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02/03/2007 - 13h45

Belo Horizonte vive a espera do festival "Comida di Buteco 2007"

THIAGO MOMM
do Enviado Especial a Belo Horizonte da Folha de S.Paulo

Nesta edição do evento, participarão 41 botecos, cinco a mais do que em 2006 e 35 a mais do que na primeira edição do festival, em 2000. Eles representam apenas 0,3% dos 12 mil bares da capital, mas fica difícil acusar o evento de não promover a "botecocracia": a maioria dos competidores não é de estirpe.

Originalmente simples, não precisam de falsas sujeiras nas paredes para ganhar a cada vez mais comercialmente desejável pecha de sujinhos.

O bicampeão Bar do Zezé ensinou a muitos moradores que o bairro onde fica, o Barreiro de Baixo, não está além dos limites da cidade. Antes de participar do evento, aberto apenas como mercearia, nunca deve ter visto espera de uma hora em sua porta. Ou um ônibus da Gaviões da Fiel, que um dia estacionou lá às 8h30, antes de um jogo, e obrigou a abertura das portas. Para quê? Para conferir a fama do Zezé.

"Botecocracia" mineira é coisa séria. Eduardo Maia, 49, idealizador do festival, é conhecido, mas os jurados do concurso, não, ele afirma.

João Marcos Rosa/Folha Imagem
Entre bebidas e tira-gostos, comensais curtem a noite no Bar Temático, em Santa Tereza
Entre bebidas e tira-gostos, comensais curtem a noite no Bar Temático, em Santa Tereza
Outra medida para evitar distorções é o peso dos votos desses jurados, que aumentará de 20% para 30%, enquanto o dos freqüentadores cairá de 80% para 70%. A medida foi tomada para evitar bairrismos, já que bares da periferia têm muitos moradores locais entre os votantes, enquanto, em outros bairros, o público varia. Por isso, muitos marcam indistintos "dez" para prestigiar o bairro e o dono do bar --que, invariavelmente, conhecem.

Na BH de cerca de 2,5 milhões de pessoas, o Comida di Buteco 2006 teve 110 mil votos válidos. Válidos, sim, porque os mais desalinhados, incapazes de conciliar as cachaças mineiras com o preenchimento correto de cédulas, têm o voto invalidado. Também vota quem é de fora. Os turistas dão cada vez mais pitaco nas avaliações.

Os bares enchem, as mesas tomam as calçadas, as cervejas gelam às pilhas e na cidade não se fala em outra coisa. Para a discussão continuar durante todo o ano, os estabelecimentos colocam a lista dos pratos inscritos nas edições anteriores nos menus.

Desconstrução

Os últimos dez colocados de um ano não participam no seguinte, dando vez a novos convidados. Como 2007 terá aqueles cinco participantes a mais, há 15 estabelecimentos ainda não divulgados pelos organizadores. Especular quais são eles e que novo prato oferecerão é, para os belo-horizontinos, algo como discutir os temas de escolas de samba para os cariocas.

Os donos dos botecos comemoram que os mineiros, intolerantes com filas, já topam esperar para comer e votar. E até mesmo já andam com paciência para subir escadas, brinca o dono do Via Cristina, que funciona em um segundo andar.

Vota-se com documento de identidade, uma vez em cada boteco. Qualifica-se a higiene, o atendimento, a temperatura da cerveja e o tira-gosto que o local preparou para o evento.
Para não deturpar o conceito de petisco, em 2007 serão avaliados tira-gostos que possam ser comidos somente com garfo ou com palito.

O Bar do Kobes deve inscrever um prato que contém, entre outras coisas, um bolinho de arroz, com feijão dentro. Ao observar o tira-gosto, Eduardo Maia, também professor de gastronomia, empolga-se: "Isso é Ferran Adriá puro. Isso que é desconstrução", diz, referindo-se ao famoso chef catalão e a uma técnica da sua cozinha.

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