Crianças reclamam de chapéus "piniquentos", calças remendadas e maquiagem exagerada

MÔNICA KRAUSZ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quando a festa junina da escola se aproxima, Fabrício Leon Leite, 9, já pensa logo que vai "pagar mico".
"Se não bastasse aquela calça remendada, o chapéu "piniquento" e aquelas camisas quentes, a minha mãe ainda me desenha uma barba e um bigodinho no rosto", reclama o aluno do Colégio Sidarta, de Cotia (SP). "A gente se sente humilhado com essa roupa", diz.
Fernando Padovan, 9, colega de Fabrício, acha que o pessoal da roça não deve usar roupas remendadas para ir ao baile. "Roupa remendada eles só devem usar para trabalhar", conta.
Algumas garotas também criticam as roupas da festança junina. "As meninas da roça devem usar roupas mais confortáveis para trabalhar ou para ir a festas. Também não acho que usem maquiagens carregadas", diz Beatriz Utimura, 9.
Caipirice Há quem acredite, no entanto, que são a maquiagem, a roupa com remendos, o chapéu desfiado, o vestido rodado e as trancinhas que dão uma graça à festa.
É o caso de Marina Perez, 10, aluna da Escola da Vila. Ela tem primos que vivem no interior e sabe que eles não se vestem com "trajes caipiras". Mas, mesmo assim, diz que espera o ano inteiro pelo momento de escolher sua roupa de caipira.
"Acho que se vestir de caipira é a parte mais legal da festa", diz. "A roupa de caipira é o que faz a gente se sentir dentro da festa."
Sua colega Luisa Silva, 10, concorda. "Tem gente que não gosta de se vestir de caipira porque tem vergonha, mas a vergonha não faz parte da festa." E, para as pintinhas das caipiras, Luisa tem uma explicação: "Se as meninas trabalham na roça, ficam muito no sol. E têm pintinhas no rosto porque não usam filtro solar".

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