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09/03/2006
-
12h34
Enviado especial da Folha de S.Paulo a Moscou
Exaltada pelo poeta Vladimir Maiacóvski (1893-1930) como o centro do mundo, a praça Vermelha tem um ligeiro declive que parece acompanhar a curvatura da Terra. Cenário de coroações, execuções e desfiles militares, é o palco principal da vida pública russa.
Como se possuísse um estranho magnetismo, é inevitável ser atraído por ela. E o mapa de Moscou é como uma teia de aranha em cujo centro está a praça, que de vermelha tem só o nome. Em russo antigo (krasnaya ploschad), pode significar tanto "vermelha" quanto "bela". Acredita-se que a praça tenha recebido esse nome no século 17 (com o sentido de "bela"), portanto nada associado à cor relacionada ao comunismo.
E a bela praça faz jus ao nome, forma um conjunto arquitetônico extremamente original. De um lado está o muro do Kremlin com suas torres e o mausoléu de Lênin. Do outro, o GUM, antiga loja de departamentos e hoje um centro de compras. Numa extremidade, fica o Museu Histórico; na outra, a catedral de São Basílio.
A praça era originalmente coberta por construções de madeira até 1493, quando Ivan 3º ordenou abri-la pela suscetibilidade a incêndios. Foi usada para várias cerimônias, inclusive coroação de czares e execuções. A praça perdeu muita de sua importância com a transferência da capital para São Petersburgo, em 1712. Com os bolcheviques e o retorno da capital para Moscou em 1918, foi lugar de demonstrações e paradas. A mais dramática foi a de 1941, quando tanques saíram dali direto para o front de batalha.
Com sua profusão de cúpulas multicoloridas em forma de cebola, a catedral de São Basílio é do século 16, por mais psicodélica que pareça ser. Foi encomendada pelo czar Ivan, o Terrível, para comemorar a vitória sobre os tártaros em 1552. É curioso notar como a catedral, relativamente pequena, tem o poder de simbolizar a maior nação do mundo em extensão, pelo menos no imaginário dos estrangeiros.
É também inevitável a curiosidade de visitar o mausoléu de Lênin. Embalsamado, o corpo do líder soviético pode ser visto (e ainda venerado por alguns) depois da fila que já foi muito mais longa. Aos pés do muro do Kremlin estão enterrados Yuri Gagarin, Brejnev e Stálin, entre outros.
Junto à praça Vermelha, está o Kremlin. Associado ao poder da Rússia desde o século 12 e temido durante os anos da Guerra Fria, é uma cidadela fortificada às margens do rio Moscou e sede do governo. Muitas áreas são restritas, mas seus mais importantes monumentos podem ser visitados.
E eles incluem sobretudo o Arsenal (onde há coroas, roupas, jóias e outros objetos dos czares) e a praça das Catedrais, do século 14, a mais antiga da cidade, embora os edifícios que se vêem hoje sejam de época posterior. Nada menos que cinco das mais importantes igrejas da Rússia estão aqui.
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Rússia: Vermelha é palco da vida moscovita
TUCA VIEIRAEnviado especial da Folha de S.Paulo a Moscou
Exaltada pelo poeta Vladimir Maiacóvski (1893-1930) como o centro do mundo, a praça Vermelha tem um ligeiro declive que parece acompanhar a curvatura da Terra. Cenário de coroações, execuções e desfiles militares, é o palco principal da vida pública russa.
Como se possuísse um estranho magnetismo, é inevitável ser atraído por ela. E o mapa de Moscou é como uma teia de aranha em cujo centro está a praça, que de vermelha tem só o nome. Em russo antigo (krasnaya ploschad), pode significar tanto "vermelha" quanto "bela". Acredita-se que a praça tenha recebido esse nome no século 17 (com o sentido de "bela"), portanto nada associado à cor relacionada ao comunismo.
E a bela praça faz jus ao nome, forma um conjunto arquitetônico extremamente original. De um lado está o muro do Kremlin com suas torres e o mausoléu de Lênin. Do outro, o GUM, antiga loja de departamentos e hoje um centro de compras. Numa extremidade, fica o Museu Histórico; na outra, a catedral de São Basílio.
A praça era originalmente coberta por construções de madeira até 1493, quando Ivan 3º ordenou abri-la pela suscetibilidade a incêndios. Foi usada para várias cerimônias, inclusive coroação de czares e execuções. A praça perdeu muita de sua importância com a transferência da capital para São Petersburgo, em 1712. Com os bolcheviques e o retorno da capital para Moscou em 1918, foi lugar de demonstrações e paradas. A mais dramática foi a de 1941, quando tanques saíram dali direto para o front de batalha.
Com sua profusão de cúpulas multicoloridas em forma de cebola, a catedral de São Basílio é do século 16, por mais psicodélica que pareça ser. Foi encomendada pelo czar Ivan, o Terrível, para comemorar a vitória sobre os tártaros em 1552. É curioso notar como a catedral, relativamente pequena, tem o poder de simbolizar a maior nação do mundo em extensão, pelo menos no imaginário dos estrangeiros.
É também inevitável a curiosidade de visitar o mausoléu de Lênin. Embalsamado, o corpo do líder soviético pode ser visto (e ainda venerado por alguns) depois da fila que já foi muito mais longa. Aos pés do muro do Kremlin estão enterrados Yuri Gagarin, Brejnev e Stálin, entre outros.
Junto à praça Vermelha, está o Kremlin. Associado ao poder da Rússia desde o século 12 e temido durante os anos da Guerra Fria, é uma cidadela fortificada às margens do rio Moscou e sede do governo. Muitas áreas são restritas, mas seus mais importantes monumentos podem ser visitados.
E eles incluem sobretudo o Arsenal (onde há coroas, roupas, jóias e outros objetos dos czares) e a praça das Catedrais, do século 14, a mais antiga da cidade, embora os edifícios que se vêem hoje sejam de época posterior. Nada menos que cinco das mais importantes igrejas da Rússia estão aqui.
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