'Se sofri preconceito não percebi', diz brasileiro que é o 1º bailarino de cia. em Londres
O brasileiro Thiago Soares, 32, é bailarino do Royal Ballet de Londres. Ele ocupa a função de primeiro bailarino, ou seja, é o bailarino que interpreta o papel principal em um espetáculo da dança.
Thiago começou a dançar aos 15 anos, depois de ganhar uma bolsa para estudar balé clássico em uma escola de dança no Rio de Janeiro.
- Meninas que jogam bola e meninos bailarinos falam sobre preconceito
- Jogadora Marta conta como foi difícil entrar para o futebol; leia entrevista
Em 2002, foi selecionado para integrar o prestigiado Royal Ballet de Londres, onde continua até hoje. Entre os papéis que já interpretou nos espetáculos de dança estão os príncipes dos balés "A Bela Adormecida", o Quebra-Nozes" e "O Lago dos Cisnes" e o bruxo Rasputin, do ballet "Anastasia". Ele vive em Londres com a mulher, a também bailarina Marianela Nuñez.
Em entrevista por e-mail para a "Folhinha", Thiago falou sobre os desafios da profissão de bailarino para os meninos e avaliou as dificuldades enfrentadas pelos dançarinos no Brasil e no exterior.
Emiliano Capozoli - 13.fev.2012/Folhapress | ||
O carioca Thiago Soares, primeiro bailarino do Royal Ballet de Londres |
"Folhinha"-O que faz um primeiro bailarino?
Thiago- O primeiro bailarino é o protagonista das grandes obras. Na maior parte das companhias internacionais, eles são figuras de destaque devido às suas vantagens físicas e qualidades especiais.
É mais difícil para os homens se estabelecerem como baialrinos do que para as mulheres?
A dificuldade para se chegar ao top da dança internacional é muita, tanto para homens quanto para mulheres. Hoje o mundo da dança mudou e há um grande intercâmbio de bailarinos homens.
Você sofreu preconceito por ser bailarino?
Nunca sofri preconceito. Se sofri, não me dei conta.
Diante da sua experiência como bailarino no Brasil e no exterior, você percebe alguma diferença no tratamento que as pessoas dão aos bailarinos homens?
Acho que não há mais muito preconceito em geral, tanto no Brasil como em outros países. O artista clássico, sem dúvida, tem mais oportunidades aqui [na Europa] porque a indústria cria essas oportunidades. Há mais companhias, mais espetáculos e mais projetos para a dança clássica, e isso reflete em todos.
Grandes bailarinos como Rudolf Nureyev, Fernando Bujones e Anthony Dowell e outros astros incentivaram e inspiraram coreógrafos a criar obras para que os bailarinos pudessem se destacar. Por isso, hoje, nós, os homens da dança, colhemos esses frutos, podendo ter uma carreira melhor e de maior destaque.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade