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26/01/2006
-
11h41
Colaboração para a Folha de S.Paulo, no Egito
Caótica e romântica, o Cairo, principal porta de entrada do Egito, pode cativar ou repelir o visitante, mas é talvez preciso aceitar e entender que os dois aspectos andam juntos e tornam a capital um lugar marcante.
A cidade, de 16 milhões de moradores, é densamente habitada, barulhenta, e o trânsito é desordenado. Transeuntes ziguezagueiam por entre os carros. Motoristas acionam buzinas sem motivo aparente. A experiência de atravessar uma avenida movimentada pela primeira vez renderá boas anedotas, mas pode se tornar cansativa.
Por outro lado, cafés esfumaçados por narguilés, a visão das pirâmides de Gizé e os barcos no Nilo e o entoar de orações nas mesquitas dão à cidade aquele ar mítico que povoa o imaginário ocidental desde o século 19, quando o Egito encantou europeus e americanos, como Gustave Flaubert e Mark Twain.
Dois ou três dias são suficientes para conhecer suas principais atrações. O Museu Egípcio e as pirâmides de Gizé, a oeste dali, evocam o universo dos faraós. Já lugares como o Cairo Islâmico e a Cidadela oferecem um mergulho no mundo muçulmano e árabe.
Pirâmides e tesouros
O Museu Egípcio, às margens do Nilo, tem o interior quente, mal iluminado, e nem todas as peças estão identificadas, o que é uma pena. Mas, ainda assim, deve ser visitado: guarda mais de 120 mil relíquias, entre múmias, sarcófagos, jóias e esculturas.
Em destaque estão os tesouros de Tutancâmon, o jovem faraó que reinou de 1336 a.C. a 1327 a.C. e ficou famoso quando sua tumba foi encontrada, recheada de objetos preciosos, em 1922, no Vale dos Reis. Lá estão a máscara funerária de ouro maciço de 11 quilos e o trono folheado a ouro com desenho do faraó e de sua mulher untando-o com bálsamo. Também se vêem algumas múmias reais, essas em uma sala climatizada. Ramsés 2º, sem as ataduras em volta do rosto, mãos e pés, mostra a excelência alcançada pelos egípcios no processo de mumificação.
Do outro lado do Nilo, a oeste do Cairo, fica Gizé, onde estão as famosas pirâmides Quéops, Quéfren e Miquerinos e a esfinge, além dos camelos que convidam a um passeio pelas areias do deserto. Uma das sete maravilhas do mundo, as pirâmides medem de 62 metros a 137 metros de altura e impressionam. A de Quéops tem mais de 4.000 anos.
A proximidade da cidade e a falta de boa estrutura para turistas tiram um pouco do encanto da visita. É possível entrar nos monumentos, pagando uma taxa extra além da entrada para a área. O interior é sem pinturas. Ao lado da pirâmide de Quéops, um museu abriga uma bela barca solar reconstruída. Ela teria trazido a múmia do faraó e depois sido enterrada para transportá-lo no além.
Hotéis do Cairo oferecem tours para visitar Gizé e também as pirâmides de Saqqara. De táxi, uma corrida do centro do Cairo para Gizé sai por cerca de 15 libras egípcias (R$ 6). Se quiser visitar Saqqara, é bom combinar o preço antes de deixar a cidade.
Dança
Após a era dos cultos aos deuses, o Egito tornou-se cristão sob os romanos e, depois da invasão árabe, em 640, predominantemente muçulmano.
O bairro do Cairo Islâmico abriga mais de 800 monumentos, entre eles a mesquita Al-Azhar. Fundada em 970, é considerada a universidade mais antiga do mundo. Guias aguardam os turistas na entrada, que é gratuita (mas eles pedirão uma colaboração em dinheiro pelas informações), e o conduzem ao interior, uma ilha de calmaria no animado bairro, mostrando a arquitetura harmoniosa. Aproveite para observar os freqüentadores, que meditam, oram e até tiram uma soneca.
Próximo da mesquita fica o bazar Khan al-Kalili, que, desde o século 14, é um labirinto de lojas abarrotadas com tudo que se possa imaginar, sem esquecer as estatuetas de gatos e de pirâmides.
À noite, a pedida é assistir a uma apresentação de dança sufi na Cidadela, uma fortificação que começou a ser erguida em 1176 por Saladino para proteger a cidade contra os cruzados cristãos. Hoje é um complexo de mesquitas, palácios e museus.
A apresentação, gratuita, acontece ao ar livre, sob a luz do luar. A dança é originalmente uma forma de culto de uma seita mística muçulmana em que os participantes atingem um estado de êxtase.
Na Cidadela, músicos tocam instrumentos de percussão e de sopro enquanto homens giram ininterruptamente, como piões, e suas saias pesadas e coloridas erguem-se com a força dos rodopios, criando padrões ondulantes. Quem fica extasiado são os espectadores. A corrida de táxi, do centro até a Cidadela, sai por cerca de 15 libras egípcias (R$ 6).
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CHIAKI KAREN TADAColaboração para a Folha de S.Paulo, no Egito
Caótica e romântica, o Cairo, principal porta de entrada do Egito, pode cativar ou repelir o visitante, mas é talvez preciso aceitar e entender que os dois aspectos andam juntos e tornam a capital um lugar marcante.
A cidade, de 16 milhões de moradores, é densamente habitada, barulhenta, e o trânsito é desordenado. Transeuntes ziguezagueiam por entre os carros. Motoristas acionam buzinas sem motivo aparente. A experiência de atravessar uma avenida movimentada pela primeira vez renderá boas anedotas, mas pode se tornar cansativa.
Por outro lado, cafés esfumaçados por narguilés, a visão das pirâmides de Gizé e os barcos no Nilo e o entoar de orações nas mesquitas dão à cidade aquele ar mítico que povoa o imaginário ocidental desde o século 19, quando o Egito encantou europeus e americanos, como Gustave Flaubert e Mark Twain.
Dois ou três dias são suficientes para conhecer suas principais atrações. O Museu Egípcio e as pirâmides de Gizé, a oeste dali, evocam o universo dos faraós. Já lugares como o Cairo Islâmico e a Cidadela oferecem um mergulho no mundo muçulmano e árabe.
Pirâmides e tesouros
O Museu Egípcio, às margens do Nilo, tem o interior quente, mal iluminado, e nem todas as peças estão identificadas, o que é uma pena. Mas, ainda assim, deve ser visitado: guarda mais de 120 mil relíquias, entre múmias, sarcófagos, jóias e esculturas.
Em destaque estão os tesouros de Tutancâmon, o jovem faraó que reinou de 1336 a.C. a 1327 a.C. e ficou famoso quando sua tumba foi encontrada, recheada de objetos preciosos, em 1922, no Vale dos Reis. Lá estão a máscara funerária de ouro maciço de 11 quilos e o trono folheado a ouro com desenho do faraó e de sua mulher untando-o com bálsamo. Também se vêem algumas múmias reais, essas em uma sala climatizada. Ramsés 2º, sem as ataduras em volta do rosto, mãos e pés, mostra a excelência alcançada pelos egípcios no processo de mumificação.
Do outro lado do Nilo, a oeste do Cairo, fica Gizé, onde estão as famosas pirâmides Quéops, Quéfren e Miquerinos e a esfinge, além dos camelos que convidam a um passeio pelas areias do deserto. Uma das sete maravilhas do mundo, as pirâmides medem de 62 metros a 137 metros de altura e impressionam. A de Quéops tem mais de 4.000 anos.
A proximidade da cidade e a falta de boa estrutura para turistas tiram um pouco do encanto da visita. É possível entrar nos monumentos, pagando uma taxa extra além da entrada para a área. O interior é sem pinturas. Ao lado da pirâmide de Quéops, um museu abriga uma bela barca solar reconstruída. Ela teria trazido a múmia do faraó e depois sido enterrada para transportá-lo no além.
Hotéis do Cairo oferecem tours para visitar Gizé e também as pirâmides de Saqqara. De táxi, uma corrida do centro do Cairo para Gizé sai por cerca de 15 libras egípcias (R$ 6). Se quiser visitar Saqqara, é bom combinar o preço antes de deixar a cidade.
Dança
Após a era dos cultos aos deuses, o Egito tornou-se cristão sob os romanos e, depois da invasão árabe, em 640, predominantemente muçulmano.
O bairro do Cairo Islâmico abriga mais de 800 monumentos, entre eles a mesquita Al-Azhar. Fundada em 970, é considerada a universidade mais antiga do mundo. Guias aguardam os turistas na entrada, que é gratuita (mas eles pedirão uma colaboração em dinheiro pelas informações), e o conduzem ao interior, uma ilha de calmaria no animado bairro, mostrando a arquitetura harmoniosa. Aproveite para observar os freqüentadores, que meditam, oram e até tiram uma soneca.
Próximo da mesquita fica o bazar Khan al-Kalili, que, desde o século 14, é um labirinto de lojas abarrotadas com tudo que se possa imaginar, sem esquecer as estatuetas de gatos e de pirâmides.
À noite, a pedida é assistir a uma apresentação de dança sufi na Cidadela, uma fortificação que começou a ser erguida em 1176 por Saladino para proteger a cidade contra os cruzados cristãos. Hoje é um complexo de mesquitas, palácios e museus.
A apresentação, gratuita, acontece ao ar livre, sob a luz do luar. A dança é originalmente uma forma de culto de uma seita mística muçulmana em que os participantes atingem um estado de êxtase.
Na Cidadela, músicos tocam instrumentos de percussão e de sopro enquanto homens giram ininterruptamente, como piões, e suas saias pesadas e coloridas erguem-se com a força dos rodopios, criando padrões ondulantes. Quem fica extasiado são os espectadores. A corrida de táxi, do centro até a Cidadela, sai por cerca de 15 libras egípcias (R$ 6).
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