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São Paulo, sábado, 2 de abril de 2005

IMAGINAÇÃO

Companheiros invisíveis das crianças têm lugar reservado nas brincadeiras de verdade

Meu amigo é um mistério

Reprodução
BOB Este é o amigo criado por Maria Vitória Schmitt, 9 anos; ela desenhou seu companheiro imaginário quando começou a esquecê-lo, para lembrar como ele era

PAULA ANSELMO
PAULA MEDEIROS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Nem todo mundo tem ou teve um. Muita criança costuma brincar com o seu e, ao crescer, abandona o amigo imaginário. Isso não é ruim, dizem os psicólogos. Criar e esquecer esse companheiro invisível faz parte do processo de crescer.
Giulia Caliman, 3 anos e 9 meses, tem dois amigos imaginários: o Guigui, "que nunca sai de casa", e a Gága, "o meu nenê de mentirinha", conta ela, bem baixinho, para ninguém mais ouvir.
Os pais de Giulia dizem que os amigos existem desde que ela começou a falar. O Guigui é o que leva bronca e ouve muito "Não pode!" e "Não mexa!". Ele sempre fica de castigo, mas brinca com ela e os amigos, de verdade, no prédio.
Maria Vitória Schmitt tem 9 anos e se lembra muito bem de Bob, seu amigo invisível. "Ele tinha os cabelos pretos, lisos, os olhos verdes e gostava de vestir roupas vermelhas. Era criança, como eu, mas era uma miniatura."
"Quando eu tinha uns cinco anos, comecei a esquecê-lo, mas fiz um desenho, para sempre lembrar como ele era. Acho que, quando vão embora, os amigos imaginários vão morar na nossa memória", diz Vitória.
"A Mansão Foster para Amigos Imaginários", desenho do canal de TV paga Cartoon Network, é um lar que recebe essas criaturas imaginárias quando quem as criou não quer mais saber delas.
Isis Barbosa, 6 anos, é fã do desenho. "Sou mais parecida com a Coco. É a minha favorita, porque gosta de pessoas. A Fofinha gosta do Minguado, porque ele é alto." Fofinha é sua cadela imaginária.
"É uma cachorra linda que eu criei. Parece uma zebra listrada de rosa e azul, solta chuva pela testa e gelo pelo rabo, dorme na parede da sala e faz a lição da escola comigo", explica.
Fofinha também usa laço laranja na cabeça e a sola de sua pata é amarela. Ela tem três filhotes: Nuvenzinha, Raio e Trovãozinho. "O que ela mais gosta de fazer é picolé", revela.
Isis conta que, na escola, outras crianças têm amigos imaginários e que todos brincam juntos. "Tem uns estranhos, com um olho só no meio da testa, e tem outro cujo rosto é uma fotografia."

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