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São Paulo, sábado, 14 de agosto de 2004

Mudança de hábito

Roosevelt Cassio/Folha Imagem
As gêmeas Yara e Yasmin Aranda em casa feita de garrafas plásticas


Meninas trabalham para conscientizar pessoas sobre a importância da água

PAULA MEDEIROS
FREE-LANCE PARA A FOLHINHA

Mudança de hábito! Esse é o segredo de quem arregaçou as mangas para garantir um futuro melhor para si mesmo e para os outros. Atitudes simples -como passar menos tempo embaixo do chuveiro, fechar a torneira ao escovar os dentes, ao fazer a barba e ao lavar a louça, não lavar quintais e calçadas nem usar a mangueira como vassoura- fazem muita diferença.
"Antes, se a fonte estivesse suja, podia continuar. Eu não ligava. Mas, no fim, essa é também é a água que a gente bebe", conta Yasmin Aranda Lopes, de 9 anos, que desde o ano passado participa como voluntária de um projeto do SOS Mata Atlântica.
Ela e a irmã gêmea, Yara, ajudam Jaime, o tio, a recolher e a testar amostras de água de uma nascente que já brota poluída atrás da casa deles, em Ferraz de Vasconcelos, cidade a 32 quilômetros da capital de São Paulo.
"A gente tira os pacotinhos da mala e lê as instruções sobre como usar", explica Yara. Esse trabalho serve para monitorar a qualidade da água na região, que pertence à Bacia Hidrográfica do Alto Rio Tietê.
No quintal da casa, o tio das meninas construiu uma cabana usando garrafas plásticas de refrigerante que ele encontrou no lixo da nascente. As gêmeas brincam nessa casa, "que tem até uma tirolesa".
Eventualmente, acontecem reuniões e palestras para as pessoas da região. "Nosso trabalho ajuda a conscientizar o povo a não sujar essa água", diz Yara. Onde eles vivem ainda resta Mata Atlântica, mas há todo tipo de lixo. "Até a prefeitura da cidade despeja coisas aqui", conta Jaime.
Não contente em apenas mudar de atitude, Maria Lívia de Cabral, de 11 anos, foi mais longe. Há quatro anos, ela criou, com a ajuda dos pais, a ONG (organização não-governamental) Movimento Infantil Guardiões das Águas do Universo, que é conhecida pela sigla MINGAU.
"Eu falo em escolas e digo para outras crianças que melhorar o planeta é um trabalho que depende de nós. Também falo em Câmaras Municipais, e peço aos adultos que não sujem ainda mais a Terra", conta ela. Sua ONG tem 140 pessoas, com idades até 14 anos, cadastradas.
Lívia vive e estuda em Campos do Jordão (cidade a 176 km da capital de São Paulo). Ela está na 5ª série e diz que sua escola não tem um projeto para conscientizar os alunos sobre o uso inteligente da água, mas conta que os colegas de classe aderiram à sua ONG. "Eles dão bronca no pessoal que desperdiça água e que joga lixo no chão, principalmente os mais velhos."

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