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01/06/2006
-
12h07
Colaboração para a Folha de S.Paulo, de Montevidéu
Não tem nada a ver com candomblé, a não ser a mesma origem: a cultura dos escravos negros que se desenvolveu sob a sombra das chibatas no continente americano. Um virou religião, o outro, música.
O candombe é o ritmo popular por excelência do Carnaval afro-uruguaio, paixão que lembra o samba e que ocupa as ruas e os teatros da capital ao lado das murgas --agrupações que satirizam acontecimentos e personalidades, sobretudo políticas, em espetáculos que unem atuação e música.
As apresentações duram 40 dias --dos fins de janeiro ao início de março--, o que faz os uruguaios se gabarem, não sem uma boa parcela de auto-zombaria, de ter "o maior Carnaval do mundo".
O melhor do candombe vem logo no início dos festejos: nas primeiras semanas de fevereiro, Montevidéu pára para ver e ouvir as "Llamadas", noite em que os mais de 30 grupos de candombe da cidade dançam pelas ruas dos bairros Sur e Palermo, perto do centro, com seus tambores e estandartes.
As calçadas e casas que conformam o perímetro do desfile ficam lotadas de admiradores e turistas. Para conseguir um lugar de onde seja realmente visível a passagem dos grupos, é necessário alugar uma das varandas com antecedência.
As "Llamadas" reproduzem e recordam um ritual herdado da escravidão negra, quando os cativos, na falta de outras possibilidades mais diretas de comunicação, chamavam e alertavam seus companheiros com o toque dos tambores.
No Carnaval uruguaio, as sonoridades de três deles permaneceram como baluartes: o "repique", o "chico" e o "piano", base sonora sobre a qual dançam as "vedetes" --mulheres nem sempre esculturais, mas com a mesma energia e orgulho das passistas brasileiras-, a "mama vieja" (personagem que simboliza as velhas escravas e que porta saia rodada, leque e pano na cabeça), o "gramillero" (companheiro da "mama vieja", figura encurvada que dança de chapéu e com a ajuda de uma bengala) e o "escobero" (bailarino que faz malabarismos com uma haste enquanto executa ágeis passos de dança).
Se para sambar bem o segredo está em conseguir coordenar, com graça, naturalidade e ritmo, o gingado dos quadris e o movimento de pernas e pés, no candombe a ordem é manter cintura e pés em segundo plano, enquanto os braços ganham destaque, alternando-se suave e sincopadamente.
Aprender não custa, literalmente, nada. Durante todo o ano, grupos saem às ruas para ensaios ou por pura diversão --especialmente nos bairros Sur e Palermo, redutos históricos da população negra de Montevidéu--, e então é possível entender melhor como é que funciona essa história de ouvir um batuque e sair balançando os braços, e não as cadeiras, por aí.
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DENISE MOTAColaboração para a Folha de S.Paulo, de Montevidéu
Não tem nada a ver com candomblé, a não ser a mesma origem: a cultura dos escravos negros que se desenvolveu sob a sombra das chibatas no continente americano. Um virou religião, o outro, música.
O candombe é o ritmo popular por excelência do Carnaval afro-uruguaio, paixão que lembra o samba e que ocupa as ruas e os teatros da capital ao lado das murgas --agrupações que satirizam acontecimentos e personalidades, sobretudo políticas, em espetáculos que unem atuação e música.
As apresentações duram 40 dias --dos fins de janeiro ao início de março--, o que faz os uruguaios se gabarem, não sem uma boa parcela de auto-zombaria, de ter "o maior Carnaval do mundo".
O melhor do candombe vem logo no início dos festejos: nas primeiras semanas de fevereiro, Montevidéu pára para ver e ouvir as "Llamadas", noite em que os mais de 30 grupos de candombe da cidade dançam pelas ruas dos bairros Sur e Palermo, perto do centro, com seus tambores e estandartes.
As calçadas e casas que conformam o perímetro do desfile ficam lotadas de admiradores e turistas. Para conseguir um lugar de onde seja realmente visível a passagem dos grupos, é necessário alugar uma das varandas com antecedência.
As "Llamadas" reproduzem e recordam um ritual herdado da escravidão negra, quando os cativos, na falta de outras possibilidades mais diretas de comunicação, chamavam e alertavam seus companheiros com o toque dos tambores.
No Carnaval uruguaio, as sonoridades de três deles permaneceram como baluartes: o "repique", o "chico" e o "piano", base sonora sobre a qual dançam as "vedetes" --mulheres nem sempre esculturais, mas com a mesma energia e orgulho das passistas brasileiras-, a "mama vieja" (personagem que simboliza as velhas escravas e que porta saia rodada, leque e pano na cabeça), o "gramillero" (companheiro da "mama vieja", figura encurvada que dança de chapéu e com a ajuda de uma bengala) e o "escobero" (bailarino que faz malabarismos com uma haste enquanto executa ágeis passos de dança).
Se para sambar bem o segredo está em conseguir coordenar, com graça, naturalidade e ritmo, o gingado dos quadris e o movimento de pernas e pés, no candombe a ordem é manter cintura e pés em segundo plano, enquanto os braços ganham destaque, alternando-se suave e sincopadamente.
Aprender não custa, literalmente, nada. Durante todo o ano, grupos saem às ruas para ensaios ou por pura diversão --especialmente nos bairros Sur e Palermo, redutos históricos da população negra de Montevidéu--, e então é possível entender melhor como é que funciona essa história de ouvir um batuque e sair balançando os braços, e não as cadeiras, por aí.
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