Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
14/09/2006 - 11h55

Lençóis Maranhenses: Travessia contorna a movimentação

FABIO SCHIVARTCHE
ANA CLÁUDIA MARTONI
Colaboração para a Folha de S.Paulo

A viagem narrada nesta edição de Turismo partiu de São Luís. Na mochila, muita disposição para caminhar. A viagem --com destaque para a travessia a pé do deserto dos Lençóis, que cobre uma área tão grande (155 mil hectares) como a da cidade de São Paulo-- termina em Caburé.

Folha Imagem
Sol nas dunas de Rio Novo
Sol nas dunas de Rio Novo
A opção mais conhecida de roteiro para Lençóis é a que é vendida com destaque pelas agências de turismo: passar alguns dias em Barreirinhas (a três horas de ônibus da capital maranhense) e de lá partir para passeios diários nas lagoas mais famosas, como a Azul e a Bonita. Pelas fotos das agências de turismo, parecem lugares lindos. Mas talvez não seja a melhor opção se você se incomoda com o barulho de dezenas de buggies trazendo turistas e ambulantes vendendo cerveja e camarão no espeto.

Nesse caso, com bom preparo físico (ninguém precisa ser atleta, mas sedentários dificilmente completam o percurso) e disposição, considere o trekking. São cerca de 30 km no primeiro dia (dez horas), 15 km no segundo (quatro horas) e uns 30 km no terceiro (sete horas, sendo metade pela praia). É uma caminhada pesada, mas com vantagens, em que é possível nadar em lagoas lindas e desertas e ver paisagens deslumbrantes principalmente ao amanhecer (sim, o dia começa cedo e escuro, por volta das 5h) e ao entardecer, quando o sol dá tonalidades de uma diversificada aquarela à areia bem branquinha.

O silêncio impera. Não haverá ambulantes empurrando artesanato local nem pessoas gritando ou rolando nas dunas. E os bugueiros, que não chegam nem perto dessas lagoas quase intocadas, não ficarão implorando para acabar o passeio mais cedo --cena comum no Nordeste.

Para fazer o trekking é necessário o auxílio de um guia local. Conhecemos o nosso, Paulo César Santos, em Santo Amaro, uma cidadezinha encravada no meio dos Lençóis.

Ele nos conduziu pelas dunas até o Canto dos Atins, já às margens do rio Preguiças, onde há diversos passeios de barco pelas vilas de pescadores da região. Nativo, Paulo César sabe onde a areia é mais firme e os passos ganham força. Conhece as principais lagoas, como a das Gaivotas --que serviu de cenário para o filme "Casa de Areia", com as atrizes Fernando Montenegro e Fernanda Torres. E sempre arranja um lugar para estender mais algumas redes para dormir nos dois oásis verdes que brotam no meio desse deserto.

Na primeira noite, a parada é na Queimada dos Britos. Na segunda, na Baixa Grande. O terceiro dia começa bem cedo, por volta das 4h. A lua cheia ilumina os passos, deixando um rastro prateado nas lagoas. Um cenário inesquecível. Depois de três horas nas dunas, enfim, a praia.

Para quem passou os últimos dias rodeado de paisagens maravilhosas, o mar aberto decepciona. A areia da praia é mais escura, assim como a água do Atlântico. Mas ainda assim é bom sentir o cheiro salgado que o vento constante sopra em sua direção. Depois de alguns quilômetros, surgem os ranchos --casebres de madeira, usados pelo povo dos oásis como refúgio para os dias de pesca marinha.

Pouco antes do meio-dia, quando o sol já começa a incomodar, chega-se ao Canto do Atins, o ponto final da caminhada. Ou o inicial, se você optar por fazer o trajeto inverso, recomendável para o segundo semestre, período em que o vento sopra muito forte e pode incomodar. Mas talvez mais importante do que o pequeno povoado de Canto do Atins seja o local escolhido para encerrar a travessia: o restaurante da Luzia, onde você poderá comer um dos melhores camarões grelhados de sua vida.

Depois de tanta caminhada, nada melhor do que uma boa refeição regada a uma cerveja gelada (lembre-se de que você passou as últimas 60 horas sem energia elétrica nem geladeira). De lá, mais uma caminhada (em torno de 40 minutos) até o ponto da praia em que uma lancha nos esperava. Mais 20 minutos sobre as ondas e aportamos em Caburé, bom lugar para escolher uma das confortáveis pousadas desse charmoso vilarejo para relaxar por dois dias. No final, não fossem as bolhas nos pés, talvez seja difícil saber se tudo não passou mesmo de um sonho azul e branco.

Travessia: Sacada Turismo (em São Luís) organiza o trekking. Agenda guia e reserva hospedagem antes, durante e depois da travessia, além de providenciar o transporte necessário tel.: 0/xx/98/3231-3225 ou 0/xx/98/8125-7666
Guia: Paulo César Santos tel.: 0/xx/98/3369-1066


Leia mais
  • Veja algumas opções e pacotes para Lençóis Maranhenses
  • Paisagem desértica e água definem a região
  • Estrela de filme, Santo Amaro tem acesso difícil
  • Maranhão: Estado tem emaranhado de influências com belas paisagens
  • Maranhão: Lençóis Maranhenses pode parecer um deserto, mas não é
  • Maranhão: Cupuaçu vira pudim e sorvete
  • Maranhão: Ziguezague do rio Preguiças alinhava mangue e povoados
  • Maranhão: São Luís enfeixa elevadas doses de ares portugueses
  • Maranhão: Para puristas, a capital é a do bumba-meu-boi
  • Maranhão: Buriti trama acessório para exportação
  • Maranhão: Comida tem toque de sincretismo

    Especial
  • Veja galeria de imagens do Maranhão
  •  

    Sobre a Folha | Expediente | Fale Conosco | Mapa do Site | Ombudsman | Erramos | Atendimento ao Assinante
    ClubeFolha | PubliFolha | Banco de Dados | Datafolha | FolhaPress | Treinamento | Folha Memória | Trabalhe na Folha | Publicidade

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade