Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
28/03/2007 - 16h06

"Diário de Bordo": "Casal Aventura" conhece santuário de 150 milhões de anos

da Folha Online

Diário de Bordo O casal Flávio Prado e Maira Hora conhece santuário de 150 milhões de anos. A parada faz parte da Expedição Cone Sul. Os dois vão conhecer as paisagens mais deslumbrantes da região, contando tudo para a Folha Online. A viagem começou em São Paulo e prevê passagens por cidades do sul do país, Argentina e Chile.

Ouça o relato do 21º dia

Acompanhe em tempo real a rota de Flavio e Maíra

Confira o relato do vigésimo primeiro dia (21 de março) desta aventura.

Há 150 milhões de anos...

Fizemos o checkout do hotel e deixamos Caleta Olívia pela Rota 3. Aqui vai uma dica importante: antes de deixar qualquer cidade, abasteça o carro --principalmente na Patagônia. Assim que saímos da cidade vimos uma placa na estrada avisando que a cidade de Fitz Roy estava sem combustível.

Divulgação
Placa na estrada informando que cidades tem ou não gasolina
Placa na estrada informando que cidades tem ou não gasolina
A pavimentação da RN3 é boa neste trecho, mas você divide espaço com caminhões o tempo inteiro. A Província de Santa Cruz é produtora de petróleo e está em franca expansão, ampliando e reformando as cidades. Fiquem atentos nas estradas.

No quilômetro 70 de Três Cerros a estrada fica ruim --sem pintura de solo, sem sinalização. Também há diversos trechos em construção ou reforma. Atenção redobrada porque existem diversos desvios. Você sai da RN3 e segue por rípio para depois voltar para a pista asfaltada. Muito cuidado porque a estrada está péssima.

Entrando pela rodovia secundária 49, seguimos por 50 km no rípio bem intenso até o monumento Natural Bosques Petrificados. Em vários trechos você tem a sensação de estar perdido em uma região desértica. Apenas de vez em quando, você se depara com placas indicando o caminho.

Divulgação
Vulcão responsável pela emissão das cinzas que causaram a petrificação das árvores
Vulcão responsável pela emissão das cinzas que causaram a petrificação das árvores
O visual é muito louco. Você tem uma sensação estranha de estar perdido. Parece um deserto, mas sem areia, com pedras. O curioso é que, em vários trechos do rípio, você vê pedras brilhando. Mais tarde descobrimos que estas pedras são, na verdade, quartzo e ágata. A quantidade de sedimentos rolados das montanhas é fascinante.

A área do monumento natural tem 60 mil acres, localizados na estepe patagônica semidesértica. No passado, ali havia araucárias que superavam 100 m de altura. Atualmente, você vê araucárias que foram fossilizadas há 150 milhões de anos, resultado de uma explosão vulcânica que cobriu as árvores de cinza vulcânica. As cinzas formaram uma espécie de molde em volta de cada árvore. O material orgânico da própria árvore foi absorvendo os resíduos minerais que as cinzas carregavam. Cerca de 150 milhões de anos depois ainda temos árvores fossilizadas tombadas no chão com quartzos e ágatas em sua estrutura.

Divulgação
Monumento natural: árvore araucária petrificada há 150 milhões de anos
Monumento natural: árvore araucária petrificada há 150 milhões de anos
Eu fiquei absolutamente atormentada. Sou designer de jóias e vocês não podem acreditar o que este bosque significou para mim. Imaginar que quando estudamos aprendemos a separar elementos orgânicos e minerais... eu fiquei particularmente encantada com tudo, que é mantido exatamente como se encontrou.

Existem dois percursos, um de 400 m e outro de 700 m. Vale a pena fazer o maior, assim você pode ver tudo. Demora cerca de uma hora. Depois da visita ao monumento natural, entre no museu e peça auxílio ao guarda. Ele terá o maior prazer em te explicar todo o ecossistema do local. Vale muito a pena entender onde você está.

Divulgação
Avião da Força Aérea Argentina alçado como monumento aos que lutaram nas Malvinas
Avião da Força Aérea Argentina alçado como monumento aos que lutaram nas Malvinas
Voltamos pelo rípio e a sensação de "Jurassik Park" era total --ficamos imaginando os animais pré-históricos que por lá já passaram (estar ali e pisar em solo onde acontecimentos decisivos para o atual aspecto do bosque se deram há 150 milhões de anos é a prova de que o passado e o presente muitas vezes andam juntos).

Voltamos para a RN3 seguindo para Puerto San Julian em estrada boa. No caminho, passamos pelas localidades de La Cabaña e Tres Cerros --elas são indicadas como cidades no mapa, mas cada uma tem uma bomba de combustível e um meio de hospedagem.

Chegamos em Puerto San Julian e, em busca do escritório turístico, cometemos uma infração de trânsito nos primeiros cinco minutos na cidade. Lá vem a polícia atrás de nós. Gelamos. Nem chegamos e já estamos "aterrorizando". De uma forma muito polida e educada, a polícia esclareceu que fizemos uma conversão proibida. Mostraram a placa verde que indica o sentido da mão da rua (mas ela estava escondida atrás de uma árvore). Pedimos desculpa e um pouco mais de orientação sobre as regras de trânsito da cidade e seguimos à procura do escritório de turismo.

Divulgação
Reprodução em escala real de "Victoria", que abriga em seu interior um museu completo
Reprodução em escala real de "Victoria", que abriga em seu interior um museu completo
Tudo isso aconteceu porque o escritório mudou de lugar e não retirou as placas do antigo edifício. Mas o principal é: preste muita atenção ao entrar em qualquer cidade da Argentina, porque não existe uma padronização nacional para a sinalização urbana.

Confira a seguir algumas regras:

- Se estiver em uma avenida de mão dupla, não faça conversões caso não haja um farol específico para isso. Algumas avenidas não têm farol e, por isso, você só poderá fazer a conversão se a rua for mão para a esquerda.

- Fique atento e nunca espere que os argentinos dirijam devagar ou dêem seta antes de entrar em algum lugar.

Na Secretaria de Turismo da cidade, por menor que a cidade seja, você recebe o mapa com os endereços dos hotéis, restaurantes e comércio em geral. Conhecemos a Flávia, que além de nos explicar o funcionamento da cidade e suas principais atrações, ligou para os hotéis e conseguiu fazer reserva. Assim é Puerto San Julian: como é uma cidade muito pequena, as pessoas se viram (uma liga para a outra e, em meia hora, resolvem a vida de um turista).

Divulgação
Restaurante La Juliana em Puerto San Julian
Restaurante La Juliana em Puerto San Julian
O próximo passo seria almoçar, pois já eram 17h. Não encontramos nenhum restaurante aberto, então a opção foi um lanche rápido na pousada. Passeamos um pouco pela costa e logo encontramos o museu Rosa Novak de Arqueologia --que mostra toda a história da colônia Florida Blanca (nome de San Julian, em 1780).

Os dois mais curiosos pontos turísticos dentro da cidade são a "Nao Victoria", um museu temático construído em tamanho real na costa de San Julian. O outro é um jato da Força Aérea Argentina, alçado como monumento aos que lutaram nas Guerra das Malvinas.

Às 22h saímos para jantar. Adivinhem só? Tudo fechado. Fomos em quase todos os endereços, e eu já estava entrando em pânico. A última tentativa: La Juliana, na rua Zeballos, 1130. Aberto! Quase soltei fogos de artifício.

O proprietário, Armando Marcucci, nasceu em Corrientes, viveu em Córdoba e hoje mora em Puerto San Julian. Ele nos diz que recebe muitos brasileiros e, entre eles, muitos motoqueiros de São Paulo e do Rio de Janeiro. Eles passam por San Julian para descer até Ushuaia ou El Calafate.

A esposa cozinha e Armando gerencia. Os dois são impressionantes. Este ano, receberam o Troféu Internacional de Gastronomia, o New Millenium Award, promovido em Madrid, Espanha. O casal tem dois filhos, um deles é geneticista e o outro segue os passos dos pais, chef de um restaurante em Foz do Iguaçu, no Brasil.

Comemos neste aconchegante restaurante o robalo mais impressionante até agora --e não preciso nem dizer que estava lotado. Carlitos, o garçom, se redobrou e atendeu a todos com o refinamento de um "lord". Voltamos felizes à nossa pousada do Drake.

Em sua aventura, o casal tem o apoio da Lenovo; da TIM Roaming Internacional; e da Virtual Track.

Leia mais
  • "Diário de Bordo": "Casal Aventura" encara paraíso com beleza natural
  • "Diário de Bordo": "Casal Aventura" chega à região da Patagônia
  • "Diário de Bordo": "Casal Aventura" se diverte entre lavanderias e girassóis
  • "Diário de Bordo": "Casal Aventura" enfrenta praias com "catraca" e estacionamento
  • "Diário de Bordo": "Casal Aventura" encara muvuca nas praias de Mar Del Plata
  • "Diário de Bordo": "Casal Aventura" testa (e aprova) gasolina argentina
  • "Diário de Bordo": "Casal Aventura" visita museus e parques em Buenos Aires

    Especial
  • Acompanhe a Expedição Cone Sul dia a dia
  • Leia mais aventuras do "Diário de Bordo"
  • Visite o especial de ecoturismo
  •  

    Sobre a Folha | Expediente | Fale Conosco | Mapa do Site | Ombudsman | Erramos | Atendimento ao Assinante
    ClubeFolha | PubliFolha | Banco de Dados | Datafolha | FolhaPress | Treinamento | Folha Memória | Trabalhe na Folha | Publicidade

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade