Colegas riam do sotaque da estrangeira Tatiana Belinky
Lais Faber/Folhapress |
A infância de Tatiana Belinky parece uma daquelas aventuras que só existem nos livros, com navios, guerras e longas viagens.
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Tatiana nasceu em São Petersburgo, na Rússia, em 18 de março de 1919. Quando tinha um ano, a família mudou-se para um país vizinho, a Letônia. Lá nasceram seus dois irmãos.
O pai de Tatiana era um homem muito fino e inteligente. Falava cinco línguas. Tatiana seguiu o exemplo e, com sete anos, já falava russo e alemão.
O pai sempre contava histórias para os filhos, fazendo uma voz diferente para cada personagem.
Sempre muito curiosa, Tatiana fazia um monte de perguntas para os pais. Ler era o que ela mais gostava de fazer, principalmente as histórias tristes, que fazem a gente chorar.
Em 1929, quando Tatiana tinha dez anos, seus pais resolveram deixar a Letônia, fugindo da guerra e da crise econômica.
Eles vieram para o Brasil de navio. A viagem durou 21 dias. Para Tatiana e os dois irmãos, foi o início de uma grande aventura.
"Eu não fiquei assustada, estava muito curiosa para conhecer o Brasil. Imaginava um país tropical, cheio de bananas", relembra a escritora.
Tatiana adorava a fruta, mas era muito difícil encontrá-la na Letônia. Ficou feliz quando desembarcou no Rio de Janeiro e deu de cara com um cacho de bananas. Depois de alguns dias, a família mudou-se para São Paulo. Em pouco tempo, Tatiana já falava português e lia poemas de Castro Alves e histórias de Monteiro Lobato.
Ela se adaptou muito bem ao Brasil. Só ficava triste com alguns colegas da escola que riam de seu sotaque ou quando trocava as palavras. "Para mostrar pra eles, passei a estudar muito e virei a melhor aluna da classe em português", relembra ela.
Fotomontagem | ||
Tatiana, aos 93 anos, em São Paulo; e a escritora com 4 anos de idade |
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