São Paulo, sábado, 15 de novembro de 2008

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Cultura viva

Quilombolas resistem ao tempo e dão continuidade às origens afrobrasileiras

Renato Stockler/Na Lata
Alunos da Escola Estadual Maria Antonia Chules Princesa

MARIANA BERGEL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Há muito tempo, desde 1530, mais de três milhões de negros foram trazidos como escravos da África para o Brasil pelos colonizadores portugueses.
Insatisfeitos com a situação e em busca de liberdade, alguns começaram a fugir e a formar aldeias que eram chamadas de quilombos.
"Eles trabalhavam muito sem ganhar dinheiro e apanhavam bastante", conta Jaine da Silva, 11, que vive no quilombo Ivaporunduva, no Vale do Ribeira, em São Paulo.
Hoje, muitos negros vivem em agrupamentos, como a Jaine. Só que, diferentemente de antes, isso é motivo de orgulho para eles. "O quilombo agora virou tudo de bom", explica Lucas Matheus da Silva, 9.
As brincadeiras são variadas: estilingue, pega-pega, quem fica mais tempo embaixo da água do rio, duro-ou-mole. Muitos brinquedos são confeccionados pelas crianças.
"Fazemos cavalinho de banana [colocam palitos como pezinhos nas bananas] e pipas", diz Fabiano da Mota, 12.
Lucas nasceu em São Paulo, mas a mãe dele casou com um quilombola (quem vive no quilombo) e ele mudou para Ivaporunduva há três anos. "Aqui tem mais espaço pra brincar, vem gente de fora conhecer e eu faço sempre novos amigos. Tem menos violência e a gente tem mais liberdade."
"O quilombo foi fundado pelos negros, então preservamos o que eles deixaram. Mas há brancos que vivem aqui também, afinal a única diferença é a cor da pele", explica Flávia Cristine Lopes, 9, que mora no quilombo André Lopes (SP).

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