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História
Álbum de família
SYLVIA COLOMBO
DA REPORTAGEM LOCAL
No próximo dia 7 de março, fará 200 anos que um
príncipe português gorduchinho, uma princesa espanhola alvoroçada, uma rainha meio tantã e dois garotos travessos chegaram ao
Rio de Janeiro depois de
cruzar o oceano Atlântico.
Com eles, também embarcaram várias pessoas ricas e importantes de Portugal. Todos estavam fugindo
do exército de Napoleão, o
poderoso imperador francês que já havia conquistado
quase a Europa inteira.
Você já deve estar se perguntando por que essa viagem, que aconteceu há bastante tempo, tem tanta importância nos dias de hoje.
Pois bem, naquela época,
o Brasil ainda era uma colônia de Portugal. Tudo o que
produzíamos era enviado à
metrópole. Não podíamos
fazer comércio com outros
países, nem ter nossas próprias moedas, jornais e livros. Além do isolamento,
faltavam boas estradas e
moradia para a população.
Nova era
Quando a família real portuguesa veio para cá, uma
nova era na história do Brasil começou. Por ter virado
sede de um império, tornou-se um lugar mais importante. Instalado aqui,
dom João 6º criou o primeiro banco, o primeiro jardim
botânico, o primeiro jornal,
melhorou as condições de
vida no Rio, além de permitir que outros países fizessem comércio conosco.
Com isso, devagarzinho,
as condições para que nos
tornássemos um país independente, em 1822, foram
surgindo a partir daí.
Mas não pense você que
esse episódio trouxe apenas
conseqüências positivas. Só
o fato de termos sido colonizados por Portugal fez com
que herdássemos muitas
coisas ruins. Coisas que a família real não mudou em
sua passagem por aqui.
Algumas ainda são grandes problemas para o Brasil.
As diferenças sociais causadas por relações injustas de
poder e pela escravidão, a
falta de boas condições de
vida para os mais pobres e a
corrupção, que era comum
em Portugal, são algumas
das heranças negativas daquela época com as quais
ainda convivemos hoje.
Carlota Joaquina
Filha do rei da Espanha, dona
Carlota Joaquina jamais gostou
da mudança para o Brasil.
Resmungou durante a viagem
e não gostou do Rio de Janeiro
logo de cara. No fundo, ela vivia
preocupada com o futuro de seu
país, que tinha sido invadido por
Napoleão. Esperneou, aprontou
e armou intrigas contra Portugal
mesmo casada com o rei dom João
6º. Apesar de ser feia, teve vários
amantes por aqui. Por fim, não
sossegou até voltar para a Europa.
Dom João 6º
Gorduchinho e preguiçoso, dom João 6º ficou
conhecido pela demora para tomar decisões
importantes. Mas essa característica acabou
sendo muito útil para salvar Portugal do avanço
do imperador francês Napoleão. Fingindo-se
de bobo, ganhou tempo diante do poderoso
adversário. Enquanto isso, com a ajuda de seus
ministros, planejou a mudança para o Brasil e,
por fim, salvou as posses de seu reino.
Dom Pedro 1º
O filho mais velho de dom João
6º era um sujeito impetuoso e
muito paquerador. Ficou famoso
por namorar várias moças do
Rio daquela época e, por conta
disso, causar bastante confusão.
Em 1821, seu pai foi obrigado a
voltar a Portugal para conter uma
revolta que acontecia por lá. Dom
Pedro ficou em seu lugar e, no
ano seguinte,
declarou a
independência
do Brasil,
transformandose
em nosso
primeiro
imperador.
Dona Maria 1ª
A mãe de dom João 6º reinou em Portugal por
muitos anos até manifestar uma doença mental.
Por isso, foi afastada do cargo em favor do filho.
Nos anos em que passou no Brasil, viveu isolada. O
curioso sobre ela é que, apesar de ser apelidada de “a
Louca”, foi a única pessoa a chamar a atenção para a
má impressão que causou o embarque repentino de
toda a família real para o Brasil. Ela teria dito: “Não
corram tanto, vão pensar que estamos fugindo!”
Napoleão Bonaparte
O imperador francês ficou no poder
em seu país por mais de dez anos
e, nesse tempo, conquistou grandes
partes da Europa. Seu avanço foi tão
intenso que o pequeno Portugal não
teve outra opção senão a de mudar
a sede da coroa para o Brasil. E isso
só foi possível porque os ingleses
ajudaram dom João e sua família a
embarcar e a empreender a viagem.
Depois de finalmente derrotado,
Napoleão foi preso e exilado numa
ilha, chamada Santa Helena, onde
passou seus últimos dias.
Leopoldina
Naquele tempo, as pessoas poderosas não
costumavam se casar por amor, e sim para obedecer
a acordos entre reis e rainhas de diferentes países.
Foi por isso que a menina austríaca Leopoldina veio
ao Brasil em 1817. Seu destino era casar-se com dom
Pedro 1º. Inteligente, mas um tanto feinha, ela sofreu
na mão do seu marido mulherengo. Ainda assim, foi
bastante importante ao ajudá-lo a tomar decisões
políticas, inclusive a da nossa independência.
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