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28/07/2005
-
11h31
Diretora-executiva da Folha Online
CAIO VILELA
Colaboração para a Folha de S.Paulo, no Irã
Em um país onde a violência urbana praticamente não existe, o maior perigo talvez seja atravessar a rua na caótica capital Teerã. Sinais de trânsito têm pouco efeito, e pedestres parecem ser artigo de segunda. Pouca gente recomenda uma visita longa a essa cidade cinzenta, de ar poluído e enormes congestionamentos incentivados pela gasolina barata. Como tudo é longe de tudo, podem-se gastar horas no carro, indo de um lado a outro.
Mas um passeio por seu vibrante bazar já revela um povo doce e hospitaleiro como poucos no mundo, um convite quase irrecusável para conhecer o resto desse país complexo e vibrante. Ali, dizem as parcas estatísticas, movimenta-se um terço de todo o dinheiro gasto no comércio do Irã.
Se isso não bastar, uma visita à coleção do Museu Nacional imediatamente aguça o espírito para ver de perto o que sobrou de Persépolis, símbolo máximo do império persa, cujo fundador e personagem principal, Ciro, o Grande, sobrevive ainda hoje como uma espécie de ícone pop. O Museu do Tapete introduz o visitante na arte que tornou famoso o país, com mais de cem peças de várias regiões.
A Pérsia também é reverenciada no monumento Azadi, construído em 1971, em comemoração dos 2.500 anos do império. O interior da enorme construção em forma de um "y" invertido abriga um pequeno museu e, ocasionalmente, um ou outro concerto. O maior desafio é chegar até lá, já que não há faixas para pedestres ou semáforos que permitam acessar a ilha rodeada de carros por todos os lados. Trata-se de uma experiência memorável e sobretudo perigosa.
Do outro lado da moeda, como símbolo de um império que chegou ao fim, dois complexos de palácios que pertenciam à família do xá Reza Pahlevi, destituído pela Revolução Islâmica, liderada pelo aiatolá Khomeini, em 1979, foram transformados em museus. No Museu Jardim Sa'd Abad, antiga residência de verão, algumas salas ainda preservam a mobília e os finos objetos usados um pouco antes da queda do xá.
Outro quinhão do mundo antes da Revolução Islâmica também surge aqui e ali nas áreas mais ricas da cidade, com seus shoppings em estilo californiano, cyber cafés e pizzarias servindo milk-shake e Zam-Zam, a Coca-Cola iraniana -de sabor bastante semelhante-, quando não a original. Em um desafio constante ao sistema, mulheres amarram à cabeça pequenos véus, como se fossem bandanas, deixando à mostra a vasta cabeleira, símbolo máximo de ousadia.
Modernos e intelectuais reúnem-se no café Naderi, famoso ponto de encontro dos reverenciados cineastas iranianos, localizado no centro da cidade.
Quem quer fugir do cenário urbano enfrenta mais um congestionamento para chegar aos parques próximos às montanhas Alborz, que emolduram o norte da cidade com suas franjas. Após uma caminhada leve, já se tem visão privilegiada da cidade e um pouco de tranqüilidade, longe do barulho e da vigilância da polícia de costumes. Nos fins de semana, os parques recebem as improváveis alpinistas dispostas a vencer paredes de pedra portando mantos e véus pelo menos até onde os olhos da polícia alcançam.
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ANA LUCIA BUSCHDiretora-executiva da Folha Online
CAIO VILELA
Colaboração para a Folha de S.Paulo, no Irã
Em um país onde a violência urbana praticamente não existe, o maior perigo talvez seja atravessar a rua na caótica capital Teerã. Sinais de trânsito têm pouco efeito, e pedestres parecem ser artigo de segunda. Pouca gente recomenda uma visita longa a essa cidade cinzenta, de ar poluído e enormes congestionamentos incentivados pela gasolina barata. Como tudo é longe de tudo, podem-se gastar horas no carro, indo de um lado a outro.
Caio Vilela |
Vista geral de Teerã |
Se isso não bastar, uma visita à coleção do Museu Nacional imediatamente aguça o espírito para ver de perto o que sobrou de Persépolis, símbolo máximo do império persa, cujo fundador e personagem principal, Ciro, o Grande, sobrevive ainda hoje como uma espécie de ícone pop. O Museu do Tapete introduz o visitante na arte que tornou famoso o país, com mais de cem peças de várias regiões.
A Pérsia também é reverenciada no monumento Azadi, construído em 1971, em comemoração dos 2.500 anos do império. O interior da enorme construção em forma de um "y" invertido abriga um pequeno museu e, ocasionalmente, um ou outro concerto. O maior desafio é chegar até lá, já que não há faixas para pedestres ou semáforos que permitam acessar a ilha rodeada de carros por todos os lados. Trata-se de uma experiência memorável e sobretudo perigosa.
Do outro lado da moeda, como símbolo de um império que chegou ao fim, dois complexos de palácios que pertenciam à família do xá Reza Pahlevi, destituído pela Revolução Islâmica, liderada pelo aiatolá Khomeini, em 1979, foram transformados em museus. No Museu Jardim Sa'd Abad, antiga residência de verão, algumas salas ainda preservam a mobília e os finos objetos usados um pouco antes da queda do xá.
Outro quinhão do mundo antes da Revolução Islâmica também surge aqui e ali nas áreas mais ricas da cidade, com seus shoppings em estilo californiano, cyber cafés e pizzarias servindo milk-shake e Zam-Zam, a Coca-Cola iraniana -de sabor bastante semelhante-, quando não a original. Em um desafio constante ao sistema, mulheres amarram à cabeça pequenos véus, como se fossem bandanas, deixando à mostra a vasta cabeleira, símbolo máximo de ousadia.
Modernos e intelectuais reúnem-se no café Naderi, famoso ponto de encontro dos reverenciados cineastas iranianos, localizado no centro da cidade.
Quem quer fugir do cenário urbano enfrenta mais um congestionamento para chegar aos parques próximos às montanhas Alborz, que emolduram o norte da cidade com suas franjas. Após uma caminhada leve, já se tem visão privilegiada da cidade e um pouco de tranqüilidade, longe do barulho e da vigilância da polícia de costumes. Nos fins de semana, os parques recebem as improváveis alpinistas dispostas a vencer paredes de pedra portando mantos e véus pelo menos até onde os olhos da polícia alcançam.
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