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18/04/2011 - 09h44

Metaleiros fazem videoclipe em homenagem a Zangief Kid

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MAYRA MALDJIAN
DE SÃO PAULO

Em março, um espertinho no pátio de uma escola australiana gravou uma cena que virou hit na internet: Casey Heynes, o gordinho da turma, reage inesperadamente aos socos que leva de seu colega de escola, o magrelo Richard Gale, arremessando-o sem dó no chão.

A comoção foi geral. Em poucos dias, Casey ganhou o apelido de Zangief Kid na web (referência a um lutador do game "Street Fighter") e se tornou o super-herói de milhares de pessoas que já sofreram bullying.

Entre esses milhares estão Caio Macea, Fernando Lamb, Tiago Hospede, Thiago Carioca e Cabelo, os integrantes da banda brasileira de heavy metal Chorume, que criou uma música e um videoclipe em homenagem ao adolescente.

"A molecada que vai aos nossos shows tem um estereótipo muito propício ao bullying. São adolescentes mais introspectivos, nerds, que acabam buscando na música a superação para isso", conta Hospede.

Otávio Sousa/Divulgação
Banda Chorume
A banda Chorume

A música, que leva no nome o apelido de Casey, foi composta em inglês de forma colaborativa na internet. A banda postou um trecho da letra em diversas páginas do Facebook relacionadas ao metal, ao hardcore e ao Zangief Kid, e pediu para que as pessoas ajudassem a completa-la com suas próprias frases.

Essa mobilização digital, que foi idealizada por Tiago Marcondes e Bruno Tozzini, parceiros do quinteto e produtores do clipe, durou três dias. O processo todo --desde a colaboração até a finalização do vídeo-- durou uma semana.

Agressiva, a letra de "Zangief Kid" destaca o momento em que Casey se rebela. "É a estética do metal, de falar 'inferno' e outras coisas agressivas", conta Hospede. A "gritaria" tem participação especial de Marcus D'Angelo, vocalista da banda Claustrofobia.

No entanto, eles dizem ser totalmente contra a violência. "O que a gente apoia é o fato de o Zangief ter dado um basta naquele sofrimento", explica Hospede. "A bandeira que a gente quer levantar, na verdade, é a de que o melhor jeito de você se rebelar contra o bullying é escrevendo uma música, é desabafar em forma de arte, em vez de sair por aí fazendo merda".

No clipe, os metaleiros usam máscaras com o rosto do estudante australiano. Desenhadas por Tiago Marcondes, elas dão a ideia de que há vários Zangief tocando.

Vídeo

ENTENDA O CASO DE ZANGIEF KID

Em março, o jovem australiano Casey Heynes virou sensação na internet. Um vídeo que mostra o garoto gordinho se defendendo de um colega magrelo na escola caiu na rede e, em pouco tempo, se tornou viral.

Estudante reage a bullying e vira estrela da internet

"Remixes" começaram a pipocar no YouTube e páginas no Facebook foram criadas em apoio a ele, que ficou conhecido como Zangief Kid --referência a um lutador do game "Street Fighter".

Dias depois, Heynes voltou a ser um dos assuntos mais falados do Twitter por conta da entrevista que deu ao canal australiano ACA, em que também falaram o pai e a irmã do garoto.

O depoimento do estudante passa longe das piadinhas que dominam a seção de comentários do YouTube. Além de contar sobre a cena do vídeo, ele abre o coração. "Pensei em suicídio", afirma Heynes ao entrevistador, que pergunta qual foi o pior momento de sua vida.

Para superar essa fase difícil, contou com a ajuda da irmã mais velha. "Eu fiquei sabendo do que aconteceu quando ele chegou da escola. Ele me mostrou o vídeo e eu disse 'não sei se deveria fazer isso, mas toca aí!"

Heynes diz sofrer bullying na escola desde o segundo ano do ensino fundamental. No primeiro ano do colegial, ele voltou a ser alvo de provocações e chegou a perder oito amigos. O pesadelo havia voltado: "Eles me chamavam de gordo, me davam tapas na nuca, me faziam tropeçar, jogavam bexigas d'água em mim. Praticamente todos os dias".

"Eu não sabia do problema dele até ver aquele vídeo", conta o pai do menino. "Enquanto ele falava na entrevista, tive que enxugar as lágrimas. Fiquei muito mal. Pensar que os amigos viraram as costas para ele."

O pai de Heynes diz não aprovar violência e que "foi algo horrível de ver", mas que está feliz por seu filho ter se defendido.

Veja vídeo

O OUTRO LADO

A pressão sobre o jovem australiano Richard Gale, apontado na web como "merecedor" do baita sacode que levou de seu colega de escola, Casey Heynes, é gigante. E isso fica explícito na entrevista que ele deu ao programa de televisão Today Tonight (veja aqui) sobre o vídeo de bullying mais famoso do momento.

Assustado com a reação do mundo inteiro aos socos que deu em Casey, Richard diz que o vídeo não mostra tudo o que aconteceu. "Ele me provocou primeiro, me empurrou", conta. "Ele me chamou de 'o idiota da classe'. Fiquei muito bravo, só pensava em bater nele". O menino chora durante o depoimento.

Richard conta que não sabia que o colega sofria bullying há tanto tempo, e que também é alvo de provocações há anos.

O pai, Peter Gale, ficou preocupado com as duras críticas ao comportamento de seu filho, e também chora durante a entrevista. Segundo ele, a atitude não condiz com o caráter do menino. "Não aprovo o que meu filho fez, mas acho que essa história está mal contada", afirma. A mãe, Tina Gale, pede desculpas à família de Casey. "Fiquei em choque ao ver meu filho agredindo outro garoto, e mais ainda quando o vi sendo jogado no chão." Felizmente, o garoto só feriu o joelho --ele mostra as marcas no programa.

Mesmo assim, apesar de saber que o bullying pode ter péssimas consequências, Richard diz não se arrepender do que fez.

 
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