".

A nova rota turística do interior fluminense percorre o Caminho Novo da Estrada Real, a antiga rota do ouro, que facilitava o transporte do ouro explorado em Minas Gerais para os portos no Rio de Janeiro, de onde seguia para Portugal.

A abertura do caminho novo foi iniciada no século 17. Garcia Rodrigues Paes, filho do bandeirante Fernão Dias, estabeleceu-se no distrito de Paraibuna, no município de Comendador Levy Gasparian, em 1680, sob ordens da coroa portuguesa de encontrar uma rota mais curta para Minas Gerais. Em 1709 começou a abrir um caminho que encurtasse a distância entre as duas regiões.

Em Levy Gasparian, pode-se visitar o Museu Rodoviário de Paraibuna, o único do gênero na América Latina. O prédio está instalado no edifício central de uma das 12 estações de muda de animais das diligências que faziam a viagem de Juiz de Fora a Petrópolis. Uma das principais atrações do museu é uma diligência inglesa de 1861 e que já antecipava algo que se vê hoje no transporte público das grandes cidades: a terceira e a quarta classes viajavam de costas.

Outra peça que atrai os olhos é uma motocicleta Harley Davidson de 1947, de 1.200 cilindradas, que foi da Polícia Rodoviária.

Sair de Levy Gasparian é, literalmente, tão simples quanto cruzar uma ponte. Uma ponte perto do museu liga o município fluminense à cidade de Simão Pereira, e já se está assim em Minas Gerais. Do lado mineiro da ponte o contato com a história do Brasil é reforçado no encontro com o Registro de Paraibuna.

O quinto (sistema de tributação que definia o pagamento à coroa portuguesa de 20% do ouro extraído) era cobrado ali, de quem trouxesse ouro da região mineradora para passar para o Rio de Janeiro. De quem vinha do Rio para entrar em Minas Gerais, por sua vez, era exigido o carimbo da coroa portuguesa.

Segundo o diretor do museu, Alexçandro Santana, Tiradentes tinha uma fazenda a três quilômetros de Simão Álvares, e abriu uma passagem clandestina para driblar a cobrança do quinto.

Parte do edifício foi construída em 1704 e o restante em 1722, o que se vê pela diferença nas portas, de topo ora arredondado, ora quadrado, na mesma fachada.

O tombamento do edifício --que hoje está abandonado, muito deteriorado e com as estruturas comprometidas0- está em tramitação no Iphan (Instituto de Patrimônio Histórico e Cultural). Santana disse que a recuperação do prédio está avaliada em cerca de R$ 1 milhão.

O município de Paty do Alferes também se inscreve na história do país como um dos pontos onde se concentrou o poder econômico originário do início da produção de café no Brasil. A Fazenda Pau Grande é também um cenário familiar, pois já foi ambiente de novelas, e a Fazenda Freguesia, outra grande propriedade da época do ciclo do café, hoje foi transformada no Centro Cultural Aldeia do Arcozelo, com exposições, biblioteca e teatro.

Mas uma experiência realmente marcante se tem ao se visitar o Parque de Esculturas Lucia Miguel Pereira, que fica na fazenda Monte Alegre, hoje propriedade do engenheiro e escultor Gabriel Fonseca.

A propriedade tem ao todo 200 mil metros quadrados, sendo que os jardins ocupam 150 mil metros quadrados no total. A impressão que fica em quem vê as peças de Fonseca distribuídas pela área é a de se estar passeando em meio a brinquedos gigantes. As peças são móveis e é impossível passar por alguma sem sentir a tentação de fazê-las se mexerem --mas as visitas são monitoradas, por isso, peça permissão antes.

Quem aprecia um passeio mais rural tem um prato cheio na Fazenda Boqueirão, no município de Areal. A proprietária da fazenda, Flávia Araripe, oferece um curso de fabricação de queijos, que começa com a ordenha das vacas. Também há passeios monitorados a cavalo pela propriedade.

Outra atração de Areal é o artesanato. As peças da suíça Christine Kern, 58, prendem a atenção de quem as vê. Natural da Basiléia, Kern, que é formada em medicina, mora na cidade há 14 anos. A inspiração ela tira das coisas que a circundam.

Também vale visitar a cidade de Paraíba do Sul, onde se pode fazer um passeio no Trem da Estrada Real, um dos últimos trens estilo "Maria Fumaça" ainda em operação no Brasil. A cidade também tem a primeira ponte a cobrar pedágio no Brasil (no ano de 1857). Andando-se pela cidade, se vê diversas estátuas homenageando figuras singulares como Che Guevara --que também é homenageado ao dar nome à guarda municipal de Paraíba do Sul-- e Yasser Arafat.

A cidade tem ainda muitos prédios históricos. A prefeitura, por exemplo, fica em um edifício de 1886, e tem um belo Teatro Municipal, que funciona onde operava um antigo cinema.

O Sebrae cuida da organização das atividades turísticas nas cidades da "Rota 040". Segundo o superintendente da entidade, Sérgio Malta, o turismo, principalmente em cidades do interior, é a atividade ideal para essas cidades, uma vez que está fundado principalmente nos pequenos negócios. O guia da "Rota 040" deve ser lançado em agosto deste ano.

O repórter Vinicius Albuquerque viajou a convite do Sebrae/RJ

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