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Airbus A-320

Reprodução
O Airbus 320, avião com capacidade para 150 passageiros

MARCOS RESENDE*
Especial para a Folha Online

Construído pelo consórcio Airbus, que envolve as indústrias aeroespaciais da França, Inglaterra, Alemanha e Espanha, o A-320 foi um "divisor de águas" na história da tecnologia aeronáutica. Seu maior concorrente, o Boeing 737, é resultado da evolução de um projeto básico dos anos 60, que se, por um lado teve suas qualidades comprovadas ao longo de tantos anos de operação, com melhoramentos constantes, por outro falha em atender certas solicitações da indústria.

A Airbus optou pela realização de um projeto inteiramente novo, baseado nas novas demandas das empresas que os Boeing 737 não poderiam atender. O avião é um grande sucesso, provando que a Airbus acertou em cheio.

O grande diferencial da família A-320, para o passageiro, é sua largura interna. O avião é mais largo que seus concorrentes, fazendo do A-320 o avião de corredor único mais confortável em operação, na minha opinião. Transmite ao passageiro a sensação de estar voando num avião maior. Seus motores são modernos, econômicos e silenciosos, e o nível de ruído interno é bem baixo. É uma aeronave de alcance curto/médio, bimotora, e sua em sua configuração típica transporta 150 passageiros. Existem versões mais curtas (A-319) e mais compridas (A-321), esta com autonomia que permite seu emprego em inúmeras linhas internacionais. Os aviões são semelhantes, variando o comprimento, o peso e a versão dos motores.

Projetado e construído durante os anos 80, a aeronave incorporou avanços eletrônicos que se tornaram padrão em todos os aviões posteriormente fabricados pela Airbus, como os aparelhos de longo alcance A-340 e A-330. Esses aviões radicalizaram o conceito de família de aeronaves. Seus sistemas têm um grau de similaridade incomparável, barateando os custos de treinamento e manutenção. Graças a essa compatibilidade, um piloto treinado em A-320 estará apto a operar qualquer Airbus da nova geração, do relativamente pequeno A-319 ao quadrimotor intercontinental A-340, com um mínimo de treinamento para a transição. As cabines são quase iguais.

A característica mais revolucionária dessa nova geração diz respeito aos controles de vôo: os aviões não têm manches convencionais, e sim sidesticsks (uma espécie de joystick, como os usados para jogos em computadores) nas laterais da cabine.

Esse sistema, conhecido como fly-by-wire, substitui as conexões mecânicas entre o manche e as superfícies de controle por comandos eletrônicos, gerados pelo piloto ao manusear o sidestick. Esses sinais são interpretados pelos computadores de comando de vôo, que, posteriormente, posicionarão as superfícies de controle por meio de dispositivos hidráulicos.

Sistemas de controle de vôo fly-by-wire vêm sendo usados há vários anos em inúmeras aeronaves militares, assim como em outros aviões de transporte civis, como o Boeing 777 e o cargueiro russo Antonov 124. O Antonov 124, projetado originalmente para emprego militar e atualmente usado por várias empresas de carga, é hoje o maior avião civil em operação no mundo.

O sistema fly-by-wire incorpora proteções para impedir que o piloto inadvertidamente execute manobras extremamente bruscas, que pudessem afetar a integridade estrutural da aeronave, mantendo sempre o "envelope de vôo", limites de projeto que devem sempre ser respeitados.

O A-320 entrou em serviço em abril de 1988, operando pelas cores da Air France. Ao final de julho de 2000, 840 aeronaves desse tipo estavam em serviço, operadas por empresas de todo o mundo. Essa frota já acumulou mais de 10,5 milhões de horas de vôo, em mais de 6 milhões de decolagens.

No Brasil, a única empresa a utilizar o A-320 é a TAM, que começou a incorporar a nova linha de aviões à frota em 1998, seguindo um projeto de modernização que prevê a substituição gradual dos seus aviões holandeses Fokker F-100, cujo fabricante já não existe mais. A TAM opera os modelos A-319, A-320 e o bimotor intercontinental A-330, utilizado nos vôos da companhia para Miami e Paris.

* Marcos Resende é piloto comercial

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