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10/01/2011 - 17h55

Jovens tiram as calças no metrô de São Paulo durante o flash mob "No Pants Subway Ride"

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MAYRA MALDJIAN
DE SÃO PAULO

Atualizado às 20h05.

Não há nada melhor para se fazer num domingo ensolarado do que tirar as calças no metrô, certo? Pelo menos é o que pensam os mais de cem jovens que participaram do "No Pants Subway Ride", flash mob (mobilização relâmpago) que invadiu o metrô de São Paulo na tarde do último domingo (9/1).

Criado nos EUA, o evento acontece simultaneamente em diversas cidades do mundo. "A diferença é que em Nova York, por exemplo, está fazendo um baita frio", compara Bruno Cardellos, 26, integrante do Mob Brasil, um grupo que organiza flash mobs no Brasil. "Aqui, pelo menos, temos a 'desculpa' do calor", brinca.

Cardellos explica que a mobilização é um protesto contra "essa coisa de você tem que se vestir de tal jeito. No trabalho, você usa roupa social. Mas e no metrô? Não há regra, então, eu fico sem calça".

Lá pelas 16h30, depois de duas horas de concentração sob um sol escaldante, adolescentes se dividiram em quatro grupos e embarcaram na estação da Luz. Antes disso, ouviram atentos às orientações dos organizadores.

Felix Lima-4.jan.2011/Folhapress
SÌO PAULO, SP, BRASIL, 04-12-2010. Participantes do flashmob "No Pants" tiram a cala no metro de So Paulo : (Foto: Felix Lima/Folhapress, FOLHATEEN)
Participantes do flash mob "No Pants" tiram a calça no metrô paulistano

MÃO NO ZÍPER

"Gosto de ver a reação das pessoas", explica o estudante Lucas Dressler, 19, que é fã de flash mobs. Antes desse, ele participou do "freeze" (fingir que está congelado onde quer que esteja), do "bang" (simular uma briga no meio da rua) e do "free hugs" (abraçar desconhecidos na rua sem aviso prévio).

A reação dos "civis" (os cidadãos que não estão participando do flash mob) é divertida. Amanda Lucena, 17, por exemplo, caiu na risada com as amigas quando um grupo começou a abrir o zíper no trem. "Tirei foto, vou colocar no Orkut!", conta. "Se eles estivessem protestando contra alguma coisa eu até pensaria em participar", cutuca.

Alguns passageiros seguravam a risada, outros não disfarçavam a curiosidade. Nesse meio tempo, um senhor de idade se levantou apressado e desceu do trem, resmungando.

Na hora de fazer a baldeação entre as linhas azul e verde, na estação Paraíso, mais alvoroço. Celulares apontavam em direção às pernas de fora, enquanto dois seguranças tentavam entender o que estava acontecendo. O Metrô foi avisado com antecedência.

Já no outro trem, rumo à estação Consolação, a baiana Arlinda Hirakawa, 60, estava maravilhada. De férias em São Paulo com a filha Yuki, 20, interagiu com os "sem-calças". "Perguntei para duas meninas por que elas estavam tirando as calças, e elas me disseram que estavam com calor", conta. "É fantástico! Isso me lembra as peças de Celso Martinez [o Zé Celso, do Teatro Oficina], em que os atores vão tirando a roupa".

"Quem vai tirar as calças na estação São Bento?", gritou um deles. "Lembrem-se de agir normalmente, como se nada estivesse acontecendo. Se alguém perguntar o que está rolando, digam que estão com calor".

"Eu vou ter que abaixar a cabeça para não gargalhar", conta Gabriela Rodrigues, 15. A maioria dos "mobeiros", no entanto, seguiu as regras à risca. Uns liam livros, alguns se distraíam com seus iPods, outros conversavam sobre o que fizeram no fim de semana.

"O maior medo é encontrar gente da escola. Imagina alguém falando na sala: 'Ah, eu vi fulana de calcinha no metrô!", brinca a novata Luana Nunes, 17. Ornela Jacobino, 16, arrastou o namorado para a intervenção. "Ainda não sei se vou ficar com ciúmes de verem minha namorada de calcinha, mas vamos lá", desabafa Rodrigo Cerqueira, 18, outro estreante.

Felix Lima-4.jan.2011/Folhapress
SÌO PAULO, SP, BRASIL, 09-01-2011. Participantes do flashmob "No Pants" tiram a cala no metro de So Paulo : (Foto: Felix Lima/Folhapress, FOLHATEEN)
Jovem passeia de metrô à vontade de roupa íntima e camiseta
Felix Lima-4.jan.2011/Folhapress
SÌO PAULO, SP, BRASIL, 09-01-2011. Participantes do flashmob "No Pants" tiram a cala no metro de So Paulo : (Foto: Felix Lima/Folhapress, FOLHATEEN)
Enquanto isso, "civis" tentam entender o que está acontecendo
Felix Lima-9.jan.2011/Folhapress
SÌO PAULO, SP, BRASIL, 09-01-2011. Participantes do flashmob "No Pants" tiram a cala no metro de So Paulo : (Foto: Felix Lima/Folhapress, FOLHATEEN)
Amanda Lucena, 17, à direita, caiu na risada

SEM CALÇAS NA PAULISTA

A última parada do "No Pants" foi a avenida Paulista, o cartão postal de São Paulo.

Descontraídos, os "mobeiros" nem se lembraram de vestir as calças novamente. "O momento mais tenso é quando você já está dentro do metrô, prestes a abrir o zíper", conta a enfermeira Talita de Oliveira, 22, que socializava com velhos e novos amigos de flash mob na esquina da rua Augusta com a avenida Paulista, todos ainda sem calças.

"Eu estava esperando um amigo e dei de cara com o pessoal saindo do metrô de cueca. Achei muito legal. Se na praia pode usar biquíni, por que na cidade a gente tem que andar todo vestido? Até que o pessoal aqui está comportado, de camiseta", comenta a aposentada Sandra Frajnovits, 46.

Sandra entendeu a proposta, mesmo sem saber direito o que estava acontecendo.

"Não estamos fazendo mal a ninguém, é liberdade de expressão", avalia Gabriel Marcola, 19. "Minha mãe ficou preocupada, achando que eu ia ser preso ou apanhar."

Rafael Barreto, 18, veio da Praia Grande (litoral sul do Estado de São Paulo) exclusivamente para tirar as calças no metrô. Ele soube do "No Pants" um dia antes do evento, pelo primo, que o acompanhou na empreitada.

O flash mob não acabou por ali. Algumas dezenas de "mobeiros" resolveram descer a Augusta, uma das ruas mais badaladas da cidade, só de roupas de baixo.

Veja Vídeo

 
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