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25/10/2002 - 16h51

Coréia contrasta cidades industriais e aldeias típicas

ANA LUCIA BUSCH
Diretora-executiva da Folha Online
CAIO VILELA
Especial para a Folha de S.Paulo

A representação mais perfeita da Coréia está justamente no centro da sua bandeira, no círculo dividido ao meio. O vermelho na parte superior simboliza o Yin (o masculino, o ativo, o céu, o dia), e o azul, abaixo, o Yang (o feminino, o passivo, a terra, a noite). Na junção dos opostos, a harmonia entre as duas forças cósmicas que regem o universo.

Mas essa imagem de dualidade poderia também simbolizar as diferenças gritantes entre a modernidade da capital Seul e a paisagem rural, embora tecnologicamente avançada, das regiões montanhosas que ocupam grande parte do país. Ou entre a indústria pesada de Ulsan e o universo das aldeias tradicionais. Ou ainda a divisão da pequena península mergulhada no Pacífico entre Coréia do Norte e Coréia do Sul, o último rincão do planeta ainda dividido por questões ideológicas.

Na chegada a Seul, porto de entrada no país e umas das maiores cidades do mundo, os contrastes já se tornam evidentes. Um passeio a pé coloca lado a lado a torre Jongno, marco da arquitetura moderna da cidade, que oferece uma das vistas mais espetaculares do local, e o mercado Namdaemun, onde roupas e sapatos baratos e de qualidade inferior dividem espaço com brinquedos, ervas medicinais e souvenires.

Ainda no centro da cidade, jovens lotam a rua Insa-dong, famosa por suas lojas de antiguidades, galerias de arte e barracas de comida típica, enquanto a poucos metros monges budistas entoam mantras no templo Jogyesa.

Tudo isso envolvido todo o tempo pelo barulho do trânsito, pela fumaça e, na primavera, por uma atmosfera em preto-e-branco, criada pela poeira amarela vinda dos desertos da Manchúria, que encobre todo o país. À noite, isso perde importância perto do colorido infernal do neon, que ilumina a cidade inteira. Mas a aparente atmosfera de modernidade revela suas limitações para os jovens coreanos, pouco interessados em qualquer espécie de literatura, música ou arte ocidental ou moderna. A moda também desperta pouco interesse, embora as vitrines sofisticadas ocupem muito espaço.

O futebol, por outro lado, faz parte do vocabulário de todo mundo. De 30 pessoas ouvidas pela Folha, 21 citaram o esporte como o seu predileto. Mas logo na primeira entrevista, Park Jin-sun, que trabalha como vendedor em uma loja de departamento, não hesitou em citar o futebol de Maradona como a primeira imagem que associa ao Brasil. Uma exceção: a imagem dos brasileiros vem sempre ao lado do futebol, do Carnaval e do samba, e Pelé, Rivaldo e Ronaldinho já ocupam espaço no imaginário popular.

A comida é um mundo à parte, que não permite qualquer comparação com os vizinhos japoneses e chineses. Os temperos picantes, presentes do café da manhã ao jantar, agridem o paladar dos ocidentais desavisados. Arroz, algas, cogumelos e vegetais curtidos em condimentos misteriosos compõem o café da manhã, junto com o Kimchi -preparado de acelga com alho e outros temperos que se faz presente na mesa coreana nas três refeições. Nos mercados e nas ruas, o ginseng e o chá dividem as atenções com opções bem menos sofisticadas, de larvas de insetos a cascas de árvore e folhas de sabor insípido. Para a sobremesa, um sorvete de chá verde ou doces de arroz e mel são as melhores opções.

Fora de Seul, as luzes são menos intensas, mas ainda assim a tecnologia de ponta sobrevive lado a lado com as paisagens rurais. Os lugares mais tradicionais, e mais interessantes, aliás, estão distantes das cidades grandes e dos estádios moderníssimos construídos para a Copa.

Nos arredores de Gyeongyu, a 4 horas de trem ao sul de Seul, por exemplo, ficam alguns dos templos mais belos do país e a aldeia de Andong, que recebe diariamente centenas de turistas interessados em conhecer as casas construídas de modo tradicional.

Sem preocupação com a avalanche de turistas estrangeiros (os chineses invadirão as sedes da Copa), os pequenos vilarejos praticamente não se prepararam. A comunicação é impossível mesmo para quem fala inglês, e qualquer passeio independente deve considerar o tempo que se perde buscando a rua certa, o restaurante, que qualquer ocidental vai ser incapaz de identificar apenas pela placa, e o ônibus para ir embora.

Nas cidades industriais, bem mais áridas, a comunicação é mais fácil, mas os atrativos diminuem. Em lugares como Ulsan, que hospeda o Brasil em sua chegada a Coréia, um serviço criado especialmente para a Copa oferece tradução gratuita do coreano para inglês, japonês e chinês nos táxis e hotéis de pequeno porte que têm o adesivo "free interpretation" na entrada. O sistema é simples: um telefone celular dentro do táxi ou na recepção do hotel conecta o turista a uma central que faz o serviço de tradução.

Mas a cidade oferece pouco mais que um centro tomado por refinarias de petróleo, montadoras, estaleiros e indústria de maquinaria pesada, quase tudo dominado pela Hyundai.

Entre as cidades onde haverá jogos, Seogwipo é a que mais tem a oferecer ao turista. Localizada na ilha de Jeju, a 2 horas de vôo de Seul, Seogwipo está rodeada de cachoeiras, vulcões, piscinas de águas termais, templos e praias.

A ilha se orgulha de abrigar a montanha mais alta da Coréia, o vulcão Halla. Paraíso dos casais coreanos em lua-de-mel, considerada o Havaí da Coréia, onde o inglês é falado por toda parte.

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