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20/04/2006 - 11h36

Chile: Para paulistano, centro parece íntimo

JULIANA DORETTO
Colaboração para a Folha de S.Paulo, no Chile

Para um paulistano, sair de uma estação do metrô no centro de Santiago é ter uma sensação familiar. As mesmas ruas estreitas, fachadas antigas e cinzentas, calçadões, postes erguidos em um outro século. Há até torcedores com olhos vidrados em um jogo transmitido pela TV. Muito parecido com a nossa torcida de Copa do Mundo, não? Seria, se a bola usada não fosse muito menor (era um jogo de tênis entre Chile e EUA pela Copa Davis). Sinal de que nem tudo é tão igual assim.

Uma das peculiaridades do centro são os clubes Unión da calle Nueva York. O primeiro é o Club de la Unión (com entrada pela Alameda), uma sociedade aristocrática fundada em 1864 e que, desde então, só aceita homens como membros --e eles são 1.300.

Teoricamente, é proibido entrar no edifício, construído em 1925, com traços neoclássicos e renascentistas, tombado como patrimônio histórico. Mas, batendo um papo com o porteiro simpático, Carlos (há 37 anos como empregado do clube), dá ao menos para tentar dar uma espiadinha do salão principal. E fazer fotos? "Nem pensar. Isso é como uma casa particular. Você gostaria que tirassem fotos da sua casa?", responde o porteiro. E o que eles fazem aí? "Almoços, reuniões de negócios, manifestações. Jogam cartas, entram na piscina."

Casa mais animada e de acesso democrático é o Unión Bar e Restaurante --que fica defronte à lateral do clube refinado. Em dois salões escuros, com decoração à moda dos anos 50 (o lugar funciona há mais de 70 anos), garçons veteranos atendem a clientes veteranos, que falam alto, gargalham e contam vantagem, enquanto bebem a borgoña, uma bebida feita com vinho, açúcar e frutas. Um Club de La Unión ao revés, para resumir a história.

Santiago também tem seu mercado, mas com aromas e sabores um tanto diferentes dos do mercado paulistano. São corredores escuros e molhados, que exalam um forte cheiro de peixe e frutos do mar --vendidos crus, nas bancas, ou cozidos, nos restaurantes chamados de marisquerias.

As mais simples estão nas laterais, enquanto as mais bem arrumadas (e turísticas) ficam no centro. Em ambos os casos, há sempre um garçom oferecendo insistente e irritantemente o cardápio. Com as barracas, nada muda: os vendedores caçam clientes, ressaltando o frescor dos produtos.

"Quer um picopoco senhora?" "Assim, vivo?" "É muito saboroso, quer provar?" E o vendedor, segurando a espécie de caracol que abre e fecha a boca sem parar dentro de sua concha, espreme um limão em cima do bicho e o mata usando a ponta de uma faca. Então retira um pedaço do picopoco da concha: "Agora coma a parte branca". Sim, ele tem razão, é saboroso. Mas, mais adiante, um cartaz avisa ao turista esquecido: "Não coloque sua saúde em risco. Não coma mariscos crus".

Cardápio noturno

Um roteiro completo pelo centro tem de costurar a catedral, em frente à plaza de Armas --repare nos silenciosos jogos de xadrez que ocupam o coreto--, o Teatro Municipal (calle Agustinas, 794) e a Biblioteca Nacional (Alameda, 651). Além, é claro, da célebre sede do governo federal, o palácio de la Moneda, que antes não oferecia muito mais que a visita a seus pátios, mas que agora recebeu um centro cultural, construído no subsolo dos seus jardins.

Tamanha caminhada ocupa uma tarde inteira e merece terminar em uma mesa de cafeteria, sorveteria ou "fuente de soda" (mais conhecida por nós como lanchonete), que seguem funcionando depois do pôr-do-sol. Até as lojas fecharem as portas, por volta das 20h, o centro santiaguino vira uma grande happy hour, e as calçadas são palco para inusitados artistas populares --de imitadores dos Beatles a recitadores de poesia. Mais uma prova de que o centro de lá não é igual ao centro de cá.

Mercado Central - Na esquina das calles 21 de Mayo e San Pablo. Domingo a quinta, das 6h às 17h; sextas: até as 20h; sábados, até as 18h.

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