São Paulo, sábado, 18 de novembro de 2006

Lição deve começar em casa

O preconceito, às vezes, começa em casa. "O Jair é o meu melhor amigo, e eu sou o melhor amigo dele." Luís, 11, é branco; Jair, 11, é negro.
Essa seria uma história de amizade bacana se Luís não morresse de medo de seu pai descobrir que seu melhor amigo é negro.
"Meu pai é superpreconceituoso. Se alguém o fecha no trânsito, ele fala: "Coisa de preto'. Se o porteiro do prédio faz algo errado, ele diz: "Só podia ser preto'."
"Por isso nunca tive coragem de levar o Jair em casa [eles se conhecem há seis anos". Imagine se meu pai ofender ele? Não gosto nem de pensar, tenho vergonha."
Na escola, os dois partem para a briga toda vez que Jair é xingado. "Mas não criei coragem para enfrentar meu pai como enfrento meus colegas", conta Luís.
A psicóloga Dnilda Côrtes Silva, 45, do Disque-Racismo do Rio, diz que ambos são vítimas do preconceito. "Eles precisam da ajuda de um adulto. Não podem esconder essa amizade como se fosse uma coisa errada."

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