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CAPA
Um presente para cada cultura
Pertinho do Natal, dê um giro pelo globo (e pelo passado) para descobrir que
índios escolhem o melhor amigo para presentear, japoneses capricham nos
embrulhos e povos antigos da Polinésia trocavam colares por comida, entre outras
curiosidades
Pernas pra que te quero!
Houve um tempo em que os alemães tinham a superstição de nunca dar sapatos
a ninguém no Natal. O povo acreditava que dar sapatos faria com que a pessoa
que os calçasse corresse de você e que nunca mais a veria. Hoje, para os
alemães, dar um par de sapatos não tem problema nenhum. (PT)
Coisa de grego
A expressão "presente de grego" significa um presente ruim e que traz
aborrecimento a quem recebe, mas você sabe como ela surgiu? Contam que, na
Guerra de Troia, os gregos venceram as muralhas da cidade com um presente:
um imenso cavalo de madeira. Mas, na barriga do cavalo, soldados gregos
estavam bem escondidinhos. À noite, eles saíram de lá e abriram os portões de
Troia para que o resto do Exército Grego pudesse entrar. Assim, a Grécia venceu
a guerra. Com um "presente de grego", quem precisa de inimigos? (FELIPE
CARUSO)
Tradição russa
No dia do casamento dos russos, além de presentes para a casa, é oferecido aos
noivos um pão redondo com um pote de sal dentro logo após a cerimônia. Esse
presente é dado pelos pais e representa prosperidade e boa sorte na vida do
casal. Mas não basta ganhar, os noivos têm que comer o pão. E não é tão fácil.
Eles devem comer juntos, sem botar as mãos, só usando a boca. (PAULA
THOMAZ)
Doces dos deuses
Na Índia, há uma comemoração chamada Diwali, que lembra a volta do deus
Rama, depois de 14 anos em guerra. Nessa data, celebrada entre os meses de
outubro ou novembro, o povo presenteia familiares e amigos com doces caseiros,
feitos especialmente
pelas mulheres. (PT)
Mimos de bebê
Hoje, na Grécia, no dia do batizado de um bebê, os visitantes ganham balas de
amêndoa, sempre em quantidade ímpar. E, nesse dia, o bebê ganha dos
padrinhos um crucifixo de ouro, que é usado no pescoço. (PT)
Ouro, incenso e mirra
Quando Jesus nasceu em Belém, recebeu a visita de três reis magos: Melquior,
Baltazar e Gaspar. Eles vieram do Oriente, conduzidos por uma estrela brilhante.
E trouxeram presentes para o menino: ouro, incenso e mirra. O ouro significava a
realeza de Jesus. O incenso representava divindade e espiritualidade. A mirra,
usada para preparar os mortos para o funeral, significava a sua imortalidade. (FC)
Muitos embrulhos
No Japão, as embalagens são quase tão importantes quanto o presente em si. Por
exemplo, você pode presentear uma pessoa com um simples doce, mas ele nunca
vai sem embrulho.
E quanto mais camadas de embrulho, mais a pessoa gosta de você. Uma
vez embrulhado, o presente deve
ser entregue com as duas mãos, em sinal de respeito. (PT e FC)
18 é vida
Para os judeus, o número 18 é significativo. É que no alfabeto hebraico cada letra
tem um número, e a palavra "vida" tem o mesmo valor que o número 18, por
exemplo. Assim, quando os judeus presenteiam alguém em dinheiro, dão um
cheque com valor múltiplo de 18. (PT)
Sem olhar os dentes
Na Espanha, a data mais especial quando se fala em ganhar e dar presente é o
dia 6 de janeiro, quando é comemorado o Dia de Reis na religião católica. Quem
vai para cama na noite do dia 5 de janeiro sabe que vai encontrar um pacote no
dia seguinte. Por lá, uma coisa é certa, ninguém faz cara feia ao ganhar um
presente. É que o povo segue à risca o ditado espanhol: "Cavalo dado não se olha
os dentes". (PT)
Colares por comida
Povos antigos costumavam presentear ou dar objetos feitos por eles em troca de
comida. Um dos exemplos é o "kula", um tipo de comércio que ocorria entre os
povos da Polinésia, na Oceania.
Eles viajavam de canoa, de ilha em ilha, pelos rios, presenteando os vizinhos com
colares de conchas. Em troca, recebiam raízes de plantas e outros produtos de
natureza que lhes serviam de alimento. (PT)
Amigo índio
Na fronteira entre o Brasil, o Suriname e a Guiana Francesa, moram índios das
etnias aparaí e uaiana. Os homens das aldeias têm o costume de escolher um
"epe" (amigo) de outros povos, com quem trocarão presentes e hospitalidade a
vida inteira. O "epe" não pode ter grau de parentesco, tem que morar em um lugar
distante e ser um amigo exclusivo (algo como o melhor amigo). É comum a troca
de redes de algodão, colares de miçangas, cães de caça e animais silvestres. O
"epe" deve pedir um presente específico, que será feito pelo "iepe" (amigo dele).
(SILVIA DE MOURA)
Fontes: Antonio Manzatto, professor de teologia da PUC-SP; Cecía Ben David,
coordenadora pedagógica do Centro de Cultura Judaica; Dimitria Boukouvalas, do
Centro de Cultura Helênica de São Paulo; Eva Trigo, do Centro Cultural da
Espanha; Gabriel Coutinho Barbosa, pesquisador do Núcleo de História Indígena
da USP; José Quirino dos Santos, professor de antropologia da USP; Meepa
Ravindra, professora de língua indiana; Michiko Okano, professora de cultura
japonesa; Vera Gers Dimitrov, diretora da Associação Cultura Russa Grupo Volga;
os livros "A Origem de Datas e Festas" e "Guia dos Curiosos" (ambos da ed.
Panda Books), de Marcelo Duarte; "A Maravilhosa História dos Presentes de
Natal" (ed. Edicon), de Hernâni Donato.
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