São Paulo, sábado, 19 de dezembro de 2009

CAPA

Um presente para cada cultura

Pertinho do Natal, dê um giro pelo globo (e pelo passado) para descobrir que índios escolhem o melhor amigo para presentear, japoneses capricham nos embrulhos e povos antigos da Polinésia trocavam colares por comida, entre outras curiosidades

Pernas pra que te quero!
Houve um tempo em que os alemães tinham a superstição de nunca dar sapatos a ninguém no Natal. O povo acreditava que dar sapatos faria com que a pessoa que os calçasse corresse de você e que nunca mais a veria. Hoje, para os alemães, dar um par de sapatos não tem problema nenhum. (PT)

Coisa de grego
A expressão "presente de grego" significa um presente ruim e que traz aborrecimento a quem recebe, mas você sabe como ela surgiu? Contam que, na Guerra de Troia, os gregos venceram as muralhas da cidade com um presente: um imenso cavalo de madeira. Mas, na barriga do cavalo, soldados gregos estavam bem escondidinhos. À noite, eles saíram de lá e abriram os portões de Troia para que o resto do Exército Grego pudesse entrar. Assim, a Grécia venceu a guerra. Com um "presente de grego", quem precisa de inimigos? (FELIPE CARUSO)

Tradição russa
No dia do casamento dos russos, além de presentes para a casa, é oferecido aos noivos um pão redondo com um pote de sal dentro logo após a cerimônia. Esse presente é dado pelos pais e representa prosperidade e boa sorte na vida do casal. Mas não basta ganhar, os noivos têm que comer o pão. E não é tão fácil. Eles devem comer juntos, sem botar as mãos, só usando a boca. (PAULA THOMAZ)

Doces dos deuses
Na Índia, há uma comemoração chamada Diwali, que lembra a volta do deus Rama, depois de 14 anos em guerra. Nessa data, celebrada entre os meses de outubro ou novembro, o povo presenteia familiares e amigos com doces caseiros, feitos especialmente pelas mulheres. (PT)

Mimos de bebê
Hoje, na Grécia, no dia do batizado de um bebê, os visitantes ganham balas de amêndoa, sempre em quantidade ímpar. E, nesse dia, o bebê ganha dos padrinhos um crucifixo de ouro, que é usado no pescoço. (PT)

Ouro, incenso e mirra
Quando Jesus nasceu em Belém, recebeu a visita de três reis magos: Melquior, Baltazar e Gaspar. Eles vieram do Oriente, conduzidos por uma estrela brilhante. E trouxeram presentes para o menino: ouro, incenso e mirra. O ouro significava a realeza de Jesus. O incenso representava divindade e espiritualidade. A mirra, usada para preparar os mortos para o funeral, significava a sua imortalidade. (FC)

Muitos embrulhos
No Japão, as embalagens são quase tão importantes quanto o presente em si. Por exemplo, você pode presentear uma pessoa com um simples doce, mas ele nunca vai sem embrulho. E quanto mais camadas de embrulho, mais a pessoa gosta de você. Uma vez embrulhado, o presente deve ser entregue com as duas mãos, em sinal de respeito. (PT e FC)

18 é vida
Para os judeus, o número 18 é significativo. É que no alfabeto hebraico cada letra tem um número, e a palavra "vida" tem o mesmo valor que o número 18, por exemplo. Assim, quando os judeus presenteiam alguém em dinheiro, dão um cheque com valor múltiplo de 18. (PT)

Sem olhar os dentes
Na Espanha, a data mais especial quando se fala em ganhar e dar presente é o dia 6 de janeiro, quando é comemorado o Dia de Reis na religião católica. Quem vai para cama na noite do dia 5 de janeiro sabe que vai encontrar um pacote no dia seguinte. Por lá, uma coisa é certa, ninguém faz cara feia ao ganhar um presente. É que o povo segue à risca o ditado espanhol: "Cavalo dado não se olha os dentes". (PT)

Colares por comida
Povos antigos costumavam presentear ou dar objetos feitos por eles em troca de comida. Um dos exemplos é o "kula", um tipo de comércio que ocorria entre os povos da Polinésia, na Oceania. Eles viajavam de canoa, de ilha em ilha, pelos rios, presenteando os vizinhos com colares de conchas. Em troca, recebiam raízes de plantas e outros produtos de natureza que lhes serviam de alimento. (PT)

Amigo índio
Na fronteira entre o Brasil, o Suriname e a Guiana Francesa, moram índios das etnias aparaí e uaiana. Os homens das aldeias têm o costume de escolher um "epe" (amigo) de outros povos, com quem trocarão presentes e hospitalidade a vida inteira. O "epe" não pode ter grau de parentesco, tem que morar em um lugar distante e ser um amigo exclusivo (algo como o melhor amigo). É comum a troca de redes de algodão, colares de miçangas, cães de caça e animais silvestres. O "epe" deve pedir um presente específico, que será feito pelo "iepe" (amigo dele). (SILVIA DE MOURA)

Fontes: Antonio Manzatto, professor de teologia da PUC-SP; Cecía Ben David, coordenadora pedagógica do Centro de Cultura Judaica; Dimitria Boukouvalas, do Centro de Cultura Helênica de São Paulo; Eva Trigo, do Centro Cultural da Espanha; Gabriel Coutinho Barbosa, pesquisador do Núcleo de História Indígena da USP; José Quirino dos Santos, professor de antropologia da USP; Meepa Ravindra, professora de língua indiana; Michiko Okano, professora de cultura japonesa; Vera Gers Dimitrov, diretora da Associação Cultura Russa Grupo Volga; os livros "A Origem de Datas e Festas" e "Guia dos Curiosos" (ambos da ed. Panda Books), de Marcelo Duarte; "A Maravilhosa História dos Presentes de Natal" (ed. Edicon), de Hernâni Donato.


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