A Era Alexandrina

O avanço das tropas de Alexandre, o Grande, fez com que o grego se espalhasse como língua cultural, como instrumento da helenização de toda a região da Ásia Menor, que incluía a Magna Grécia - por muitos séculos, a língua grega desempenhou o papel que hoje o inglês ocupa em nossa vida cultural.

Os astrólogos helenistas atribuíam a Hermes certos conceitos e Hermes é sinônimo de fontes egípcias helenistas. Os helenistas atribuíam a Hermes o uso das casas, ou dos signos usados como casas, e alguns consideram provável que também os aspectos planetários, as partes (os lotes) e os sistemas de regência tenham se originado no Egito - embora as exaltações tenham clara origem mesopotâmica. Alguns tratados astrológicos coptas - a antiga língua egípcia - escritos em épocas mais antigas perderam-se e o que foi encontrado depois desta época estava escrito em grego.

Um sistema astrológico completo estava pronto por volta do século I de nossa Era, e escrito em grego, como se pode observar nos escritos de Doroteu de Sidon. Os registros gregos da era helenista estão cheios de referências a um conhecimento ainda mais anterior da astrologia -os gregos já escreviam sobre a astrologia referindo-se a ela como sendo muito antiga e contendo citações e/ou referências a astrólogos ainda mais antigos - um exemplo é o do astrólogo Vetius Valens, que em sua obra se refere a velhos professores que encontrou em suas andanças pelo Egito, o que propiciou que registrasse ensinamentos somente encontrados nas suas próprias obras.

Duas metáforas para um mesmo Céu:
A Esfera Grega e a Esfera Bárbara

Durante o período alexandrino surgiu a grande divisão entre as estrelas zodiacais e as extra-zodiacais. Como metáfora do império alexandrino, estrelas e constelações foram separadas entre as "gregas" e as "bárbaras"(leia-se selvagens).

Na Sphaera Graeca ficavam as estrelas fixas de pequena latitude, próximas da faixa zodiacal. As estrelas contidas aí eram analisadas como planetas. Esta é a origem das listagens conhecidas até hoje, que atribuem a certas estrelas as qualidades de um planeta ou par deles.

Na Sphaera Barbarica estavam as estrelas fixas cuja declinação ultrapassava os 16 graus que o Zodíaco ocupa na eclíptica. Estas estrelas da Sphaera Barbarica eram classificadas de acordo com o grau da eclíptica na qual ascendiam, se punham, culminavam ou anti - culminavam (isto é, os graus da eclíptica que cruzavam o grande círculo quando a estrela estava fisicamente neste mesmo grande círculo).

A exposição mais antiga de duas técnicas de análise das estrelas fixas está registrada no Tratado sobre as Estrelas Fixas brilhantes (379 d C), de autor grego desconhecido. O Anônimo de 379 propõe que as estrelas fixas próximas da eclíptica sejam analisadas como o são os planetas e que as estrelas extra-zodiacais sejam analisadas somente em casos específicos. A listagem de estrelas do Anônimo difere da compilação que Ptolomeu registrou nas suas Fases.

Ptolomeu elenca 30 estrelas, sendo 15 de primeira grandeza e 15 de segunda grandeza. Autores romanos tais como Firmicus Maternus e Marcus Manilius, séculos mais tarde, irão apenas repetir as fontes gregas.