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13/03/2007
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18h53
No Dia Internacional da Mulher (8/3), o casal Flávio Prado e Maira Hora está na Argentina. A parada faz parte da Expedição Cone Sul. Os dois vão conhecer as paisagens mais deslumbrantes da região, contando tudo para a Folha Online. A viagem começou em São Paulo e prevê passagens por cidades do sul do país, Argentina e Chile.
Confira o relato do oitavo dia (8 de março) desta aventura.
Argentina: Dia Internacional da Mulher
No Dia Internacional das Mulheres (8/3), aqui na Argentina, choveu muito. Em uma comemoração diferente, vamos homenagear Josephina Anchoreta, que recebeu uma casa como dote, transformada em uma esplêndida mansão por seu marido. O sonho de Enrique Larreta não seria possível se não fosse o apoio e dedicação de sua mulher, Josephina Anchoreta.
Já era final da tarde quando saímos para explorar uma jóia cravada no bairro de Belgrano; trata-se do Museu de Arte Espanhola Enrique Larreta (www.museos.buenosaires.gov.ar).
O Museu ocupa uma casa branca, na av. Juramento, mas não se trata de uma simples casa, mas da réplica de uma casa espanhola moura, que tem jardim andaluz com labirintos, palmeiras frondosas e fontes d'água --típicas dos jardins de alahmbra.
Enrique Larreta se casa em 1900 com Josephina Anchoreta, que leva a casa como dote. Com a ajuda de um amigo arquiteto, Larreta a transforma numa mansão andaluza (estética em particular, que muito agradava Larreta). Oitocentos anos de influência moura e de filosofia muçulmana --deixada por este povo na Andaluzia (Espanha)--, sem dúvida é o ápice inspirador para a mansão.
Aristocrata uruguaio, escritor modernista e colecionador de arte (do século 14 ao século 17, que dão ares de espírito renascentista espanhol à casa), Larreta adquiriu importantes peças da arte espanhola.
Começamos a visita com a ajuda e narração de um apaixonado mestre, "Sr. Juan", coordenador do museu. Juan nos leva ao jardim e, antes de revelar segredos apaixonadamente sobre a casa, nos adverte que, em dias de chuva, o jardim permanece fechado para visitação (porque a umidade e a lama são trazidas para dentro da casa pelos pés dos visitantes). Portanto, programe-se para visitá-lo em dia limpo e claro.
O jardim é uma surpresa à parte. O acesso ao local é feito por um terraço com lustres marroquinos maravilhosos --e cerâmicas que festejam as culturas hebraica, cristã e muçulmana. Descendo por um pequeno lance de escadas, você entra em um labirinto que o levará a uma fonte andaluz. Seguindo em frente, você se depara com esculturas modernistas e, olhando à sua esquerda, uma poderosa árvore de 140 anos --chamada ombú, espécie típica dos pampas argentinos-- lhe dará as boas-vindas (preste atenção e você vai sentir o poder desta árvore). Seguimos pelos labirintos propostos por Josephina e Larreta --e foi como fazer parte do sonho do casal.
Ao entrar no museu, chegamos ao Salão Rojo. Conferimos de perto baús e escrivaninhas andaluzes de madeira, ferro forjado e marchetaria de beleza única. Armas e armaduras do século 16 mostram toda a habilidade em fundição de artesãos espanhóis e mouros. Mesas feitas em marchetaria de ébano, madre pérola, marfim e malaquita te levam ao sul da Espanha. E todas estas peças parecem estar sendo vigiadas pelo retrato de uma dama espanhola, que data do século 18.
A casa possui 21 cômodos, onde a convivência entre o casal e amigos dividia espaço com as obras de arte. Hoje, as 21 salas recriam muitas áreas de convivência. Um exemplo é a próxima sala, o escritório de Larreta. Manteve-se tal qual o era: a mesa e as lamparinas dispostas no mesmo lugar fazem com que sua imaginação traga à cena amigos importantes de Larreta --personalidades da cultura e política argentina recebidos para longas conversas literárias. Você quase enxerga Ricardo Rojas, Manuel Gálvez, Arturo Capdevila, Rafael Alberto Arrieta, Fernández Moreno, Ricardo Levene, Angel Battistesa, Mariano de Vedia y Mitre, Eduardo Malla, Manuel Mujica Láinez e Enrique de Gandia.
Saindo do escritório, e seguindo pelo corredor que dá acesso aos dormitórios, percebe-se que Larreta, durante sua estadia na Espanha (entre 1900 e 1916) dedica-se também à busca por porcelanas, jóias e figuras entalhadas que retratam mouros e que pudessem recriar a vida do sul da Espanha em sua mansão, na Argentina.
No Salão Sírio podemos conferir em uma espada a inscrição de um trecho do Alcorão [livro sagrado dos muçulmanos] gravado em ouro na lâmina e com empunhadura em osso polido.
Seguindo, entramos na Sala de Banho --enorme, branca, verde e dominada por arcos andaluzes e um incensário marroquino pendurado como lustre. Nesta sala, há um biombo com uma figura feminina retratada de forma bela e sensual, usando as jóias de Toledo.
Ao lado, há o dormitório de Larreta, mantido também da mesma forma. Em frente, há duas salas com fotos de Burgos, Toledo, Andaluzia e objetos que retratam a vida nestas localidades.
Onde antigamente se encontrava a biblioteca, hoje, existe a Sala Alonso de Berruguete (em homenagem a este escultor espanhol) com uma série de trabalhos góticos, renascentistas e barrocos espanhóis.
No Pátio Central podemos observar que até as almofadas dos sofás, feitos com cerâmicas mouras, também eram marroquinas. Mesas de centro e apoio andaluzes e mouros. Tudo dominado pela obra central --que é a Sagrada Família, entalhada em madeira-- e por um imenso móvel, adquirido em um monastério espanhol.
No Salão de Refeições, quase que ouvimos a música e vemos os convidados ao redor da mesa, devido tamanha preocupação com a manutenção do clima da época. Seguimos ao santuário da casa, que abriga uma peça religiosa estonteante: trata-se de uma peça em homenagem à Santa Ana, feita pelo Mestre de Sinovas (que atuou nas Províncias de Burgos y Soria, em 1503). Este fragmento da Catedral de Burgos de Osma (Soria) foi adquirido por Larreta em 1913, no Antiquário Demotte, em Paris.
Deixamos o museu com a imagem do retrato de Enrique Larreta, pintado por Ignácio de Zuloaga, em 1912, e a figura simpática do profundo conhecedor e apaixonado coordenador do Museu de Arte Espanhola, Juan.
Seguimos extaziados pela av. Juramento, entrando em uma praça em frente ao museu, a praça de Belgrano. Nela, existem simpáticos bares e restaurantes com seus terraços charmosos e também a Paróquia da Imaculada Conceição de Belgrano, onde é realizada uma missa em homenagem ao Dia Internacional das Mulheres. Igreja cheia, missão cumprida.
Vamos jantar em um charmoso restaurante do bairro de Belgrano para fechar o dia 8 de março de 2007 com "chave de ouro".
Em sua aventura, o casal tem o apoio da Lenovo; da TIM Roaming Internacional; e da Virtual Track.
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"Diário de Bordo": "Casal Aventura" passa dia da mulher na Argentina
da Folha Online No Dia Internacional da Mulher (8/3), o casal Flávio Prado e Maira Hora está na Argentina. A parada faz parte da Expedição Cone Sul. Os dois vão conhecer as paisagens mais deslumbrantes da região, contando tudo para a Folha Online. A viagem começou em São Paulo e prevê passagens por cidades do sul do país, Argentina e Chile.Confira o relato do oitavo dia (8 de março) desta aventura.
Argentina: Dia Internacional da Mulher
No Dia Internacional das Mulheres (8/3), aqui na Argentina, choveu muito. Em uma comemoração diferente, vamos homenagear Josephina Anchoreta, que recebeu uma casa como dote, transformada em uma esplêndida mansão por seu marido. O sonho de Enrique Larreta não seria possível se não fosse o apoio e dedicação de sua mulher, Josephina Anchoreta.
Já era final da tarde quando saímos para explorar uma jóia cravada no bairro de Belgrano; trata-se do Museu de Arte Espanhola Enrique Larreta (www.museos.buenosaires.gov.ar).
| Flávio Prado/Folha Imagem |
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| Maira e Juan no acesso ao jardim do Museu de Arte Espanhola |
Enrique Larreta se casa em 1900 com Josephina Anchoreta, que leva a casa como dote. Com a ajuda de um amigo arquiteto, Larreta a transforma numa mansão andaluza (estética em particular, que muito agradava Larreta). Oitocentos anos de influência moura e de filosofia muçulmana --deixada por este povo na Andaluzia (Espanha)--, sem dúvida é o ápice inspirador para a mansão.
Aristocrata uruguaio, escritor modernista e colecionador de arte (do século 14 ao século 17, que dão ares de espírito renascentista espanhol à casa), Larreta adquiriu importantes peças da arte espanhola.
Começamos a visita com a ajuda e narração de um apaixonado mestre, "Sr. Juan", coordenador do museu. Juan nos leva ao jardim e, antes de revelar segredos apaixonadamente sobre a casa, nos adverte que, em dias de chuva, o jardim permanece fechado para visitação (porque a umidade e a lama são trazidas para dentro da casa pelos pés dos visitantes). Portanto, programe-se para visitá-lo em dia limpo e claro.
| Flávio Prado/Folha Imagem |
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| Jardim do Museu de Arte Espanhola, em Buenos Aires |
Ao entrar no museu, chegamos ao Salão Rojo. Conferimos de perto baús e escrivaninhas andaluzes de madeira, ferro forjado e marchetaria de beleza única. Armas e armaduras do século 16 mostram toda a habilidade em fundição de artesãos espanhóis e mouros. Mesas feitas em marchetaria de ébano, madre pérola, marfim e malaquita te levam ao sul da Espanha. E todas estas peças parecem estar sendo vigiadas pelo retrato de uma dama espanhola, que data do século 18.
| Flávio Prado/Folha Imagem |
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| Árvore de 140 anos da espécie ombú, típica dos pampas argentinos |
Saindo do escritório, e seguindo pelo corredor que dá acesso aos dormitórios, percebe-se que Larreta, durante sua estadia na Espanha (entre 1900 e 1916) dedica-se também à busca por porcelanas, jóias e figuras entalhadas que retratam mouros e que pudessem recriar a vida do sul da Espanha em sua mansão, na Argentina.
No Salão Sírio podemos conferir em uma espada a inscrição de um trecho do Alcorão [livro sagrado dos muçulmanos] gravado em ouro na lâmina e com empunhadura em osso polido.
Seguindo, entramos na Sala de Banho --enorme, branca, verde e dominada por arcos andaluzes e um incensário marroquino pendurado como lustre. Nesta sala, há um biombo com uma figura feminina retratada de forma bela e sensual, usando as jóias de Toledo.
| Flávio Prado/Folha Imagem |
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| Sala de Banho com arco andaluz e incensário marroquino; veja galeria |
Onde antigamente se encontrava a biblioteca, hoje, existe a Sala Alonso de Berruguete (em homenagem a este escultor espanhol) com uma série de trabalhos góticos, renascentistas e barrocos espanhóis.
No Pátio Central podemos observar que até as almofadas dos sofás, feitos com cerâmicas mouras, também eram marroquinas. Mesas de centro e apoio andaluzes e mouros. Tudo dominado pela obra central --que é a Sagrada Família, entalhada em madeira-- e por um imenso móvel, adquirido em um monastério espanhol.
No Salão de Refeições, quase que ouvimos a música e vemos os convidados ao redor da mesa, devido tamanha preocupação com a manutenção do clima da época. Seguimos ao santuário da casa, que abriga uma peça religiosa estonteante: trata-se de uma peça em homenagem à Santa Ana, feita pelo Mestre de Sinovas (que atuou nas Províncias de Burgos y Soria, em 1503). Este fragmento da Catedral de Burgos de Osma (Soria) foi adquirido por Larreta em 1913, no Antiquário Demotte, em Paris.
Deixamos o museu com a imagem do retrato de Enrique Larreta, pintado por Ignácio de Zuloaga, em 1912, e a figura simpática do profundo conhecedor e apaixonado coordenador do Museu de Arte Espanhola, Juan.
Seguimos extaziados pela av. Juramento, entrando em uma praça em frente ao museu, a praça de Belgrano. Nela, existem simpáticos bares e restaurantes com seus terraços charmosos e também a Paróquia da Imaculada Conceição de Belgrano, onde é realizada uma missa em homenagem ao Dia Internacional das Mulheres. Igreja cheia, missão cumprida.
Vamos jantar em um charmoso restaurante do bairro de Belgrano para fechar o dia 8 de março de 2007 com "chave de ouro".
Em sua aventura, o casal tem o apoio da Lenovo; da TIM Roaming Internacional; e da Virtual Track.
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