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29/07/2005 - 09h14

No Equador, um giro pela Avenida dos Vulcões, Cuenca e Quito

ROBERTO DE OLIVEIRA
da Revista da Folha

Está no pique de dar uma radicalizada, longe de tombos, trapalhadas e do clima família das pistas de esqui da vizinhança? Que tal avançar um pouco mais, rumo a uma região pouco explorada por brasileiros na cordilheira dos Andes, avistar vales e vulcões e cruzar aldeias indígenas perdidas no tempo?

Não bastasse a paisagem díspar, a aventura pela Avenida dos Vulcões, no coração do Equador, é feita do alto de um vagão de trem --os passageiros vão sentados no teto do veículo. O vento parece cortar a pele; faz um frio de rachar no altiplano dos Andes, que começa naquele país e divide-se em duas grandes cadeias de montanhas vulcânicas, as cordilheiras Ocidental e Real, entre 3.000 e 4.000 metros de altitude.

A emoção de avistar uma região desenhada por campos cultivados, vulcões por todos os lados com cumes cobertos de neve (alguns deles em atividade) e povoada por andinos de roupagem colorida vale qualquer esforço.

O roteiro sai da capital Quito, cruza o Sul, pára em vilarejos e percorre desfiladeiros íngremes de tirar o fôlego. Vale cercado pelas duas cordilheiras paralelas de grande altitude, a Avenida dos Vulcões concentra nove dos dez picos mais altos do Equador. Foi assim batizada pelo explorador alemão Alexander von Humboldt, quando a visitou em 1802. Humboldt impressionou-se com a topografia do pequenino, porém multifacetado país.

Pudera. Ao todo, oito vulcões se sucedem no percurso. Nem os solavancos desviam os olhos dos visitantes, fixos na gravura natural.

Começamos por Pichincha, vulcão de 4.784 m de altitude. Passamos pelo Cotopaxi, de 5.897 m, o mais alto do globo em atividade --os guias costumam comparar sua silhueta à do monte Fuji, no Japão. Ao lado, Chimborazo (6.310 m), outrora considerada a montanha mais alta do mundo até 1852, quando o Everest, com 8.850 m de altitude, conquistou o título. Mas o vulcão equatoriano ainda detém um recorde: seu cume é o ponto mais afastado do centro da Terra e, conseqüentemente, o mais próximo do Sol.

Jóia inca

Pausa para se aquecer na cidade de Riobamba, de onde o trem parte na manhã seguinte em direção a Alausi. Não há raio solar que consiga levantar o termômetro. O frio desce um pouco mais, agora em direção ao estômago.

A viagem segue por aquela que já foi considerada a ferrovia de construção mais difícil do mundo --dada a geografia acidentada do terreno--, edificada por norte-americanos em 1899, a mando do então presidente Eloy Alfaro (1842-1912). O objetivo é chegar ao Nariz do Diabo, uma parede de rocha quase perpendicular ao solo que forma um cânion profundo sobre o rio Chan-Chan.

O trem ziguezagueia por 800 m íngremes, cortando montanhas. Descendo as encostas, as linhas férreas parecem escoradas no ar. Ninguém mais se lembra do frio. Conforme o vagão percorre o desfiladeiro, o temor é quem dita a temperatura corpórea. Dá um suador danado, uma vontade louca de descer, mas, quando acaba, é impossível esquecer.

Pés no chão, a viagem segue de ônibus para Cuenca, considerada a "pérola" equatoriana, que divide com Cuzco (Peru) a honra de ser a cidade mais importante do Império Inca. Fundada pelos índios cañaris, Cuenca foi conquistada pelos incas no século 15. Tombada como patrimônio da humanidade pela Unesco em 1999, exibe ruas estreitas e igrejas por toda parte, herança acumulada ao longo dos séculos 16, 17 e 18. Praças, conventos, hotéis e pousadas charmosos --antigas mansões dos colonizadores--, bons restaurantes, bares agitados e turistas em harmonia com um povo simpático e receptivo.

É em Cuenca que se produz o famoso chapéu panamá. O adereço tem esse nome porque era exportado pelo canal, onde foi muito popular entre os operários que o construíram. Confeccionado por índios desde o século 17, é feito de uma palha fina que cresce na região de Guayaquil.

Para encerrar a viagem, uma pausa mais demorada em Quito. A 2.850 m de altitude, a cidade combina natureza e patrimônio histórico. É dividida em parte Velha, onde está o centro histórico, e Nova, reduto de redes de hotéis, escritórios comerciais e residências dos afortunados. Os mais belos edifícios estão na parte velha, recentemente restaurada.

Só igrejas, são 40. A cúpula da de San Francisco, um dos maiores exemplos do barroco, é folhada a ouro. Museus? São 12. Do La Ciudad, que exibe o cotidiano da cidade desde antes da chegada dos espanhóis, até o Guayasamín, com obras do pintor Oswaldo Guayasamín (1919-1999), um dos melhores da América Latina.

Difícil é conter a tentação de pisar no La Mitad del Mundo, monumento que permite ficar com um pé no hemisfério Sul e outro no Norte. Há quem conteste e afirme que a obra, construída em 1936, não está exatamente sobre a linha do Equador. Mais ao Norte ou ao Sul, pouco importa. O Equador está acima de qualquer linha imaginária.

INDISPENSÁVEL: vacina contra febre amarela deve ser tomada dez dias antes do embarque

COMO CHEGAR a Taca, tel. 0800-7618222 (www.taca.com), tem vôos para a capital, Quito, diariamente, às 6h10, com conexão em Lima (Peru), a partir de US$ 802

QUEM LEVA: Climb Tour Operator, tel. 5542-8166 (www.climb.tur.br). A partir de US$ 1.768. Inclui aéreo, traslados, seis noites em apto. duplo com café da manhã, refeições, excursões com guia e assistência médica. Jazz Turismo, tel. 3101-3544 (www.jazztour.com.br). A partir de US$ 1.180. Inclui aéreo, traslados, cinco noites em apto. duplo com café da manhã, passeios e assistência médica. Viagem Aventura, tel. 3708-6200 (www.viagemaventura.com.br). A partir de US$ 3.049. Inclui aéreo, traslados, oito noites em apto. duplo com café da manhã, sendo três noites em Galápagos com pensão completa, excursões com guia local e assistência médica.

Roberto de Oliveira viajou a convite da Taca e da Climb Tour Operator.

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