São Paulo, sábado, 15 de setembro de 2007

Um novo começo

Depois de uma longa viagem, crianças refugiadas têm que aprender uma outra língua e conquistar novos amigos

Danilo Verpa/Folha Imagem
Larissa, 12, mostra fotos de parentes que ficaram na Costa do Marfim, seu país de origem


PAULA LAGO
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando você ouve falar na Guerra do Iraque, já deve ter se perguntado: e o que acontece com as crianças? Em situações de conflito, seja com um outro país, seja entre os próprios moradores ou contra o governo, por exemplo, a vida de muitas crianças fica em risco.
Aí a solução é uma só: sair dali o mais rápido possível.
Só que essa viagem não é como sair de férias. É definitiva, e depende que outro país aceite receber essas famílias -os refugiados.
Para conseguir refúgio (proteção), eles têm de provar, com suas histórias, que foram forçados a deixar seu país porque se sentiam ameaçados. E precisam contar, também, os motivos: é por causa da religião? Por que pensam de forma diferente de políticos? Por que seu país está em guerra?
Hoje, o Brasil recebe muitas pessoas nessas condições, de 69 nacionalidades. Elas vinham mais de países da África, mas neste ano o Conare (Comitê Nacional para os Refugiados) percebeu uma mudança: muitos pedidos vêm de vizinhos como Colômbia, Peru e Cuba.
A Elizabeth, 5, nasceu em Cali, na Colômbia, e teve de fugir com seu pai para o Brasil. Ela trouxe brinquedos, roupas, mas duas coisas bem importantes ficaram: a mãe e a irmã mais velha.
"O Brasil é caro", explica a garota, que também acha nosso país "grande demais, a viagem foi loooonga".
Eles vieram de ônibus, em janeiro, e foram atendidos em São Paulo pelo Centro de Refugiados da Cáritas, que faz parte do Conare.
Seu pai não tem emprego, mas dizem que a vida melhorou. Moram em albergue, e a menina já quase não chora na aula de português. "Eu chorava muito, queria brincar com minha irmã", diz Elizabeth, que espera a vinda da mãe e, então, vai "mostrar a cidade para ela".

O que aconteceu na Colômbia
Há ondas de violência há mais de 40 anos envolvendo guerrilheiros (grupos armados ilegais que praticam seqüestros e tráfico de drogas), paramilitares (grupos criados para combater a guerrilha, que também seqüestram e traficam drogas) e forças do governo.

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