São Paulo, sábado, 18 de agosto de 2007

"Parece real"

Escolher a roupa, preparar a comida e mobiliar a casa são algumas brincadeiras de internautas mirins na rede

CLARICE CARDOSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Todos os dias depois da escola, Beatrice Marie da Cunha, 10, dá comida para Pestinha, seu bichinho de estimação vermelho e peludo, e segue para trabalhar descarregando sacos de um caminhão na loja de café.
Com o salário, compra comida para Pestinha ou cores para ser um pingüim diferente a cada dia.
Espere aí: pingüim? Isso mesmo, durante até duas horas por dia, Beatrice é um pingüim que muda de cor e vive num mundo virtual.
É que a menina adora brincar num jogo on-line que tenta imitar o universo em que a gente (ou melhor, os pingüins) vivem.
"Ali você cria um personagem e sai explorando lugares. Em cada um há um joguinho em que você faz algo diferente", conta.
Esses jogos, que começaram como uma brincadeira de adultos, fazem um baita sucesso entre as crianças. Mais de 12 milhões de pessoas jogam só no "Club Penguin", que acaba de ser comprado pela Disney.
E a febre por bichinhos on-line também é grande no Brasil. O Neopets.com, outro site do gênero, é o 80º site mais acessado no Brasil, segundo o Alexa.com.

Vida de pingüim
Ana Beatriz Horta, 9, também adora brincar de ser pingüim. "É um jogo, mas ele imita a vida mesmo, parece real", diz.
E, como é tudo de mentirinha, ela aproveita para fazer algumas coisas que não teria coragem de fazer na vida real. "Sou tímida, mas lá, quando converso com alguém de quem eu fico amiga, mando até um coração."
Quando se cansam de suas vidas no pólo, os internautas dão um pulinho em outro mundo, onde podem ser os bichinhos que quiserem: desde sapo até dragão.
Danilo Losito, 13, tem três bichos e cuida deles com o mesmo carinho com que cuida de seu cachorro de verdade. "Vejo se eles estão doentes, dou comida e algum brinquedo para eles", diz.
Mas qual dos bichos ele prefere? "O de verdade, claro. Os outros são só personagens do jogo. Não têm a ver com a vida real."

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