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"Parece real"
Escolher a roupa, preparar a comida e mobiliar a casa são algumas brincadeiras de internautas mirins na rede
CLARICE CARDOSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Todos os dias depois da
escola, Beatrice Marie da
Cunha, 10, dá comida para Pestinha, seu bichinho de estimação vermelho e peludo, e segue
para trabalhar descarregando sacos de um caminhão na loja de café.
Com o salário, compra comida para Pestinha ou cores para ser
um pingüim diferente
a cada dia.
Espere aí: pingüim?
Isso mesmo, durante até duas horas
por dia, Beatrice é um
pingüim que muda de cor e
vive num mundo virtual.
É que a menina adora
brincar num jogo on-line
que tenta imitar o universo
em que a gente (ou melhor,
os pingüins) vivem.
"Ali você cria um personagem e sai explorando lugares. Em cada um há um
joguinho em que você faz
algo diferente", conta.
Esses jogos, que começaram como uma brincadeira de adultos, fazem um
baita sucesso entre as
crianças. Mais de 12 milhões de pessoas jogam só
no "Club Penguin", que
acaba de ser comprado pela Disney.
E a febre por bichinhos
on-line também é
grande no Brasil. O Neopets.com, outro site do gênero, é o 80º site mais acessado no Brasil, segundo o
Alexa.com.
Vida de pingüim
Ana Beatriz Horta, 9,
também adora brincar de
ser pingüim. "É um jogo,
mas ele imita a vida mesmo, parece real", diz.
E, como é tudo de mentirinha, ela aproveita para
fazer algumas coisas que
não teria coragem de fazer
na vida real. "Sou tímida,
mas lá, quando converso
com alguém de
quem eu fico amiga, mando até um coração."
Quando se cansam de suas
vidas no pólo, os internautas
dão um pulinho em outro
mundo, onde podem ser os
bichinhos que quiserem:
desde sapo até dragão.
Danilo Losito, 13, tem três
bichos e cuida deles com o
mesmo carinho com que cuida de seu cachorro de verdade. "Vejo se eles estão doentes, dou comida e algum
brinquedo para eles", diz.
Mas qual dos bichos ele
prefere? "O de verdade, claro. Os outros são só personagens do jogo. Não têm a ver
com a vida real."
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