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08/04/2013 - 03h21

Musical traz relação de adolescente com a mãe bipolar e emociona jovens nessa situação

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ADRIANA FARIAS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Brigas, gritos e objetos arremessados. No meio do tiroteio emocional, uma adolescente de 16 anos busca o amor da mãe bipolar.

Carol Futuro se preparou com uma bipolar
Atriz conta como escolheu profissão e dá dicas

São cenas do musical da Broadway "Quase Normal", em cartaz em São Paulo. Ao final da peça, a atriz carioca Carol Futuro, 33, que interpreta a adolescente Natalie, é surpreendida por uma menina de 15 anos, que a abraça forte.

A garota diz, chorando: "Eu entendo você! Dói quando a gente está buscando o amor dos pais e eles nem veem que a gente está aqui. Eles estão mais preocupados com os problemas deles".

Outra menina, também com a voz embargada, emenda: "Eu não queria levar meu namorado para casa porque é uma maluquice lá. Nunca sei como minha mãe vai estar". A personagem Natalie é muito real para as adolescentes.

O transtorno bipolar é caracterizado pela alternância entre depressão e euforia. Segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria, atinge cerca de 4,2 milhões de brasileiros.

A mãe de Jennypher Ramos, 19, e Stéphany Ramos, 20, sofre do mal há 20 anos, mas começou o tratamento em 2010. Separada do marido há um ano, ela e as filhas lutam por uma boa convivência.

"Foi muito difícil para minhas filhas. Às vezes, não conseguia levantar para ir ao banheiro, vivia chorando e batia nelas", conta Liz Lílian Ramos, 37. "Quando o namorado da mais velha vinha à nossa casa, me trancava no quarto. Tudo me incomodava."

REFÚGIO NA ESCOLA

Nada do que acontecia na escola ou com amigos era contado à mãe. "A escola era o momento de me desligar. Era como se tivesse liberdade, respiro. A gente deixava de pedir para sair porque, às vezes, ela dizia sim, mas mudava de opinião e vinha com gritaria. Se eu podia ir ao shopping das 15h às 18h, já era a maior felicidade", conta Stéphany.

Hoje, as filhas comemoraram o tratamento da mãe, que já conseguiu retomar o emprego como recepcionista. As crises de humor têm sido menos intensas.

Quem também está otimista com o tratamento da mãe bipolar é o estudante João (nome fictício), 16, que confessa nunca ter contado aos amigos ou à namorada sobre a doença. A mãe, 35, sofre do transtorno há 15 anos, mas foi diagnosticada há apenas seis meses e começou a tomar a medicação correta.

Ela conta que, durante as oscilações de humor, já protagonizou brigas muito feias. Em uma delas, João, que tem 1,94 m, partiu uma cômoda ao meio com um chute. Em outra, ele fugiu, aos 14 anos, para a casa da namorada a pé. Percorreu quase 15 km da rodovia Raposo Tavares até Carapicuíba.

"Fiquei deitado na cama [da namorada] durante dois dias, sem comer, triste", relembra, cabisbaixo.

Eles tiveram que se reinventar em nome do equilíbrio familiar. "Antes, eu gostava de ficar andando de moto com os colegas. Vi que estava errado e sabia que minha mãe ia ficar estressada. Aí eu parei. Passei a ficar mais em casa. Agora, é da escola para o trabalho e do trabalho para casa. Todos os dias", diz João.

QUASE NORMAL
QUANDO sex., às 21h; sáb., às 18h e às 21h30; dom., às 17h
ONDE Teatro Faap (r. Alagoas, 903, tel. 0/xx/11/3662-7233)
QUANTO de R$ 80 a R$ 100
CLASSIFICAÇÃO 14 anos

 
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