São Paulo, sábado, 12 de julho de 2008

Brincadeira

por um pedaço de chão

Conheça dez jeitos de pular amarelinha, academia, sapata, avião...

Rafael Hupsel/Folha Imagem
As irmãs Gabriela, 5, e Marcela Pavan, 8, brincam com Isabela Aleixo, 8

RENATA MEIRELLES
ESPECIAL PARA A FOLHA

A marelinha é uma brincadeira que só precisa de um pequeno pedaço de chão para começar. Mas muitas crianças sofrem por falta de chão.
Isso porque, hoje em dia, ou ele está ocupado com muitas coisas ou não pode ser riscado. E a brincadeira acaba não acontecendo!
Mas a sabedoria infantil é grande. De norte a sul do país, é possível encontrar meninos e meninas de joelhos no asfalto ou na terra, riscando cuidadosamente uma vastidão de possibilidades dessa brincadeira, que tem nome diferente dependendo da região.
Se você de São Paulo convidar uma criança da Amazônia para pular amarelinha, ela dirá que não conhece a brincadeira. Mas é só começar a riscar o chão que ela dirá: "Ah, pular macaca".
Já em Pernambuco elas chamam de jogo de academia; no Rio Grande do Sul, sapata; em Alagoas, avião. É assim que o Brasil coleciona nomes diferentes para uma mesma brincadeira.
E não é só o nome que varia: as regras, o desenho, o caco de atirar, a quantidade de participantes, a época da brincadeira, tudo isso muda de região para região.
No Amapá, por exemplo, as crianças não usam caco ou pedrinha. Elas jogam com uma trouxinha feita de sacolinha plástica e recheada de areia ou de terra.
Em Minas Gerais, a criançada inventou uma modalidade bem difícil: é preciso empurrar a pedrinha com os pés, seguindo todo o trajeto do jogo, sem errar.
No fundo, no fundo, o bacana é ver que, independentemente das diferenças, todos gostam da mesma coisa: riscar um desenho e sair pulando dentro dele.
Conheça dez jeitos diferentes de pular amarelinha, macaca, academia, sapata, avião... Você só vai precisar de um pedaço de chão.

Renata Meirelles, 37, é pesquisadora de brinquedos e de brincadeiras, mestre em educação pela Universidade de São Paulo e autora de "Giramundo e Outros Brinquedos e Brincadeiras dos Meninos do Brasil" (editora Terceiro Nome ).

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