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26/01/2006 - 11h42

Faraós gigantes guardam santuário no sul de Assuã

CHIAKI KAREN TADA
Colaboração para a Folha de S.Paulo, no Egito

Em Assuã, no sul do Egito, o rio Nilo é pontuado por ilhas e por embarcações a vela chamadas de falucas. Acompanhar seu movimento ao pôr-do-sol é programa recomendado para relaxar.

Para chegar a Assuã do Cairo, um meio prático é pegar o trem noturno (cerca de US$ 50), numa viagem de 14 horas, com duas refeições e cabines com assentos que se transformam em cama.

Assuã foi por séculos entreposto de rotas de caravanas. O souq ainda hoje é animado, especialmente à noite. Turistas e vendedores negociam echarpes, camisas, túnicas, canela, açafrão, chás, chaveiros, bananas e pêssegos. Tudo em um ambiente informal.

Das mesquitas iluminadas, ouvem-se as orações. Nos cafés, homens vestidos com camisas e calça ou longas túnicas de algodão tomam chá. Curiosamente, as únicas mulheres vistas nesses cafés são as turistas.

Na ilha de Elefantine, no meio do Nilo, tradicionais vilarejos núbios também aguardam os visitantes. Na avenida à beira do Nilo, condutores de falucas oferecem passeios para ver a ilha e outras adjacentes.

O Museu Núbio, na cidade, é considerado um dos melhores do país. Foi erguido para preservar a cultura núbia depois da decisão de construir a represa ao sul da cidade, o que inundou as terras desse povo.

Transposição de templos

A represa de Assuã, seguida anos depois por outra, a High Dam, mudou a paisagem do Egito. Além de causar inundação ao sul, criando o lago Nasser, ampliou a área cultivável e obrigou a transposição dos templos de Ramsés 2º (reinado de 1279 a 1213 a.C.) e de sua mulher, Nefertari, em Abu Simbel, a 280 quilômetros ao sul.

Os templos foram originalmente escavados na encosta de uma montanha. Como o local ia ficar submerso, um morro idêntico ao original foi erguido em um ponto longe das águas. Paredes, colunas e esculturas de pedra foram cortadas, transportadas e remontadas.

O templo de Ramsés 2º é dedicado aos deuses Ra-Harakhty, Amun e Ptah. A fachada, de 30 metros de altura, é dominada por quatro gigantescas estátuas de Ramsés 2º, das quais três estão intactas. Os Ramsés de pedra impressionavam quem subia o Nilo e adentrava o território egípcio. Uma antiga estratégia de marketing pessoal. Lá dentro, cenas esculpidas na parede (algumas ainda coloridas) retratam o faraó em suas conquistas, como a dos hititas, ou em frente aos deuses. O templo de Nefertari, ao lado, é menor e mais simples.

Para chegar a Abu Simbel, é preciso acordar cedo e encarar uma longa jornada a partir de Assuã. Vans e ônibus partem em comboio, para garantir a segurança, às 4h30, numa viagem de cerca de três horas (só de ida). Na estrada, vê-se apenas o deserto, com cara de poucos amigos.

Chega-se aos templos por volta das 7h30, quando ainda não está muito quente. Se o seu meio de transporte for uma van sem ar-condicionado, o que não é difícil acontecer no caso dos viajantes independentes, você vai achar ótimo. A visita é rápida, mas o suficiente para se impressionar com esses monumentos e apreciar o azul do lago Nasser à frente.

Na hora de comprar o tour, à venda em todos os hotéis, o turista pode optar por um passeio mais longo, que inclui a ilha de Filae, onde fica um templo de Isis.

O santuário também mudou de lugar por causa da construção das represas no Nilo, na década de 1970. A nova ilha de Filae foi até lapidada para se parecer com a ilha original. Mesmo depois que os romanos impuseram o cristianismo, o culto a Isis na ilha resistiu por mais dois séculos, chegando aos meados de 550.

Os últimos hieróglifos foram inscritos na ilha. A escrita egípcia, usada por mais de 3.500 anos, somava mais de 6.000 símbolos. Ao inscrevê-los nos monumentos, os egípcios acreditavam que os desenhos adquiriam poderes divinos.

O complexo é formado por templos adjacentes e o santuário principal. Como é típico dos templos, tem pilonos (pórtico), sala hipostila e o recinto sagrado, onde havia uma estátua de ouro da deusa. Nas paredes vêem-se Isis com seu marido, Osiris, outras divindades e homens que governaram o Egito, como ptolemaicos e romanos.

O santuário chegou a ser em parte convertido em capela cristã. Infelizmente, aqui, como em muitos outros templos, muitas cenas gravadas nas paredes foram danificadas por terem sido consideradas pagãs. Quando os muçulmanos chegaram, por sua vez, também danificaram as inscrições. Mesmo assim, o complexo de Isis é um lugar pitoresco, bom para terminar o dia de passeio. Os tours para Abu Simbel e Filae terminam por volta das 14h.

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