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29/08/2005 - 10h59

Paredões do cânion de Talampaya lembram vale dos dinossauros

ANA LUCIA BUSCH
para a Revista da Folha

O bosque de algarobeiras, com seus galhos quase secos brotando do caule tortuoso, sombreia uns poucos bancos de madeira e quase faz esquecer o deserto que domina a paisagem do Parque Nacional de Talampaya, no noroeste da Argentina. O verde escuro das folhas e o amarelo pálido das flores contrastam com os tons de vermelho e ferrugem dos paredões de arenito com mais de 150 m de altura dos cânions, freqüentados por águias e condores.

Essa paisagem árida, umas das mais famosas e fotografadas do país, ocupa 215 mil hectares na província de La Rioja, embora a visitação esteja limitada a apenas três pequenos circuitos turísticos. Ali, segundo as regras do parque, que mudam de tempos em tempos, só é possível percorrer os roteiros preestabelecidos acompanhado de guias locais, em veículos da única agência que explora o turismo no local.

No passeio mais comum, com três horas de duração, os grupos partem de um pequeno restaurante na entrada principal para conhecer os cânions com 4 km de extensão e as formações conhecidas como "cajones". Pelo caminho, podem observar petróglifos, figurativos ou abstratos que tornam a região um dos sítios mais importantes de arte rupestre na Argentina. São marcas da ocupação humana, que, estima-se, tenha ocorrido entre os anos 120 e 1180 d.C.

Conforme o veículo avança pelo leito completamente seco do rio Talampaya, a vegetação muda, sem perder sua característica espinhosa e atarracada, até a entrada no leito do cânion. No meio dos paredões, um enorme rasgo na pedra alaranjada, conhecido como Chaminé por seu formato perfeitamente arredondado, emite um eco impressionante. Guanacos curiosos observam gritos de turistas repetindo-se nas paredes.

Ao final do trajeto, surgem curiosas formações, incluindo a coluna solitária conhecida como "O Monge" e as rochas pontiagudas batizadas de "A Catedral e as Torres". Em qualquer parte do caminho, as luzes suaves da manhã realçam o jogo de luzes e sombras e a riqueza de cores dos paredões.

Mas Talampaya não vive apenas de turismo. O rico patrimônio paleontológico coloca a região no centro do "vale dos dinossauros" argentino. Pela abundância de fósseis do período triássico, uma era pouco conhecida da história geológica do planeta, o parque foi incluído na lista do Patrimônio Natural da Humanidade pela Unesco em 2000, juntamente com o parque estadual vizinho Ischigualasto. Foram descobertos ali esqueletos fósseis de alguns dos primeiros animais a caminharem sobre a Terra, há cerca de 250 milhões de anos, incluindo dinossauros e tartarugas.

Quase alheias à passagem do tempo, vilinhas próximas reúnem a pouca infra-estrutura da região. A pequena San Augustín de Valle Fértil, encravada em meio a trigais e olivais, abriga um hotel simples. Ainda mais próxima da entrada do parque, a aldeia de Pagancillo, a 35 km, limita-se a algumas ruas de terra, onde há pequenas pousadas familiares e uns poucos restaurantes.

Para quem procura mais conforto, vale se hospedar em San Juan, de onde partem excursões para Talampaya e Ischigalasto, com suas curiosas formações geológicas. Mas, seja qual for sua rota para cruzar o deserto multicolorido, a região de Talampaya desperta a imaginação e coloca milhares de questões sobre sua geografia pré-histórica e inscrições pré-colombianas. E as respostas provavelmente estão ali mesmo, junto de outros prováveis tesouros arqueológicos ainda escondidos entre suas pedras.

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