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11/08/2005
-
11h07
Enviada especial da Folha de S.Paulo ao interior fluminense
Após um dia de trabalho, você chega a sua casa e abre a porta, que data do final do século 18. Para alcançar o quarto, sobe por uma escadaria que foi pisada por um barão. O engenheiro Gabriel Fonseca, 67, é o felizardo que enfrenta essa simpática rotina.
Em 1976 Fonseca comprou a fazenda Monte Alegre, em Paty do Alferes (município a 119 km do Rio de Janeiro), quase em ruínas. Após seis anos de reforma, a casa ficou pronta, e, morando na propriedade com a família há dez anos, o engenheiro agora abre as portas centenárias de sua propriedade aos turistas.
As visitas são feitas apenas com agendamento e não incluem refeições nem hospedagem. Circulam-se pela fachada neoclássica (original, com portas e janelas intercaladas no térreo e ostensivas sacadas no segundo andar), pela capela (que antes era ligada à casa por um corredor) e pelas salas de jantar (com parte da mesa ainda da era do barão) e de estar (mobiliada com peças de época).
Na saída, o visitante pula do refinamento do ciclo do café à contemporaneidade da arte cinética. Fonseca também é escultor e espalhou suas obras, de grandes dimensões, pelos jardins que fazem fundo ao casarão --o que ele batizou de Parque de Esculturas Lucia Miguel Pereira (em homenagem a sua mãe, que foi também crítica literária).
"Hoje eu me aposentei como engenheiro, mas, quando eu costumava passar dias em uma obra, fazia esculturas como um hobby, depois do expediente", conta.
Suas obras de aço pintado transpiram a matemática da engenharia: grandes círculos, pássaros, cubos e veleiros se movimentam à revelia de seu criador, guiados pelo vento.
Do café à hospedaria
A sede da Monte Alegre, com 800 mil metros quadrados de área, foi símbolo do poder do barão de Paty, Francisco Peixoto de Lacerda Werneck, detentor de sete fazendas produtoras de café.
Em 1920, com a crise da superprodução cafeeira vindo a galope há duas décadas, os aposentos da família Werneck se tornaram os quartos do Parque Hotel Monte Alegre, que deve ter funcionado durante toda a década --não se sabe ao certo a data de seu fechamento. O que se sabe é que a fazenda ficou por anos abandonada, até que o engenheiro Fonseca resolveu fazer dela o lar de suas esculturas, que, agora, virou destino do interior fluminense.
Fazenda Monte Alegre - r. Beira Rio, 7, tel.: 0/xx/24/2484-4269. Visitas: R$ 15 por pessoa (para um mínimo de dez participantes)
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Esculturas ocupam terreno de café em Paty do Alferes
JULIANA DORETTOEnviada especial da Folha de S.Paulo ao interior fluminense
Após um dia de trabalho, você chega a sua casa e abre a porta, que data do final do século 18. Para alcançar o quarto, sobe por uma escadaria que foi pisada por um barão. O engenheiro Gabriel Fonseca, 67, é o felizardo que enfrenta essa simpática rotina.
Em 1976 Fonseca comprou a fazenda Monte Alegre, em Paty do Alferes (município a 119 km do Rio de Janeiro), quase em ruínas. Após seis anos de reforma, a casa ficou pronta, e, morando na propriedade com a família há dez anos, o engenheiro agora abre as portas centenárias de sua propriedade aos turistas.
As visitas são feitas apenas com agendamento e não incluem refeições nem hospedagem. Circulam-se pela fachada neoclássica (original, com portas e janelas intercaladas no térreo e ostensivas sacadas no segundo andar), pela capela (que antes era ligada à casa por um corredor) e pelas salas de jantar (com parte da mesa ainda da era do barão) e de estar (mobiliada com peças de época).
Na saída, o visitante pula do refinamento do ciclo do café à contemporaneidade da arte cinética. Fonseca também é escultor e espalhou suas obras, de grandes dimensões, pelos jardins que fazem fundo ao casarão --o que ele batizou de Parque de Esculturas Lucia Miguel Pereira (em homenagem a sua mãe, que foi também crítica literária).
"Hoje eu me aposentei como engenheiro, mas, quando eu costumava passar dias em uma obra, fazia esculturas como um hobby, depois do expediente", conta.
Suas obras de aço pintado transpiram a matemática da engenharia: grandes círculos, pássaros, cubos e veleiros se movimentam à revelia de seu criador, guiados pelo vento.
Do café à hospedaria
A sede da Monte Alegre, com 800 mil metros quadrados de área, foi símbolo do poder do barão de Paty, Francisco Peixoto de Lacerda Werneck, detentor de sete fazendas produtoras de café.
Em 1920, com a crise da superprodução cafeeira vindo a galope há duas décadas, os aposentos da família Werneck se tornaram os quartos do Parque Hotel Monte Alegre, que deve ter funcionado durante toda a década --não se sabe ao certo a data de seu fechamento. O que se sabe é que a fazenda ficou por anos abandonada, até que o engenheiro Fonseca resolveu fazer dela o lar de suas esculturas, que, agora, virou destino do interior fluminense.
Fazenda Monte Alegre - r. Beira Rio, 7, tel.: 0/xx/24/2484-4269. Visitas: R$ 15 por pessoa (para um mínimo de dez participantes)
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