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Entrevista
Monstros no teto
Cartunista argentino lança livro para crianças
CAMILLA COSTA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE BUENOS AIRES
O escritor argentino Ricardo Liniers, 36, diz que
gosta de desenhar coisas engraçadas e meio malucas
desde criança.
Na sua tirinha "Macanudo", publicada pela Folha,
dá para acompanhar pinguins, duendes, um robô
sensível e as aventuras de
uma menina chamada
Henriqueta, com o urso
Madariaga e o gato Fellini.
Ele falou com a Folhinha
sobre a inspiração para inventar personagens e como
foi escrever o seu primeiro
livro infantil: "O que Existe
Antes que Exista Tudo"
(Ed. Girafinha; R$ 28).
No livro, quando a luz do
quarto se apaga, um menino começa a imaginar
monstros e bichos ferozes
descendo até sua cama.
Eles não fazem nada, mas
assustam bastante.
Acompanhe abaixo a entrevista com Liniers.
BATE-PAPO
Como foi escrever o livro?
É difícil escrever para crianças! Um amigo me pediu e eu passei dois anos pensando no que fazer. Até que lembrei de algo que me acontecia quando eu era pequeno. Quando meu pai apagava a luz do quarto, e eu não via mais o teto, pensava que ele desaparecia. Aí eu imaginava coisas descendo do alto, até um tigre!
Como você era quando criança?
Eu era um menino quieto e tinha uma imaginação muito fértil. Era como Henriqueta, personagem de Macanudo, que gosta de ler e é observadora.
A tirinha "Macanudo" pode ser lida por crianças?
Sim, elas gostam muito. Adultos e crianças entendem as tirinhas de jeitos diferentes. Elas criam teorias sobre os personagens. Especialmente sobre o monstro Olga. Na verdade, ele é inspirado em um bonequinho que eu tinha e carregava para todo lugar.
Por que você costuma desenhar a si mesmo como um coelho?
Eu desenhava muitos coelhos antes de começar a desenhar pinguins. Gosto deles. Quando me desenho como um coelho, sinto como se eu colocasse uma máscara e fico mais à vontade para falar de mim. Quando eu era criança, vestia uma fantasia de super-homem e achava que corria mais rápido. É a mesma coisa.
O que os pinguins têm de tão especial?
É muito fácil deixá-los engraçados em uma tirinha, porque eles já são animais muito divertidos. Além disso, eles são do sul, como nós argentinos. As pessoas do hemisfério norte só conseguem vê-los em zoológicos, mas nós podemos vê-lo em seu habitat natural. São algo muito nosso.
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