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Crianças falam da tragédia na escola do Rio de Janeiro
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BRUNO MOLINERO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
MARTHA LOPES
DE SÃO PAULO
Ilustração da Maria Antônia Kormann Itiberê |
Desenho em homenagem às vítimas do massacre no Rio |
"Parecia ficção", conta Nick, 9. Essa foi a sensação do garoto ao acordar e ligar a televisão na manhã da última quinta-feira.
Naquele dia, pela manhã, um homem entrou na escola municipal Tasso da Silveira, no Realengo, na zona oeste do Rio, e disparou tiros contra os alunos. Deixou mortos e feridos. O atirador se matou.
"Deu muito medo, sabe?", diz Estela, 10, que soube da história pelos amigos da escola. Já Chiara, 10, leu sobre o ocorrido ao acessar a internet. "De manhã, sempre vejo notícias no computador", conta.
Luiza, 10, lembrou que é importante ajudar os parentes das vítimas. "Mas a dor [das famílias] nunca some, né?", completa Nina, 10.
A pergunta que deixou todo mundo pensativo mesmo foi a de Rogério, 10: "E se acontecer na minha escola?". Ian, 9, estava com a resposta na ponta da língua. "Eu ia dar uma porrada nele!", imagina, como se estivesse num filme de ação.
Se bater o medo...
É normal ter medo quando uma tragédia acontece. Mas a psicopedagoga Maria Irene Maluf explica: "A tragédia não é algo que acontece sempre. É como a queda de um avião. A gente deve ter sentimento de pena e de carinho pelas crianças que se machucaram, mas não se apavorar a ponto de deixar de ir para a escola".
Nessas horas, conversar sobre o assunto com seus pais ou adultos em que confia pode ajudar a não sentir medo.
"De repente, o porto seguro se torna o lugar mais perigoso em que alguém poderia estar. O lugar onde estão nossos amigos, aprendemos, sonhamos, passamos metade do nosso dia vira um espaço de violência e tristeza. Por quê?"
VITÓRIA DELL'ARINGA ROCHA, 12
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